Capitulo 04

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Sai sentou-se na cama.
Por alguns segundos, ficou olhando para a parede vazia de seu quarto, onde a luz da lua refletia. Era meio da noite. Será que ele tinha ouvido um barulho? Ou era apenas imaginação?
Sai ficou parado por um instante, ouvindo, mas só havia o silêncio. Então, ele se deitou novamente e suspirou.

Não sou mulher de uma noite.

Depois que Ino saiu do terraço na noite anterior, deixando-o sozinho, Sai
entrou em choque. Nenhuma mulher nunca o havia recusado antes.

Você nunca irá me possuir, Sai.

Por que ele estava falhando? O que tinha feito de errado? Estivera tão perto de tomá-la nos braços e beijá-la. Sai pensou que tinha lido os sinais corporais de Ino.
Achou ter visto o ímpeto de desejo na pele dela e seus olhos brilharem à luz do luar.
Até as palavras dela confirmaram o que ele já observara na linguagem corporal da mulher: ela o considerava charmoso, sexy e poderoso. Logo, estaria nas mãos dele, mas então Ino fugiu, correndo em seus saltos altos.
Sentindo-se preso, Sai tentou esticar os lençóis que estavam enrolados nos seus
pés. Ele normalmente levantava cedo e vivia de acordo com o ritmo do nascer e do pôr do sol. Só abria exceções quando passava a maior parte da noite fazendo amor. Mas não tinha sido o caso. Nunca.
Irritado, pelo fato de as palavras dela o terem perturbado, Sai ajeitou seu
travesseiro, virou de lado e tentou arrumar uma posição confortável. Depois daquela rejeição indelicada, ele foi cedo para cama, mas levou muito tempo para cair no sono.
Agora... Olhou no relógio e viu que eram duas horas da manhã. E sua mente estava massacrada pela forma com que ela, impunemente, esmagou-lhe o orgulho.
Ino tinha conseguido até se infiltrar em seus sonhos. Ele acordou imaginando
tê-la ouvido gritar. Claramente, era apenas o seu orgulho ferido que estava sofrendo pela refeição.
Então, ele ouviu novamente.
Ino estava gritando.
Ele pulou da cama e correu descalço pelo corredor apenas vestindo uma cueca boxer.
Um temor atingiu-lhe o coração quando ele empurrou a porta e entrou no quarto escuro.
Então, viu que Ino estava dormindo, porém sentiu que a mulher estava torta
na cama e com o corpo tenso. Na sombria escuridão do quarto, ela dera um grito repentino de partir o coração.

— Ino — ele disse. Sai sentou-se na beirada da cama e a segurou-a pelos
ombros. — Ino! Acorde!

De sobressalto, ela abriu os olhos, apavorada. Então o viu e começou a chorar. Não eram lágrimas silenciosas, mas um choro de soluçar.
Sai sentiu um nó na garganta e a puxou para seus braços.

— Shhh — ele sussurrou, alisando o cabelo dela, confortando-a como uma criança. — Você teve um pesadelo, mas está segura. Está segura agora.

Ele repetiu essas palavras muitas vezes e Ink segurou nele como se fosse um
salva-vidas que pudesse impedi-la de se afogar em um oceano frio. Ela o segurava com força, chorando nos ombros desnudos do homem.
Enquanto Sai a envolvia, olhou para ela na penumbra, mas não conseguia ver
claramente o rosto da mulher, já que estava pressionado no peito dele.

— Com o que você sonhou? — ele perguntou baixinho. — O que aconteceu?

Ela o segurou ainda com mais firmeza, pressionando os dedos nas costas dele.
Quando ela se pronunciou, sua voz estava abafada.

— Não quero falar sobre isso.

Procurando confortá-la, ele acendeu a luz do abajur, mas ela rapidamente deu um pulo e apagou.

— Sem luzes — ela disse engasgada.
— Sem luzes? — Sai franziu a testa. — Eu só queria amenizar os seus temores. O que quer que a tenha aterrorizado nesta noite, querida, não pode atingir você agora. Não enquanto eu estiver aqui.

Ele a sentiu tremer.

— Obrigada — ela disse de forma quase inaudível.

Ele a segurou por muito tempo, até que ela gradualmente relaxou nos braços dele. A respiração de Ino ficou novamente regular, mas ela ainda o segurava com firmeza, como uma criança desesperada.
Ele mal conseguia acreditar que ela era a mesma mulher que friamente o havia
dispensado algumas horas antes. Onde estavam todas aquelas defesas das quais Ino se vangloriava? Onde estava a armadura dela?
Ele sentiu o cheiro do cabelo dela, e Ino sentiu-se ainda melhor: suave, feminina e aquecida. Ela estava usando apenas um pijama fino de botões, ele deu um
gemido quando ela esfregou as pernas nuas contra as dele; na verdade, usava apenas a parte de cima do pijama.
Estavam ambos seminus. Segurando um no outro na cama, no escuro.
O corpo dele ardeu de desejo.

Amor EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora