AMOR FLAMEJANTE

O SOLDADO FERIDO

No dia seguinte, Zuko e Mulan acordaram bem cedo, pois tinham pressa para chegar à Ba Sing Se. Mushu se espreguiçou todo e ficou surpreso ao ver os dois já de pé. Depois do café da manhã, a jornada começou.

Durante todo o caminho, Mushu não parava de falar, o que já estava deixando Zuko irritado, mas como precisava de sua ajuda para encontrar Iroh e também por não querer causar uma má impressão em Mulan, ele fez um enorme esforço para não lhe dar um peteleco ou cuspir fogo.

Foi então que os viajantes chegaram a uma aldeia totalmente queimada e o príncipe suspirou com tristeza e um pouco de vergonha:

‒ Aí está um perfeito retrato da tirania do meu pai...

‒ Não fique assim. Você não tem culpa das maldades dele.

‒ Até porque ele me expulsou de casa...

Mulan se sentiu mal pelo que disse, mas quando ia se desculpar, viu algo que chamou sua atenção: era um soldado ferido, abandonado junto aos escombros de uma casa.

A jovem puxou as rédeas de Khan, fazendo-o parar e desceu depressa.

‒ O que houve? Precisamos seguir viagem. ‒ Zuko reclamou.

Ela não deu atenção ao comentário e se aproximou do jovem desacordado. Ajoelhando-se ao seu lado, ela o olhou com atenção e levou um susto ao ver o rosto dele:

‒ Ping!

‒ É o seu irmão? ‒ Zuko perguntou já ao seu lado.

‒ Sim. ‒ disse Mulan, checando o pulso do rapaz.

‒ Ele está bem?

‒ Está muito ferido, mas sei o que fazer.

Dominando a água de seu cantil, ela formou duas luvas envolvendo suas mãos e as colocou sobre o peito do irmão. Ela teve uma certa dificuldade, pois nunca havia tratado de um ferimento tão grave, mas estava determinada a salvá-lo.

Enquanto Mulan trabalhava, Zuko não pôde deixar de comentar:

‒ Você é cheia de surpresas. Há alguma coisa que não saiba fazer?

‒ Não sei dobrar fogo. ‒ respondeu com um sorrisinho sapeca.

Após alguns minutos de angústia, Ping abriu os olhos e mal conseguiu acreditar ao ver a irmã:

‒ Mulan? É você mesma?

‒ Sim, sou eu.

Totalmente curado, o rapaz se sentou, recebendo um abraço apertado de Mulan. Ele ainda estava meio confuso, mas a moça o acalmou, dizendo que estava indo para Ba Sing Se, o que não diminuiu sua confusão.

Juntamente com Zuko, Mulan ajudou o irmão a se levantar e lhe apresentou ao príncipe. Ao ouvir o nome do mesmo, ele se espantou:

‒ Tem o mesmo nome do filho do Senhor do Fogo?

‒ Eu sou o próprio. ‒ o príncipe respondeu meio encabulado.

Ping ficou assustado, mas Mulan prometeu lhe explicar tudo depois. O rapaz também pareceu atordoado ao ser apresentado a Mushu, mas não tanto quanto ficou ao saber que a irmã estava viajando com o príncipe da Nação do Fogo.

Como não havia um terceiro cavalo, Ping teve que ir na garupa de Mulan. A moça lhe contou toda a história, desde o dia em que Zuko chegou à fazenda. Ele ainda parecia receoso em relação ao príncipe, mas vendo que a irmã o amava, resolveu dar uma chance a ele.

Ao terminar sua história, Mulan perguntou ao irmão:

− E você? O que fazia abandonado naquele lugar? O que houve com o resto do batalhão?

− Nós iríamos retomar aquela aldeia das mãos do exército da Nação do Fogo, mas havia muito mais soldados do que esperávamos e sofremos uma emboscada. Os outros conseguiram se salvar, mas fui ferido em batalha e me deixaram pra trás.

− Que horrível. − disse Mulan. − Mas agora você está seguro conosco.

Ping não respondeu e lançou um olhar sério para Zuko, que permanecia calado. Ele sentia que não seria fácil ganhar a confiança de seu futuro cunhado.