O FORASTEIRO

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Na manhã seguinte, Zuko acordou um pouco mais disposto, mas ainda faminto e sedento. Depois de algumas horas cavalgando sem ver uma única pessoa ou construção, ele avistou a fazenda da Família Fa, o que encheu seu coração de esperança (algo que não lhe acontecia fazia tempo).

Ansioso, o príncipe fez seu cavalo galopar velozmente, até chegar ao esperado destino. Quase sem forças, Zuko apeou e bateu palmas, chamando por alguém. Logo Fa Zu foi atender, sendo seguido por Mulan.

Quando abriu os portões, ele olhou o forasteiro de cima a baixo e perguntou com voz calma:

− O que deseja?

− Só quero um pouco de água e comida. − respondeu humildemente.

Fa Zu tornou a examiná-lo friamente, estranhando a enorme cicatriz do lado esquerdo de seu rosto e após pensar um pouco, disse:

− Não posso ajudar. Sinto muito.

Enquanto o pai falava com o rapaz, Mulan observava tudo de cima do muro, já que não tivera permissão para sair. Ela não conseguia tirar os olhos do belo desconhecido, embora mal desse para ver seu rosto, encoberto pelo enorme chapéu que usava.

Desiludido com a recusa de Fa Zu, o príncipe abaixou a cabeça e já se preparava para partir, quando Mulan desceu do muro o mais rápido que pôde e correu até seu pai.

− Espere, papai! − ela gritou.

− Mulan, vá para dentro. − falou calmamente.

− Pai, por que não o ajuda? Temos comida de sobra.

− Já disse pra você entrar.

− Mas, papai!

Fa Li e a Vovó Fa tentaram levar a jovem para dentro, mas ela conseguiu se desvencilhar das duas e continuou a suplicar que o pai estendesse uma mão amiga ao pobre rapaz, que permanecia em pé no mesmo lugar.

De repente, a vista de Zuko escureceu e ele caiu de joelhos no chão, desmaiando aos pés de Mulan e Fa Zu. Aflita, a moça sentou no chão e apoiou a cabeça do forasteiro em seu colo.

Todos ficaram intrigados com o comportamento de Mulan, que acariciava o rosto do jovem, tentando acordá-lo. Fa Zu se sentiu culpado e resolveu dar uma chance a ele.

Alguns minutos depois, Zuko abriu os olhos, para grande alegria de Mulan, que fez um grande esforço para não abraçá-lo.

Fa Zu o ajudou a se levantar e o levou até um banco debaixo de uma bela cerejeira. Em seguida, Fa Li chegou com uma tigela de arroz com peixe e uma pequena jarra de água.

O rapaz agradeceu pela gentileza e devorou a refeição rapidamente. Sentindo-se melhor, Zuko tornou a agradecer por aquele ato de bondade, já se preparando para se levantar e ir embora, quando Fa Zu interveio:

− Espere. Eu peço desculpas por ter te negado ajuda antes.

− Tudo bem. Em tempos de guerra, não dá pra confiar em estranhos.

− Como você se chama?

− Lee.

− De onde você vem?

− De muito longe.

− Estaria interessado em um emprego?

− Como é?

− Estou precisando de alguém para me ajudar a cuidar da fazenda, agora que meu filho foi para a guerra.

Zuko pensou um pouco:

− O que o senhor quer que eu faça exatamente?

− Tudo. Cuidar dos animais, da horta, fazer algum reparo na casa, etc.

O príncipe nunca havia trabalhado em sua vida e já estava prestes a recusar a proposta, mas ao ver o sorrisinho discreto que Mulan estava lançando para ele, mudou de ideia, pois a achou encantadora.

− Eu aceito, mas preciso avisar que não tenho nenhuma experiência nesse tipo de trabalho. − respondeu timidamente.

− Não se preocupe. Você aprende depressa.

Zuko e Fa Zu apertaram as mãos, selando o acordo. Agora, o jovem teria abrigo e proteção, pelo menos até saber que rumo tomaria na vida.

AMOR FLAMEJANTEOnde histórias criam vida. Descubra agora