Capítulo 3

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Um barulho de louça caindo fez Rengoku despertar rapidamente, de repente a claridade que vinha de algum ponto da casa havia sumido e velas estavam acesas em seu quarto assim como em outros pontos da casa. Ele realmente devia estar cansado para dormir o dia todo ou fora o tédio que lhe consumiu ao ponto de lhe fazer apagar. E quando menos esperou, Aoi apareceu com outra bandeja de comida e mais daquele chá com ervas, ela ainda possuía uma expressão apreensiva e temerosa.

E ele, ainda a olhava com desconfiança e questionamentos.

Calmamente ela depositou a bandeja ao lado dele e Rengoku logo se sentou sem a ajuda dela. O dorso ainda desnudo e a fazendo corar, mas agradeceu por ele não comentar nada ou fingir não notar suas maçãs do rosto corada.

- Está se recuperando rápido, se já consegue se sentar sozinho – comentou, detestando aquele clima estranho e hostil entre eles.

Rengoku não havia notado antes, mas ela possuía a voz suave e calma como uma canção de ninar e nada nela era ameaçador. Os olhos eram de uma cor intensa de vermelho, mas não eram sanguinários como a maioria dos onis, sua pele era mais pálida que o normal, os cabelos longos e brancos como a luz da lua. Suas unhas eram grandes e afiadas, mas mesmo assim ela parecia apenas um ser que vivia fora da realidade humana. Um ser que apenas vivia em lendas. E não que causava terror por aí.

Calmamente ele comeu, sem responder nada. Sentia fome com frequência, mas então, pela primeira vez ele falou com ela com naturalidade.

- Você roubou isso aqui? – indagou, mas não foi em tom acusatório, pois ele já sabia a resposta.

Ela era uma oni e se alimentava de sangue, ela não tinha motivos para ter comida humana naquela casa, então a única resposta era que ela havia roubado a comida. E pela feição da mesma, ele teve a confirmação. O senso de justiça dele quase o fez cuspir a comida, porque jamais aceitaria algo roubado, mas também sabia que ela não tinha dinheiro para comprar nada então a sua única solução seria aquela.

- E-Eu costurei sua roupa – comentou depois de alguns segundos em silêncio – Acho que vai ficar mais confortável estando vestido – dito isso ela se levantou e saiu do cômodo, o deixando sozinho.

Ela retornou logo após ele terminar de comer. Os remendos da roupa estavam impecáveis, mas ainda dava para ver a linha nas partes onde fora atingido. Mas aquilo não era problema, ele poderia mandar fazer um uniforme novo quando fosse embora. Quando Aoi foi recolher a bandeja ela notou que ele não havia bebido todo o chá.

- Me dá sono – respondeu ele somente.

- Lamento por isso, culpa minha. Tive que aumentar a dose das ervas para que melhorasse mais rápido – contou ela – Creio que queira ir embora tanto quanto eu quero que vá – completou e ele a encarou assentindo – Deixarei o chá aqui para beber quando quiser. Imagino, que consiga se vestir sozinho certo? – Rengoku assentiu e ela fez o mesmo e saiu do quarto.

Rengoku se vestiu calmamente.

Enquanto Aoi levava a bandeja para a cozinha para lavar a louça trincada. Mas achou melhor deixar aquilo para depois, teria tempo para se ocupar. A noite estava bela com a lua brilhando intensamente e ela adorava apreciar a lua, mas achou que mais alguém gostaria de ver o lado de fora. Ele passou literalmente dois dias deitado e apenas dormindo, seria bom respirar ar fresco.

Ela retornou ao quarto e Rengoku já estava vestido. Usava a calça negra e as meias, os sapatos típicos japonês ao lado do futon e usava somente a camiseta branca, o casaco preto estava ao lado do futon também. Ele prendia o cabelo naquele momento e seus movimentos pararam ao avistá-la.

As palavras engasgaram na boca de Aoi, que fitou o loiro e corou fortemente.

- Quer ir um pouco lá para fora? O ar fresco vai lhe fazer bem – comentou ela, timidamente.

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