Prologo - I

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Ao som de uma música eletrônica aleatória, vinda da playlist que Emma havia me mandando a algumas semanas, terminava mais um de meus trabalhos de química, na qual eu não estava com vontade de fazer. Mas queria terminá-lo antes que minha mãe voltasse para casa.

Soltei o lápis sobre o coxão, retirando meus fones de ouvido e consequentemente, parando a música. Solto meu e cabelos do coque decido tomar um banho. Terminaria meu trabalho depois, agora eu precisava mesmo de um banho.

Caminhei pelo quarto, retirando minhas roupas pelo caminho. A janela do quarto estava com as cortinas fechadas, cortinas vermelhas cor vinho. Era uma janela enorme. Do teto até o chão, dava de frente para a casa do outro lado da rua. Nunca cheguei a me importar com aquela casa.

Sabia que nela morava uma família com duas mães e um garoto. As mães eu conhecia, vieram algumas vezes até minha casa para pedir por açúcar ou bater um papo com a Dona Mebuki. As cumprimentava e ia embora. Já o garoto, só o via de relance pela madrugada, que era quando saia para fazer sabe-se lá o que madrugada a adentro.

Ele não estudava na minha escola. Mebuki era exagerada e me colocou em uma escola avançada. Tinha poucos amigos naquele lugar. Ino e Karin eram as únicas pessoas nas quais eu realmente confiava naquele inferno. Emma, Yuzuha, Hina eram de uma escola pública na qual ficava duas quadras da minha, e eu sabia – não pergunte como – que o garoto estudava por lá. Saía com as meninas às vezes para tomar café em uma cafeteira perto do litoral. Eram boas amigas.

Enquanto a água do chuveiro caia pelo meu corpo, meus músculos se relaxaram e minha mente se tranquilizou. Momentos onde a água corre meu corpo e minha mente entra em branco, são muito preciosos para mim. E um momento de liberdade. Sinto meu corpo nas nuvens e a liberdade correr em minhas veias.

Por mais que nunca ache que este sentimento é verdadeiro.

O sentimento de liberdade é aquele que eu mais anseio.

Desliguei o chuveiro, me enrolei na toalha e peguei outra na gaveta da pia, para enrolar meus cabelos molhados.

Abri e fechei as gavetas da pia, a procura de uma escova de cabelo, e quando finalmente achei bati meu dedo mindinho no pé do armário da pia. Quis chorar. Mas me mantive firme e apenas soltei um palavrão baixo.

Pelo visto minha tarde não terminaria tão bem quando começou.

Voltei para minha cama, deixando a escova no coxão. Percebi que meu quarto ficava muito escuro nesta hora do dia. Então antes de vestir uma roupa, decidi abrir um pouco as cortinas.

Corri pelo quarto, abri as enormes cortinas, tendo o prazer de ver o céu da tarde manchado com tons alaranjados, azuis, e vermelhos. O sol se pondo e a lua nascendo, algumas casas tampavam o por do sol, mas não deixavam a paisagem menos bonita, apenas exaltava sua beleza.

Por um momento me perdi naquela imensidão e fiquei olhando para o além.

Até que me senti sendo observada.

Virei a cabeça, o suficiente para saber que minha intuição não estava errada.

Lá estava ele. Talvez tão surpreso quanto eu, porém ainda manteve o contado visual.

Passei vagarosamente os olhos por ele. Era a primeira vez que via sua janela aberta, talvez por isso tenha me surpreendido tanto. Ele estava com o tronco desnudo, retirando a camisa preta. Calças de moletom, cabelos negros, longos e soltos, e olhos encantadores. Quando nossos olhos se encontram, pude jurar que eram como o por do sol de agora, a água caindo em meu corpo. A sensação de liberdade. Um choque passou pelo meu corpo, como uma sensação de adrenalina correndo pelas minhas veias. Olhos cor caramelo, brilhantes e com vida. Eram realmente lindos. Ele também me encarava, e tive a sensação de estar sendo admirada, como uma obra prima.

Meu maldito vizinho; Keisuke Baji (crossover)Onde histórias criam vida. Descubra agora