Harry esquecerá de seu almoço -e consequentemente de sua mesa reservada- mas algo em sua cabeça lhe diz que ficar sentado em uma mesa de um café com pouca gente, com xicaras e pratos vazios a sua frente, é algo que ele não encontraria por um tempo. Também, esquecerá de terminar seu último trabalho para a faculdade, aquele que dirá ou não se está pronto para finalmente trabalhar em algo, por mais que ele já trabalhe em um dos hospitais da cidade.
Desde pequeno, Harry sonha em trabalhar com várias profissões, causando então, um nó imaginário em seu subconsciente. Não é à toa que, ele só decidiu que queria fazer psicologia infantil quando no último ano do ensino médio, seus pais perguntaram qual faculdade ele iria cursar e qual curso iria querer fazer. Por estar sob pressão, respondeu às pressas, mas hoje não se arrepende.
Já Louis nunca se questionou sobre o que ser e o que querer ser. Ele sempre foi muito focado e determinado em algo que ama, fazendo com que, desde pequeno tenha um amor por livros, tintas e flores. Ele sabe que, onde quer que estiver, Antonella terá muito orgulho de seu garoto.
Neste momento eles estão terminando mais uma xícara de café e chá. Não conseguiam perceber o ponteiro do relógio rodando e muito menos a cafeteria esvaziando, não conseguiam perceber pois estavam admirados com a quantidade de coisas ao qual compartilhavam. Era impressionante a maneira como seus olhos passeavam pelo rosto a sua frente, e seria fabulação dizer que não estavam encantados com a quantidade de história –ou detalhes físicos- que as duas pequenas orbes entregavam.
Louis queria –e sentia que desvia gritar aos quatro cantos do mundo o que estava sentindo por encarar aquelas duas orbes verdes, a qual lhe remetia a cor das flores da floricultura de sua avó. E Harry jura que poderia explodir só por sentir aqueles olhos, cor das águas da ilha, encarando e deixando com que, uma pequena parte de seu lábio superior se curvasse o mínimo suficiente para fazer com que, um sorriso lateral surgisse em seus lábios finos , mas levemente rosados.
-Então Louis, me conte um pouco mais sobre você. Gostaria de conhecer o homem que derrubou café e me chamou para sair no mesmo minuto.
Louis sente que lhe deve algo a mais que um café e bolinho, e muito mais que risadas e toques discretos de duas mãos, que, em sua percepção, gostariam de se tocar muito mais que apenas a ponta dos dedos. E talvez seja por esse pensamento que começou a contar sobre sua infância –que teria sido perfeita se não tivesse perdido alguém tão especial- e como é sair da França e vir morar com seus avós na Itália.
Também contou que não fez faculdade, mas que vende uns quadrinhos, e pequenas poesias de sua autoria na praça de Cagliari, e que sempre que pode, ajuda Floren na floricultura, seja entregando pedidos ou atendendo clientes. Harry se sentiu maravilhado com a sensação de sentir e escutar Louis recitando uma poesia, gostaria muito de vivenciar tal ato, mas quando olhou pela janela e viu que o céu trocava de cores, fazendo com que um laranja avermelhado se espalhasse pela imensidão azul, se lembrou de seu trabalho e seus dois gatinhos –Gaia, uma gata branca e Tancredi, um gato preto- que lhe esperavam em casa.
-Enfim Louis, está escurecendo e eu preciso ir para casa alimentar dois gatos famintos e terminar um trabalho da faculdade.
-Tudo bem, mas eu te acompanho, está ficando tarde para você voltar sozinho.
-Bom, eu sei me defender caso algo aconteça. E eu moro literalmente aqui do lado.
-Tenho certeza que sim, mas não quero correr o risco.
Louis levantou da cadeira e sem fazer o mínimo barulho, a empurrou para onde estava, esperou que Harry fizesse o mesmo e foram em direção ao caixa. Ao chegarem, a senhorita - no crachá estava dizendo que seu nome era Agatha- que trabalhava ali, perguntou se queriam mais alguma coisa e Harry iria responder que não, mas Louis pediu uma porção de bolinhos para viagem.
Quando saíram pela porta de vidro com letras grandes e verdes, trocaram um singelo olhar e começaram -Louis seguindo o caminho de Harry- a caminhar em direção a casa de Edward. Foi um caminho silencioso, e não é como se o silêncio os incomodasse, pois no momento, aproveitar o balancear das árvores e o barulho da água batendo nas rochas que ficavam quase ao lado do apartamento de Harry era algo ao qual devia ser aproveitado.
Ao chegarem no tal lugar, Louis ficou impressionado em como uma casinha era bonitinha. Continha dois andares, sendo o de cima com uma pequena varanda cheia de folhas e flores. A escada de apenas três degraus, era tomada por musgo e plantinhas que iam nascendo ao longo dos anos.
-Terei que admitir, sua casa é muito linda. Si prega di guardare queste piante como um ornamento o una decorazione per fineste. E quelle porte francesi. Mio dio. (Por favor, olhe para aquelas plantas como enfeite ou decoração na janela. E aquelas portas francesas. Meu Deus).
Harry gargalhou ao perceber, pela segunda vez ao dia, o quanto Louis mistura ou muda os idiomas e gostaria de perguntar como ele consegue ou como aprendeu tão rápido a falar desse jeito, mas algo lhe disse que esse ainda não é o momento ideal para tal curiosidade.
-Bom, Harry, você já está entregue. Espero que não tenha atrapalhado muito seu dia e seus planos.
Edward queria muito que Louis ficasse e aceitasse uma xícara de chá -perceberá que o homem gostava muito mais de chá do que de café- mas assim como ele, William também deveria ter planos e coisas para fazer. Não queria tomar todo o tempo dele para si.
-É ... Obrigado por me levar para tomar aquele café, mesmo que não precisasse, muito obrigado, te devo uma.
-Que isso, não foi nada, digo, foi algo, já que saímos juntos, mas não precisa se preocupar em me devolver tal favor.
-Sinto que devo...
-Que isso Harry. Não sei se você irá aceitar, mas há vários passeios pela ilha, e eu gostaria que você fosse comigo, se quiser é claro.
Edward ficou encantado com tal pergunta e sem perceber, um sorriso - com direito a covinhas- surgiu em seus lábios. Morava em Sardenha a três anos e nunca havia ido aos passeios -tanto de barco, como a pé- que a ilha proporcionava aos turistas e até mesmo moradores. Tomado pela emoção e pela vontade de conhecer as famosas águas cristalinas, e histórias que cercavam Sardenha, aceitou.
Depois de alguns minutos de conversa, Louis se despediu e pediu que encontrasse Harry mais vezes, mas sem a parte do café, roupas sujas, e pétalas do cabelo, por mais que tenha achado uma graça vê-lo com pequenos pedaços de flores enrolados ou até mesmo pendurados no seu cabelo.
E foi com esse pensamento que Harry entrou em sua casa. Foi recepcionado por duas bolinhas de pelo que se enrolaram em seus pés, causando um sentimento de aconchego e macies. Já Louis, foi embora pensando em como estava confuso e em como explicaria sua demora a Floren e como diria a Antonella porque seu coração bateu tão rápido quando viu o homem com pequenos cachinhos no cabelo e perfume de amêndoas.
Louis chegou em casa e encontrou sua avó lendo seu livro favorito –O Retrato de Oscar Wilde- sentada na poltrona que ficava em frente ao jardim de peônias. Deixou um beijo castro em seus cabelos e fez um leve carinho em sua bochecha, fazendo a mulher largar o livro e olha-lo com amor e carinho extremo. Carinho esse que Louis achou que nunca fosse receber.
Floren se levantou e beijou a bochecha de seu neto enquanto lhe abraçava apertado. Entendia o que o garoto sentia por si, quando na noite que chegou a sua casa, começou a chorar e repetir várias vezes a frase ''obrigado por ter me acolhido quando o mundo me expulsou dele.''
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II sole si riflette su di te. {l.s}
FanfictionLouis e Harry se conheceram em Sardenha. A maneira como isso aconteceu é um tanto engraçada, mas será que sorvete, vinho e rosas, poderá juntar duas pessoas completamente diferentes?