Capitulo 03

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Ino não queria ter apertado à mão de Sai. Mas ele ficou ali com o braço
esticado e não lhe deixou escolha.
Tocar a mão de Sai foi como encostar no fogo.
Ino quase suspirou quando sentiu a palma da mão do homem quente e áspera roçando na dela. A eletricidade subiu-lhe pelo braço e dominou-lhe o corpo. A tensão a atingiu como um raio de tempestade.
Apenas por um toque de mão.
Mesmo com a experiência limitada de Ino, ela nunca tinha sentido nada parecido antes.

— Você ganhou — ela disse com a voz rouca. — Vá pegar meu equipamento
enquanto eu desfaço as malas.

Ela ouviu algo vindo dele que soou como um ronronar de satisfação, mas estava com medo de olhá-lo no rosto, com medo do que ele pudesse ler nos olhos dela.

Confusão. Medo. Desejo.

— Dê-me as chaves da sua caminhonete.
— Está destrancada — ela murmurou, ainda sem olhar para ele.
— Vou estacionar o veículo quando terminar de descarregar, a menos que você desconfie que eu vá amassar seu carro no percurso até a garagem.

Ela entregou-lhe as chaves com um mero olhar de canto de olho. Mas, apesar de seus esforços para não encará-lo, não conseguiu resistir. Os olhos deles se fixaram e ela segurou
a respiração, sem conseguir desviar o olhar.
Ele era lindo, selvagem e masculino.
Homens já tinham flertado com ela antes, mas a haviam deixado completamente indiferente.
Sai a fez tremer por dentro.

Ele não me quer, ela disse a si mesma desesperadamente. Eu não sou o tipo dele.

Mas o olhar do homem era tão intenso. Quase... Faminto. Ela observou a linda face de Sai. Ele era parecido com a casa dele, ela pensou de repente. Tão distante da vida moderna como seu vasto e remoto rancho. Como um medieval Caballero espanhol.
Uma brisa quente soprou pela janela aberta, fazendo com que os fios do seu cabelo se espalhassem pelas suas bochechas.

— Bien — ele suspirou finalmente. — Eu já vou. Estou feliz por você estar aqui, Ino.

Quando ele saiu, era como se tivesse levado a luz do sol, deixando-a na escuridão e no frio.
Quando ficou sozinha, Ino se jogou na cama. Seus joelhos bambearam e ela
teve que se sentar.
Como ela iria passar essa semana?
Toda vez que Sai olhava para ela, Ino sentia-se fraca. Apenas o fato de
tocar-lhe a pele fez com que ela se arrepiasse toda.
Todas as mulheres se sentiam dessa forma? Não era de se estranhar que ela tivesse sido avisada. Mas todos os avisos não foram suficientes. Ela ainda ardia por dentro.
Ino cobriu o rosto com as mãos. Ela precisava se acalmar. Em todos os lugares para onde viajava, do Chile a Chelsea, homens de todas as idades e níveis sociais pensavam que o fato de ela ser solteira e estar aparentemente livre lhes davam o direito de
fazer piadinhas com ela. Um fazendeiro na África do Sul tentou uma vez,
incansavelmente, levá-la para cama, mas todas às vezes ela recusou seus cortejos. Ela riu quando um homem de meia-idade, acima do peso, fez um beicinho como uma criança ao
perceber que ela não aceitaria sua oferta. Para aliviar os sentimentos feridos dele, Ino comprou-lhe uma garrafa de uísque no bar do hotel em que ela estava hospedada, antes de dispensá-lo.
O fazendeiro sul-africano não era um mau sujeito, pelo menos havia deixado bem claro suas intenções. Ela preferia essa atitude direta em vez de coisas dissimuladas que magnatas ricos tinham tentado, como um americano bilionário que contatou uma sessão
de fotos falsas na sua ilha particular no Caribe. Ou quando um duque casado a convidou para uma festa nas Highlands e, quando ela chegou ao castelo dele, descobriu que a festa era só para dois. Todos eles claramente achavam que Ino, com seu status independente, era sexo fácil.
Claro que as mentiras nojentas de Shikamaru sobre ela, muitos anos atrás, foram provavelmente a maior razão para isso.
Talvez tivesse sido melhor que ela nunca houvesse ido para Londres estudar fotografia. Depois da morte do pai, ela enterrou a si mesma na mansão dos Yamanaka por anos, escondendo-se como um fantasma até os 22 anos. Se ela tivesse ficado lá, não teria
que lutar tanto no mundo exterior.
Mas, na verdade, não acreditava nisso, pensou ao olhar para a câmera no seu colo.
Fotografar, fossem foliões estridentes após um jogo de futebol em Londres ou
caçadores perseguindo uma rena na África, a fazia se sentir viva. Trabalhar levava paz a ela.
Ino não queria desistir disso, nem iria, mesmo com todo o assédio dos
homens.

Amor EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora