A Rua dos Corações Solitários, Baji Keisuke

15,

Takashi levou Samantha para todas as salas que frequentaria nos próximos meses, também a ajudando com os colegas de classe que começaram o semestre. Ele parecia tão animado quanto ela enquanto caminhava para lá e pra cá antes de iniciar as aulas.

— Pronto, depois a gente se fala — disse alegremente ao deixá-la na porta de sua sala, dando um beijo em sua testa e saindo para a própria aula, afinal, ele continuava sendo representante.

Entrou no local, vendo alguns rostos familiares apenas de vista e uma garota que parecia ter a mesma idade que ela, que ele havia lhe apresentado logo que chegaram. A garota acenou para ela sentar com eles, e assim fez.

— Oi... — disse nervosa, colocando a mochila de lado e cumprimentando os dois

— Oi, Samantha né? — ela assentiu — Sou Senju, Akashi Senju — disse sorrindo — Takashi me falou de você, muitas vezes — olhou para cima — tipo, muitas mesmo, você parece ser legal, Samantha — colocou as mãos no moletom e sorriu para a garota

— Você... Você também, Senju — sorriu gentilmente, virando o rosto para a professora que acabará de chegar, sua primeira aula seria os Fundamentos do Design, e ela parecia tão animada que nem percebeu os horários passando, conversava bastante com Senju durante aqueles momentos, ela era divertida.

As duas passaram as três primeiras aulas juntas, até os vinte minutos de intervalo. Senju sempre perguntava se ela estava gostando, e Samantha acabava perguntando o mesmo, já que elas iniciaram juntas.

— É que Takashi me disse que você mudou de curso, não é? Espero que se adapte mais aqui! — disse enquanto caminhavam pelo corredor

— Já me adaptei bem melhor, o design sempre foi o que eu realmente...

— Samantha? — seu corpo todo arrepiou ao ouvir a voz atrás de si, sentiu um pouco do ar ir embora e o sorriso desmoronando aos poucos, o que deixou Senju um pouco confusa antes delas se virarem — Voltou? — Nanaki estava encostado em uma porta

— Não tá me vendo? — respondeu, desviando o olhar e segurando o braço de Senju para que continuassem a andar

— Nossa, que mal educada — ele riu — não teve educação, não? Sua avó ficaria decepcionada, ainda bem que já está morta — ele andou atrás dela enquanto dizia, e então Samantha parou. Senju estava assustada, ainda mais pela última frase que ouviu

— Que merda, sai daqui babaca — Senju se adiantou

— Mais uma pessoa pra te defender? Eu já sabia que você é incapaz de fazer qualquer coisa sozinha mas... — não conseguiu terminar a frase antes de sentir o tapa forte em seu rosto, fazendo-o parar por alguns segundos

— Me deixa em paz, porra — os olhos lacrimejados e a voz angustiada foram as últimas coisas que ele presenciou antes de Samantha se afastar rapidamente e entrar em um banheiro do corredor.

Ela correu para uma das cabines e se trancou lá, tentando acalmar a própria respiração enquanto tampava os ouvidos e fechava os olhos com força. Não era pra ser assim, não era, por que ele ainda está ali? Ela pensava que tinha acabado com tudo, se culpada de novo. Queria pedir desculpas a Senju, mas não conseguia falar nada além de breves palavrões na sua lingua natal.

A nova amiga estava na frente da porta, calada e um pouco triste, tinha uma das mãos estendida no local e a cabeça abaixada, fazendo um som alto de respiração para tentar fazer Samantha lhe acompanhar, parecia saber bem o que estava acontecendo. Samantha ouviu Senju puxar e soltar o ar lentamente, e inconscientemente acabou por começar a fazer o mesmo, deixando o banheiro apenas com o som das duas respirações, sentindo a mente clarear e conseguindo olhar para cima, onde poderia observar a luz.