Foi em meio aquelas flores de cerejeira florando que nos conhecemos. Você estava chorando.
Éramos apenas crianças. Era uma cachoeira de lágrimas escorrendo pelo seu rosto, eu senti pena e fiquei triste só por você estar triste, mesmo sendo apenas...
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𝑺𝒐𝒃𝒓𝒆 𝒐 𝒗𝒂𝒓𝒂𝒍, 𝒂 𝒄𝒆𝒓𝒆𝒋𝒆𝒊𝒓𝒂 𝒑𝒓𝒆𝒑𝒂𝒓𝒂 𝑶 𝒂𝒎𝒂𝒏𝒉𝒆𝒄𝒆𝒓
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9 de agosto, 2002
𝐊𝐚𝐳𝐮𝐭𝐨𝐫𝐚 𝐏.𝐎.𝐕
O sol do meio dia batia na janela das salas da minha escola, isso só me dava mais vontade de dormir. Era aula de matemática. Odeio matemática. Estava com a cabeça sobre os braços cruzados servindo de apoio para ela, tipo um travesseiro. Não um dos mais confortáveis porém dá pro gasto. Meu objetivo era dormir para que assim a aula passasse mais rápido.
- Ei Kazu, acorda. - Ouvi o tom baixo e doce da voz da [Nome] no meu ouvido, virei minha cabeça (com muita dificuldade) para olha-la.
- Nem sequer dormi. - Falei para ela com voz um pouco baixa e em seguida fechei os olhos, na tentativa de tirar um cochilo.
- Kazutora Hanemiya, dormindo durante a aula de novo? - Rapidamente levantei minha cabeça e ajeitei minha coluna assim que ouvi a voz do professor. - Vai levar tarefa extra pra casa por isso. - Coloquei a cabeça sobre a mesa e comecei a bate-la na mesa. Estava indignado demais, já não bastava eu aguentar meu pai brigando com a minha mãe todo santo dia.
- Você vai me ajudar com a tarefa, [Nome]?
- É óbvio que eu vou! Porém será na sua casa! - A última sentença dela fez meu sorriso sumir muito rápido. Eu queria poder dizer não e pedir para fazermos o trabalho na casa dela, mas eu sei que ela é teimosa demais e provavelmente iria ignorar o que eu disser.
- Tudo bem então, não posso fazer nada pra te fazer mudar de ideia, não é? - Ela assentiu com a cabeça, e logo fiz questão de colocar minha cabeça sobre a mesa de novo.
[...]
Ela abriu sua marmita com muita delicadeza, pegou seus hashis e começou a saborear cada pedaço de seu lanche.
- Aqui! Abre a boca! - Ela pediu e assim fiz, abri minha boca ao máximo e logo senti o sabor doce daquele sashimi petit gateu invadir minha boca.
- Isso é maravilhoso! Foi você que fez, [Nome]? - Questionei ela com um brilho nos olhos.
- Não, foi minha mãe, ela tinha feito demais então peguei um pouco para você! - Ela disse, colocando mais um pouco do sashimi na minha frente, fazendo o sinal para eu abrir a boca. Logo, o fiz.
A mãe da [Nome] era uma cozinheira excelente! Cada almoço, jantar e lanche que ela fazia era maravilhoso! Os sabores de sua comida eram extremamentes marcantes, e a mãe da [Nome] tinha um sorriso cativante, assim como a própria [Nome].
- Aí, quase me esqueci, terei que ir pra casa um pouco mais tarde, Kazu - Ela disse. Fiquei um pouco confuso, ela nunca foi de ir pra casa tarde, nunca se atrasava pra nada. Sempre chegava em casa pontualmente, as vezes até mais cedo. Mas foi aí que eu me toquei.
- Vai para o clube de luta, é? - Perguntei, e como resposta recebi um aceno positivo da cabeça dela - Certo... Bem, então irei te esperar!
- Kazu, não preci–
‐ Precisa, por acaso esqueceu que não te abandono por nada? Eu te espero na porta do clube.
Ela fica me olhando durante um tempo e logo o sinal bate, indicando o fim do recreio. Eu pego sua mão e a puxo para a sala de aula rapidamente.
[...]
- E então? Já acabou? - Pergunto pra ela que estava saindo do clube com a mochila nas costas.
- Sim! Podemos ir, agora!
- Ótimo! - Eu dou um sorriso pra ela e seguro a sua mão. - Sério, por que as atividades do seu clube demoram tanto?
- Você realmente acha fácil participar desse clube, não é?
- Pra mim é fácil! Pode ter certeza! - Eu falo confiante para ela.
- Hahaha não. Precisa parar com toda essa confiança, Kazu - Ela fala para mim com um pequeno sorriso no rosto.
Típico dela, ela sempre me achou fraco, não sei o por quê, só seu que ela me acha muito fraco.
[...]
Estava pensativo demais sobre minha vida, era como se não importasse a estação, o universo continuasse insistindo que eu continuasse suportando tudo aquilo. A mudança de estações era pra ser algo legal pra mim.
[Nome] vivia me dizendo o que devo ou não fazer. Queria uma amiga, ganhei uma segunda mãe. Se não bastasse isso, minha mãe continuava trabalhando demais, e dava para ver sua expressão de exaustão no rosto dela. Meu pai? Trabalhando demais também, que se foda o próprio filho. E quando estava em casa era o próprio satanás.
É só eu e meus amigos no meu mundinho "perfeito".
Caminhava até em casa junto com a [Nome], mas ela andava rápido demais.
- Anda, Kazu! - Ela disse pegando na minha mão e me puxando para fazer eu andar mais rápido.
- Se você me esperasse eu poderia ir um pouco mais rápido, [Nome].
- A culpa não é minha por você ser uma lesma. - O rosto da [Nome] ficou sério de repente. Dava para ver que algo estava preocupando ela.
- Ei, o que houve?
- Lembra que você tinha prometido me proteger?
- Lembro...
Foi só eu falar isso que o clima mudou, estávamos esperando os carros passem para que nós pudéssemos passar. [Nome] olhou apenas para a direita e correu para o outro lado.
- Ei! [Nome]! - Chamei-a, mas ela simplesmente parou no meio da pista.
- O que foi!? - Ela disse com um sorriso no rosto.
- Sai daí, sua louca!
Ela simplesmente negou com a cabeça e começou a andar até em casa, sem sair do meio da rua, tive que acompanha-la.
- Kazu! - Desviei meu olhar pra ela, ela continuava com um sorriso no rosto e estava completamente imóvel no meio da pista. - Você prometeu me proteger, não foi!? - Apenas assenti com a cabeça.
- Saiba que não precisa! - Ela disse com seu sorriso meigo, seus olhos estavam brilhando. O vento balançou seu cabelos. Quando percebi, já era tarde, um caminhão tinha atropelado ela.
O odor do sangue chegou até meu nariz, sentia meu rosto se encher de lágrimas, corri até ela e levantei sua cabeça. Suas roupas estavam todas meladas com o seu sangue.
