A ESPERADA CONVERSA

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Quando finalmente ficou a sós com Zuko, Iroh o abraçou forte e o jovem tornou a chorar, começando a falar tudo o que estava preso em seu peito:

− Tio, me perdoe por tudo... Eu não devia ter te abandonado... Isso me machucou muito... Eu estou muito arrependido e só quero dizer que amo o senhor... Obrigado por sempre ter cuidado de mim e me dado o amor que meu próprio pai me negou. O senhor é o homem mais sábio e gentil que existe no mundo e me sinto honrado por ser seu sobrinho. Senti muito a sua falta e não houve um só dia que eu não tenha pensado no senhor. Por favor, tio, me perdoe...

− Zuko, é claro que eu te perdoo. Sei que já disse isso antes, mas eu te amo como um filho e nada vai mudar isso. Tive medo de nunca mais te ver e agora me pergunto como conseguiu me encontrar.

− Essa é uma história muito longa.

− Estou ansioso para ouvi-la.

Um pouco mais calmo, Zuko começou a lhe contar tudo pelo que havia passado desde que o deixara para trás. Em seguida, foi a vez de Iroh explicar como chegara à Ba Sing Se.

Depois que o idoso terminou seu relato, o príncipe tomou a palavra:

− Tio, eu estou muito confuso. Há 2 meses, a razão da minha vida era capturar o Avatar e recuperar minha honra, mas agora... Bem... Encontrei algo muito mais valioso.

− Está se referindo a jovem Mulan?

− Estou. Ela me completa...

− Você fez uma excelente escolha. Ela parece ser uma jovem sábia e respeitável.

− Ela é muito mais do que isso. Ela me deu esperança. Não acha estranho que um dominador de fogo tenha se apaixonado por uma dominadora de água?

− Claro que não. Fogo e água são opostos, mas ao mesmo tempo são partes de um mesmo todo. O espírito tranquilo dela e seu espírito impulsivo precisam um do outro para ser completos.

Zuko sorriu e disse:

− Senti falta da sua sabedoria e de seus conselhos e é justamente disso que estou precisando nesse momento.

− O que o perturba, sobrinho?

− Sempre achei que precisava da aprovação de meu pai para ter uma vida cheia de honra e glória, mas agora, não acho que isso seja tão importante. Uma vez, a Mulan me disse que eu posso fazer uma grande diferença no mundo e eu me pergunto como. Qual é o meu verdadeiro destino?

Iroh respirou fundo e respondeu com sua serenidade costumeira:

− Zuko, está na hora de você saber de um grande segredo, que vai ajudá-lo a descobrir a resposta para essa questão.

O rapaz deu total atenção ao tio, que começou a falar:

− Há mais de 100 anos, antes do início dessa guerra, seu bisavô Sozin e o Avatar Roku eram grandes amigos; Mas um dia, quando Sozin lhe falou sobre seus planos de "dividir a grandeza da Nação do Fogo com o resto do mundo", Roku tentou impedi-lo, mas ele não lhe deu ouvidos e assim, ambos brigaram e passaram anos sem se falar. Mais de 20 anos depois, eles se reencontraram, mas a relação entre eles ainda estava estremecida. Quando Roku tentou aplacar um vulcão em erupção em sua ilha, Sozin apareceu para ajudá-lo, mas no momento em que o Avatar mais precisava, ele o traiu, deixando-o morrer sob a lava fervente. Sem a interferência de Roku, o Senhor do Fogo pôde seguir com seus planos, iniciando a guerra que perdura até hoje.

‒ Mas o que essa história tem a ver comigo?

‒ O Avatar Roku era o seu bisavô por parte de mãe.

Zuko ficou sem fala por alguns segundos e em seguida, perguntou com voz sumida:

‒ Eu sou bisneto do Avatar Roku? ... Por que não me contou antes?

‒ Porque você ainda não estava preparado para ouvir isso.

Transtornado, o rapaz afastou a franja dos olhos e quis saber:

‒ O que o senhor está tentando me dizer com tudo isso?

‒ Seu ancestral iniciou essa guerra e só você pode terminá-la.

‒ Mas como? Isso não é tarefa do Avatar?

‒ Exato. Você tem que procurar o Avatar Aang e lhe ensinar a dominação de fogo, para que ele derrote Ozai e restaure a paz no mundo.

‒ Eu? Mas como? Eu mal aprendi o básico! Além disso, o Aang e os amigos dele me odeiam por todas as maldades que fiz contra eles. Como posso encará-los agora?

‒ Os erros que você cometeu no passado já não importam, mas sim, o que fizer para corrigi-los. Confie em si mesmo, sobrinho.

‒ Não sei se consigo fazer isso...

O príncipe estava aflito e ainda tentava assimilar todas aquelas informações, até que Iroh foi sentar ao seu lado e pôs a mão em seu ombro, falando com brandura:

‒ Já sabe qual o seu destino. Agora, cabe a você decidir se vai segui-lo e se tornar o homem que sempre quis ser ou se vai continuar servindo de capacho para um tirano que desprezou o próprio filho.

Zuko ficou com os olhos marejados e deitou a cabeça no ombro do tio, murmurando com tristeza:

‒ Queria que o senhor fosse meu pai e não aquele monstro do Ozai...

‒ Eu sei, meu menino. O mundo nem sempre é justo...

Penalizado, Iroh ficou afagando a cabeça do rapaz, tentando acalmá-lo.

AMOR FLAMEJANTEOnde histórias criam vida. Descubra agora