Capítulo 7

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A viajem de trem durou o dia todo. Rengoku dormiu grande parte da viagem, apesar de ansioso por rever Aoi, ele ainda carregava as noites não dormidas para que pudessem pegar aqueles onis. O descanso foi mais do que merecido. O anoitecer já começava a tomar forma no céu o tingindo de um tom escuro, mas a estação estava tão cheia quanto a da outra cidade. Rengoku desceu do trem e encontrou o condutor conversando com um empregado daquela estação.

Ao vê-lo, ele ficou surpreso, mas parecia... já esperar pela presença dele.

- Oh, você é um daqueles caçadores de onis, não é? – falou o homem se aproximando – Veio procurar os rastros da oni da floresta? – indagou e o rapaz ficou confuso.

- Oni da floresta? Não sabia que estava havendo ataques aqui, não fui informado – falou Rengoku cruzando os braços.

- Se houve ou não, ninguém sabe – disse ele coçando a nuca – Apenas sabemos que há uma oni que vive na floresta e ela tem fingido ajudar pessoas feridas para na verdade devora-las – contou e todo o corpo de Rengoku entrou em alerta.

Seus pensamentos foram logo para Aoi. Mas havia uma pequena confusão na informação, Aoi não devora humanos, apenas os ajuda. Ou ela mentiu para ele? Uma raiva contida se apossou do Pilar das Chamas, ele detestava mentiras principalmente quando vinha de alguém em quem ele confiava muito. Ele passou dois meses com Aoi, sendo cuidado por ela e ele viu a oni ajudar um garoto com a perna amputada e um homem que se feriu concertando o telhado da casa dele.

Viu ela caçar animais para comer, viu ela forçar a si mesma a comer comida humana mesmo que para ela tivesse gosto ruim. Ela compartilhou coisas com ele assim como ele o fez, ambos se abriram um para o outro e agora... o coração dele batia tão acelerado com medo de ter sido ingênuo e enganado.

- O que mais sabe dessa oni? – questionou e em seu tom havia certa irritação, apesar dele possuir um sorriso amistoso nos lábios.

- É só o que sei – falou o funcionário – Um grupo de caçadores foram para a vila, mas os moradores disseram não saber de nada. Ou estavam sendo ameaçados pela oni caso contassem algo, mas o fato é que ela fugiu. Mas ainda acham que ela está na floresta – emendou.

Rengoku assentiu.

- Irei agora mesmo para a vila, vou procurar saber sobre essa oni – alegou – Eu tinha vindo para visitar uma amiga, mas ficará para outra hora – mentiu ao passar por eles.

O condutor e o funcionário não disseram mais nada, apenas desejaram boa sorte. Rengoku seguiu caminhando mais sério do que jamais esteve, pegou carona com um homem que possuía uma carroça e que seguiria para a vila em questão. E no caminho ele foi fazendo perguntas ao homem.

***

Levou apenas algumas horas para chegarem a vila, Rengoku desceu em uma rua qualquer que estava bem movimentada, luzes por toda a parte e pessoas circulando para apreciar a noite agradável. Não conseguira muitas informações com o homem que "dirigia" a carroça, até sentiu que ele evitava falar sobre o assunto e o incentivava a não acreditar nessas histórias de onis.

Pela cidade o Pilar das Chamas andava procurando um lugar para comer primeiro e depois ele iria atrás de pistas da Aoi, isso se a oni de que falavam era mesmo a Aoi. Mas no caminho, ele avistou uma idosa com dificuldades em manter suas verduras na sacola de palha, então rapidamente ele foi ajuda-la, porém, se surpreendeu ao reconhecer a idosa. Assim como ela o reconheceu.

- Ah, meu jovem, você voltou – sorriu ela – E está bem, pelo que vejo – comentou.

Ele assentiu sorrindo mais cordialmente.

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