Capítulo 6

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A vida seguiu tanto para Aoi quanto para Rengoku.

A semana tirada para descansar foi bem-vinda, mas somente no primeiro dia. A mente do Pilar das Chamas vagava constantemente para longe, caindo sempre naquela pequena casa na floresta. Ele tentou se ocupar com outras coisas e o treino foi a melhor delas, além de ajudar Senjuro a melhorar suas técnicas também. E quando menos percebeu já estava voltando a fazer suas missões e retornar com sua rotina diária.

Para Aoi foi mais complicado, levou um pouco mais de tempo para se acostumar com a ausência de Rengoku. A idosa que levara a família até ela passou a visita-la constantemente, e depois, com a ajuda dela, Aoi foi recebendo mais "clientes" da cidade próxima a que vivia. Os poderes dela atraiam atenção, mas apesar de temerem a oni, eles ainda a protegiam e tentavam não espalhar que a cura vinha de uma criatura como ela.

E assim os dias foram passando, cada um mergulhado em um trabalho e com os meses, o episódio apenas virou uma lembrança. Mas que ainda ardia toda vez que ousavam pensar a respeito.

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O sol brilhava radiante do lado de fora da casa, Aoi naquele momento deveria dormir o mais profundo sono, mas não conseguia. Sentia-se agitada demais e aquilo nunca era boa coisa. Sentou-se no futon e mirou o chão de madeira velha, ela sempre teve uma forte intuição, não é a toa que salvara Rengoku daquela vez. Mas agora era diferente, seus instintos, sua intuição gritava com ela e dizia para correr.

E ela sabia o que significava.

- Salvadora!! – ouviu alguém gritar e parecia aflito – Salvadora, depressa! – reconheceu ser a voz de Aiko, a idosa com quem fizera amizade.

Ela se levantou e foi até a sala aberta para o vasto jardim a frente e a floresta logo atrás. Mas não foi muito longe, pois o sol lhe impediria. Aoi nunca gostou daquele apelido e mesmo insistindo para Aiko lhe chamar pelo nome, ela insistia em lhe chamar de salvadora.

- Alguém está ferido, Aiko? – indagou ela e a idosa prontamente negou.

- Você tem que partir – contou e Aoi piscou algumas vezes – Alguém da vila espalhou que há uma oni aqui e caçadores de onis estão vindo. Meu marido está tentando atrasar eles junto de alguns moradores, daremos tempo para você fugir – falou.

- E-Eu não posso fugir. Está de dia, o sol me queimaria antes que pudesse dar um passo para fora desta casa! – falou aflita.

Normalmente quando tinha que ir embora, ela sentia uma sensação suave lhe dando indícios, mas havia vezes em que a sensação era mais forte e ela simplesmente partir sem deixar rastros. Mas era sempre durante a noite, era a primeira vez que teria que partir em plena luz do dia. E o desespero tomou conta dela.

- Não se preocupe, minha querida – falou Aiko tirando da cesta de palha um tecido grande e um chapéu feito de bambu – Espero que isso lhe ajude – alegou.

Aoi fitou o tecido e o chapéu e pensou, logo assentindo. Mas antes, correu até a cozinha e pegou uma faca que ainda estava em bom uso e retornou ao quarto em que ela dormia agora. Com a ponta da faca ela raspou a madeira gasta da parede e escreveu uma frase curta para o caso de um dia, Rengoku viesse atrás dela. E o coração dela se apertou ao pensar que nunca mais o veria. Ela nem ao menos podia dizer para onde iria, pois não tinha ideia de onde seria sua nova casa.

Após terminar, ela foi até o engawa e pegou o tecido o jogando por cima dos ombros e colocou o chapéu de palha.

- Tome cuidado, minha querida – falou Aiko meio chorosa – Espero que um dia possa retornar.

Aoi assentiu, esperava o mesmo e assim partiu deixando a casa, Aiko e as lembranças para trás.

No meio da floresta enquanto corria e seguia pelas trilhas com copas de árvores grandes que faziam sombras, ela sentiu vários cheiros de humanos e aquilo a paralisou. Pensou que eles seguiriam em direção a casa, mas pelo visto eles eram espertos e estavam espalhados pela floresta. E por conhecer bem demais os Demon Slayer, sabia que eles não demorariam para sentir sua presença. Ela teria que achar outra forma de escapar.

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