Kevin estava a exatos quarenta e cinco minutos parado em frente a um enorme prédio com um letreiro que não o deixava esquecer onde ele estava e o motivo pelo qual estava naquele lugar, o carro de Henry já estava desligado mas ele não conseguiu tomar coragem para abrir a porta e encarar a verdade. Ele se sentia um tremendo covarde.
No tempo que passou dentro do carro o garoto viu de tudo, pessoas chorando, outras sorrindo enquanto se abraçavam, outros sozinhos carregando mochilas e alguns iguais a ele, lutando consigo mesmo para decidir o que fazer, todos ali tinham um motivo mas Kevin simplesmente não conseguia se mover, ficar dentro do carro era mais confortável.
Batidas intensas na janela o assustaram de repente, lentamente o moreno abriu o vidro encarando o rosto sério e desconfiado de um segurança que provavelmente tinha cinco vezes o seu tamanho, e olha que Kevin não era nem um pouco pequeno.
— Boa tarde, habilitação por favor — O segurança pediu e Kevin puxou sua carteira com todos os documentos. — Algumas pessoas reclamaram de um homem dentro do carro a quase uma hora, ficaram preocupadas, posso saber o que o senhor faz aqui?
— Vim visitar uma pessoa.
— O horário de visitas já começou.
Eu sei só estou tomando coragem porque sou um bundão.
— Sei disso Senhor.
O homem parecia estar beirando os quarenta anos, uma barba rala o deixava sério e testa enrugada entregava que ele não sorria muito, ele devolveu os documentos a Kevin e encarou a porta de entrada por onde uma família saía em comemoração, ao respirar um pouco voltou seu olhar para Kevin e sorriu tristemente.
— Olha garoto, seja lá quem você veio visitar sugiro que não desista, pessoas nesse estado precisam de apoio mesmo negando isso, talvez se não entrar se arrependa no futuro, boa sorte.
Enquanto o segurança se afastava Kevin balançava a perna freneticamente e encarava a entrada novamente, a fala do homem já era uma coisa que ele já sabia mas porra, como era difícil abandonar esse medo estúpido que estava alojado em seu peito. Mas ela precisava dele, mesmo agindo da forma que agia a quase sete quatro anos Kevin sabia que ela precisava do apoio dele. Tomando coragem, finalmente o garoto saiu do carro e caminhou até a entrada do lugar, seu corpo todo tremia mas ele não demonstrava, só seu rosto sério e seus olhos extremamente claros brilhavam procurando a recepção.
— Boa tarde, bem-vindo ao Centro de Reabilitação Rusk, como posso lhe ajudar?
— Eu sou Kevin, Ratford, estou procurando uma pessoa — O garoto disse se apoiando em um balcão alto e encarando o rosto de uma mulher negra de cabelos curtos e um sorriso educado.
— Por favor me diga o nome do paciente e o grau de parentesco.
— Jordyn Ratford, ela é minha mãe.
Após alguns segundos, que para Kevin pareciam longas horas, a mulher terminou de digitar e lhe entregou um crachá com o nome visitante e o instruiu a virar alguns corredores até chegar em um enorme refeitório. O lugar todo era bonito, as paredes claras e a limpeza impecável agradava os olhos de quem passava e trazia uma sensação de segurança, muito diferente do que Jordyn passava para o garoto.
O refeitório estava repleto de mesas com famílias conversando enquanto comiam, uma enorme porta de vidro mostrava um jardim lindo com os mais variados tipos de pessoas sorrindo e brincando. Seus olhos correram pelo lugar até pousarem em uma mesa onde um grupo de pessoas faziam um simples jogo de bingo, ela estava ali, sentada com os cabelos presos acima da cabeça enquanto ria com uma mulher ao seu lado, Jordyn parecia diferente. As olheiras habituais tinham sumido, seu sorriso continuava branco como antigamente e seu corpo não estava magro e repleto de machucados, ela parecia... bem.
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Não me deixe ao caos
Romance"Dentre todas a pessoas no mundo, você é a única que eu torço todos os dias para não me odiar nunca mais. Eu preciso de você..." Pessoas quebradas e confusas magoam pessoas quebradas e confusas. Essa é uma frase conhecida e criada por provavelmente...