Capítulo 2

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A chuva ainda despencava do lado de fora, do lado de dentro havia somente uma vela acesa no cômodo no qual Aoi colocara o rapaz deitado no futon que encontrara em bom estado semanas atrás. Havia uma coberta fina que cobria o corpo nu dele, ainda sentia as bochechas arderem levemente por ter visto o corpo dele sem a permissão do mesmo. Já vira outras pessoas nuas, mas nunca chegara a corar daquela forma.

Com ervas ela fez um chá que iria neutralizar o veneno e impedir o mesmo de mata-lo. Suas roupas precisavam de remendo e Aoi decidiu cuidar daquilo, mas em outro cômodo, não queria estar ali quando ele acordasse. Seria bom que ele lidasse com a confusão primeiro e depois ela se apresentasse. Era o padrão que ela seguia quando salvava as pessoas.

E como esperado, o rapaz acordou logo após um ressoar de um trovão que fez as janelas quebrados tremer. Ele fitou o teto lascado e cheio de farpas primeiro, tentando se concentrar em algo e nas lembranças de antes de apagar completamente. Ele não conhecia aquela casa, não estava na Mansão Borboleta ou qualquer outro lugar conhecido ou amistoso. Havia uma vela ao lado de seu futon e a coberta fina mal cobria seu corpo.

E foi então que ele notou estar pelado. Tentou sentar-se para verificar o que mais estava faltando, mas ele não conseguiu, seu corpo parecia pesar uma tonelada e seus braços e pernas não pareciam corresponder ainda.

- Não tente se mexer bruscamente ainda – uma voz feminina soou vindo do corredor, ele se recordava da voz, e se recordava da aparência dela também, o que o fez procurar por sua katana, mas ela estava sumida também – Suas roupas estavam rasgadas, estou costurando para que fiquem melhores e escondi sua katana para minha proteção. Ao menos até se recuperar – contou.

- Sem minha katana não posso lhe machucar, então por que se esconde? – questionou ele.

Aoi respirou fundo e adentrou o pequeno cômodo, a feição dele se tornou ainda mais séria ao vê-la.

- Uma oni – respondeu ele somente – Achei que estava vendo coisas quando você apareceu na floresta, mas eu ainda estava enxergando corretamente – comentou.

- Aoi, é o meu nome – respondeu.

- Não tenho interesse em saber seu nome – a cortou, normalmente ele não era rude daquele jeito, mas ele estava diante de uma oni, de um inimigo e sem sua katana e sem suas roupas. Não era a melhor das situações – Quero minhas coisas de volta. Agradeço por cuidar de mim, mas isso não muda o fato de que somos inimigos – a mirou com aqueles olhos ardentes e cheios de vida.

- Lamento, mas não lhe devolverei. Não até que melhore e possa sair daqui andando por conta própria – falou – Mal consegue se sentar. E a katana está escondida para que não me mate. Garanto que não lhe farei nenhum mal – afirmou.

- Palavras de oni não são confiáveis. Quando menos esperar pulará no meu pescoço e irá me matar – disse ele.

- Se eu quisesse te matar, o teria deixado na floresta para morrer – falou em mesmo tom que o dele – Afirmo novamente que não farei mal algum a você. Agora se me der licença, vou terminar o jantar – e saiu em seguida, deixando um Demon Slayer frustrado pela situação em que se encontrava.

***

Aoi não tinha conseguido encontrar um coelho como havia planejado então teve que optar por roubar uma galinha da casa de um homem que morava na cidade a poucos quilômetros dali. O sangue da mesma fora o suficiente para ela se alimentar e então ela a depenou e cortou a carne para fazer o jantar do Demon Slayer.

Levou algumas horas para tudo fica pronto. Aoi preparou um ensopado com a carne da galinha para fortificar o corpo dele e se recuperar logo, pois quanto mais rápido ele fosse embora, mais rápido ela seguia com a vida e talvez até fosse embora daquela casa. Ela tinha medo de que ele fosse trazer outros Demon Slayers para matá-la ou faze-la prisioneira. Então seria melhor partir e encontrar uma casa nova para morar ou algum esconderijo.

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