Capítulo 4

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A família saiu da casa de Aoi com sorrisos nos rostos, a idosa agradeceu novamente pela ajuda ao marido e pela ajuda ao garoto. O mesmo era carregado pelo pai que brincava com ele, a perna havia parado de sangrar e cicatrizado então não haveria mais dor e sangue e ele apenas teria que lidar com a vida nova ao ter somente uma perna. Depois disso a casa estava em um absoluto silêncio.

Rengoku se encontrava em sua cama, deitado e fitando o teto novamente.

Ainda surpreso com o que Aoi era capaz de fazer e com a força que ela tinha para não ceder a sede de sangue. Havia desconfiança por parte dele ainda, mas ela estava balançada diante do que acabara de presenciar. Ao sair dos devaneios, avistou Aoi parada a porta lhe olhando ainda temerosa também.

- Pensei que estivesse dormindo – disse ela, se mantendo na entrada do quarto.

Calmamente e desajeitadamente Rengoku se sentou.

- Não consigo. É a primeira vez que vejo um oni ajudar um humano, estou surpreso demais para conseguir fechar os olhos! – ele falou animado, o seu humor típico retornando – Mas também estou curioso. Por que alguém como você com um poder tão extraordinário assim não está ao lado de...

- Não diga o nome dele! – exclamou ela, abraçando a si mesma – D-Desculpe – sussurrou.

Rengoku ficou sério de novo. Aoi fitava o chão enquanto tentava conter a fúria que sentia ao ouvir o nome daquele homem.

- Tenho poder para curar, mas não tenho poder para lutar. Não tenho tanta força quanto um oni comum. Sou mais forte que um humano naturalmente, mas se eu tiver que lutar contra um oni não terei tanta sorte assim – contou – Aquele homem me acha fraca, então permitiu que eu vivesse como eu quisesse e que ficasse com minha vida medíocre – falou.

Ele não sabia daquelas coisas, todo oni trabalha para Muzan e serve a ele. Seja por adoração, por medo, por capricho ou qualquer outro motivo, mas é leal a ele. E encontrar alguém que não simpatiza com os ideais dele e nem vai contra ele, era novidade. O que ela faz então, se não é aliada dele?

- Então tem ajudado os humanos – proferiu, mais como uma afirmação do que como pergunta.

Aoi assentiu.

- Da maneira como posso e sempre às escondidas – explicou – Nem todos sentem gratidão por minha ajuda. Já ajudei um homem ferido que veio me caçar depois de eu o salvar da morte – contou – Ainda sou uma oni, antes de ser alguém que quer ajudar – alegou.

O Pilar das Chamas queria conforta-la, mas achou melhor ficar em silêncio.

- Descanse – disse ela, dando-lhe as costas – Logo irá amanhecer.

Dito isso, ela saiu e o deixou só novamente.

***

O Sol já brilhava intensamente lá fora. Rengoku acordou mais tarde naquele dia, fora dormir altas horas da madrugada, Aoi provavelmente estava dormindo em algum ponto da casa escondida do Sol. O quarto onde ela curou o garoto possuía uma janela onde provavelmente o Sol adentrava e o tomava por inteiro, seria impossível ela dormir ali. E ele não conhecia os outros cômodos da casa para saber se era seguro para ela.

Rengoku percebeu que o corpo estava melhor, ainda sentia-se estranho, mas parecia ter um pouco mais de controle em seus movimentos. Sentou-se no futon com mais facilidade e como de costume, havia uma bandeja com comida ao lado da sua cama, o cheiro logo lhe atingiu e seu estomago gritou para comer logo. A comida estava um pouco fria, pois Aoi deve ter deixado bem cedo, antes de ela ir dormir, mas ele comeu e agradeceu.

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