Se beber, não se declare - XII

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Manjiro Sano

A paixão pode ser engraçada. Pode ser raivosa e dolorosa. Incerta ou muito certeira. Gentil, mas agressiva. Ela pode ferir nosso ego, ou pode exaltar nossa autoestima e generosidade.

Talvez Izana sinta tudo isso, acumulado e descarregado em um grande rio de confusão.

Meu irmão não agiu da melhor maneira quando beijou Karin, igual eu não agi da melhor maneira quando os segui escada acima, e sorrateiramente entrei naquele quarto que em minutos, exalava o cheiro único e majestoso dela.

Eu até entendo o ódio que Izana sentiu naquele momento, minutos antes de atravessar o pequeno corredor e caminhar pela sala e ir de encontro a Karin, conversando com Takashi. Eu também faria a mesma coisa estupida que ele, se a garota que eu gostasse já não estivesse namorando meu melhor amigo.

Quando eu soube da novidade, admito que precisei de longos minutos para raciocinar aquela história maluca. Quando dei por mim, chorava em silencio no canto do quarto, enquanto ouvia os murmurinhos contentes de Sakura e Emma, em sua mais plena felicidade.

O lado ruim de ser nada além de um figurante na história de amor de duas pessoas, é que seu final nunca será verdadeiramente feliz.

Ontem eu ainda tive uma faísca de esperança. Uma força abruta de vontade. Uma tamanha arrogância, ao ponto de lhe dar um presente, pedir para que saísse comigo.

Talvez eu não devesse ter feito aquilo. Aquele misero presente que eu entreguei em suas mãos, como prova de um devoto e profundo amor, que jamais seria regado e cuidado por duas pessoas.

Os brincos de corações, que dei para Sakura enfeitavam sua orelha aquela noite. Eu sei que ela fez isso apenar para me agradar, não por amor. Sei disso quando é o nome de Baji que ela chama, mesmo estando quase completamente desacordada na cama da minha casa.

Ela está tão bela.

Sua respiração calma, seus cabelos jogados, seu rosto sereno. Tudo nela pareia brilhar.

Talvez tenha sido o álcool, talvez seja a frustração, mas meu peito parece bater cem vezes mais, quando me aproximo dela.

- Você e Emma não tem limites. - Caminho até a beira da cama, vislumbrando aquela mulher serena. - Como pode simplesmente apagar assim?

Deixo um sorriso escapar, enquanto me sento no chão, ao lado da cama, sentindo meu corpo tontear e para não acordar a garota.

Meus olhos vagam entre seu rosto e sua boca, enquanto um suspiro pesado escapa de meus próprios lábios, quando ela se movimenta na cama e se vira para o outro lado. Uma angústia instala em meu peito, de tal forma que não consigo sequer respirar com firmeza.

- Você está tão bonita. - Sussurro, encolhendo minhas pernas, e deitando minha cabeça sobre elas. - Por que tinha que ser você?

Ouço vozes no corredor, mas não ligo. Fico em silencio por algum tempo, refletindo se era uma boa ideia ou não estar ali. O álcool não dá vestígios de que sairia de meu corpo agora, apenas parece intensificar minha vontade de jogar tudo no ventilador.

- Se fosse qualquer outra mulher... - Minha voz fica fraca. - Porque a garota do Baji? Mesmo que antes não fosse, mesmo que seja eu quem estivesse te admirando ao longe, muito tempo antes. Por que esse sentimento não sai? Não some? Eu pedi, eu clamei para que qualquer divindade existente tirasse esse sentimento de meu peito. Não por você, não por Baji, mas por mim. É doloso ver vocês dois juntos, ver o que um dia desejei para mim, estando nas mãos do meu melhor amigo. Meu coração dói, minha cabeça fica tonta, meus olhos deixam lagrimas cair. Tudo isso por quê?

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⏰ Última atualização: Jul 08 ⏰

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Meu maldito vizinho; Keisuke Baji (crossover)Onde histórias criam vida. Descubra agora