Harry saiu para correr as 8:30 de uma quarta feira ensolarada. Tinha reservado -na noite anterior- uma mesa no restaurante que fica na esquina do seu apartamento. Era simplesmente o melhor lugar para comer macarronada e tomar uma taça de sorvete de chocolate e menta. Ele não queria admitir o quanto ama esse pequeno espaço que fica entre a sua casa, seu café favorito e sua floricultura preferida, mas desde que veio morar em Sardenha, ele chama essa rua de la strada della gioia, ou seja, o caminho da alegria.
Ele vai se formar em psicologia infantil e sabe falar três idiomas, italiano, francês e inglês britânico. Não é um homem de ficar se gabando, mas sempre que pode, fica na frente do espelho falando ou treinando outros idiomas para sempre se sentir o mais intelectual possível. Internamente ele diz que é muito autocritico, e sabe que isso, uma hora ou outra irá influenciar em sua vida. Bom, talvez ele esteja certo, mas se o futuro ainda não chegou, o que lhe resta é aproveitar e desfrutar do presente.
Depois de correr aproximadamente toda a ilha, ele resolve passar em seu café favorito e pedir o de sempre, um bolinho de mirtilo com um café feito na hora. Devia ser perto das dez horas da manhã, já que a floricultura estava abrindo, com seu pequeno lanche matinal, que resolve dar uma olhada nas plantas e flores do dia. O sininho da porta faz um pequeno e baixo cintilar, mas o suficiente para fazer a senhorinha Florenttina olhar para onde o barulho ecoou e se permitir sorri.
Floren, como era chamada por conhecidos, era uma senhora viúva de 80 anos. Seu marido, Ettore, faleceu a cinco anos atrás por causa de Alzheimer, mas a parte que deixa Harry encantado, é o fato de que, Ett não se esqueceu de Floren, e que não deixava de comprar todos os dias as mesmas flores que comprava quando a conheceu. Ele espera encontrar um amor assim ou pelo menos tentar chegar perto de um.
- Ciao, Dona Floren, vorrei sapere se non ci sono camelie o amarílis da queste parti? (Olá, Dona Floren, gostaria de saber se não tem camélias ou amarílis por aqui?)
-Buongiorno dolce Harry, le camelie vengono dopo e amarilis è con mio nipote, seguilo amore mio. (Bom dia doce Harry, camélias vem mais tarde e amarílis está com meu neto, segue ele meu amor)
Harry sabia de cor todos os corredores que a floricultura tinha, havia decorado cada pequeno gesto que existia ali e todas as plantas e flores que nasciam, chegavam ou morriam lá. Ele estava tomando um gole de seu café, agora já morno o suficiente para ser ingerido, quando sentiu algo batendo em suas costas e fazendo o mesmo copo que estava em suas mãos ir parar no chão, junto com metade de seu delicioso bolinho.
Ele queria muito gritar, por que veja, ele não comerá nada na janta do dia passado, e essa era sua primeira refeição do dia, e bom, agora ela estava no chão e em grande parte de sua roupa. Com toda delicadeza e paciência do mundo, vira-se para trás somente para encontra um homem com cabelos cheios de pétalas de rosas e uma expressão assustada no rosto. Harry iria falar algo, mas no segundo em que abriu sua boca, sentiu mãos gélidas tocando seu rosto com uma delicadeza e preocupação a qual ele nunca tinha visto.
- Merde pardonne moi monsieur je suis trop maladroit pardonne moi, mon dieu je parle français et pas italien. Mi dispiace posso portarti un altro muffin e caffè se me lo permetti e se mi perdonerai? (Merda, me perdoe senhor, sou muito desajeitado, me perdoe, meu Deus, estou falando francês e não italiano, me desculpe, posso pegar outro muffin e café se você me deixar e se me perdoar?)
Harry piscou atônito umas dez vezes e jura que pode sentir o homem a sua frente puxar todo o ar que estava ao seu redor. Ele estava quase ficando roxo e seus lábios, muito lindos por sinal, estavam quase azuis. Ele teria que responder, certo?
-Por favor, não me chame de senhor, e não precisa se preocupar com meu único café da manhã de hoje e provavelmente da semana inteira... bem, não precisa comprar outro também, não estava com muita fome.
-Por favor, não minta para mim. Tudo bem, sou um estranho, mas não minta. Eu te pagarei outro café e assim você me dirá seu nome, pode ser?
-Um café pelo meu nome? Isso soa esquisitamente interessante.
-Então isso é um sim?
-Sim senhor cabelo de pétalas, isso é um sim.
Harry tentou prender a risada quando o homem a sua frente começou a fazer uma dancinha esquisita, e quando o mesmo percebeu o que estava fazendo e que estava sendo observado, corou bruscamente e ficou parado olhando a imensidão verde à sua frente. Quando Harry notou que estava sendo observado de uma maneira profunda demais, desviou o olhar e coçou a garganta, pronto para falar que não precisava se preocupar em pagar o café hoje, o homem de lábios rosados, olhos azuis como as águas de Cagliari, e cabelos com pétalas de flores e pequenos arranhões ao lado da bochecha, correu para os fundos sem ao menos dizer algo.
Harry voltou para a entrada para falar com Floren, e viu a mesma olhando uma foto de Ett. Ele sabia o quanto a senhorinha amava seu marido e sabia o quanto devia ter doído perder ele. De madrugada Harry pensava se algum dia iria sentir o tão desejado e falado amor, e se, quando sentisse, seria de uma proporção enorme.
-Nonna, prendo questo signore per un caffè, glielo devo, torno più tardi, ti voglio bene. (Vovó, eu levarei esse senhor para tomar um café, devo a ele, volto mais tarde, eu te amo.
-Va bene ragazzo stai attento anch'io ti amo. (Tudo bem garoto, tome cuidado, eu também te amo)
Os dois saíram pela porta florida e viraram à direita, indo em direção ao café. Não demoraram mais que um minuto para chegarem e irem se acomodando em umas das mesas que haviam pôr ali. O café de Sicília, como era chamado, era um pouco famoso naquele bairro. Seu nome dava origem a primeira mulher que morou por aquelas ruas, haviam boatos de que ela lutou pela sua vida por, na época, não se adaptar ou adequar a todas as características femininas que eram impostas.
O garçom veio minutos depois de sentarem, e com seu traje baseado em um terno preto, uma gravata borboleta e calça de alfaiataria, lhes perguntou o que queriam. Harry respondeu que gostaria de um café e um bolinho de mirtilo com amoras, já o homem de olhos azuis, pediu um chá de maça e banana e um pedaço da torta de frango.
O silencio entre eles era algo reconfortante, algo ao qual, os dois haviam gostado. Mas sabiam que no fundo deviam trocar pelo menos algumas pequenas palavras.
-Acho que é um bom momento para dizer que me chamo Harry.
-Prazer Harry. Me chamo Louis.
VOCÊ ESTÁ LENDO
II sole si riflette su di te. {l.s}
FanfictionLouis e Harry se conheceram em Sardenha. A maneira como isso aconteceu é um tanto engraçada, mas será que sorvete, vinho e rosas, poderá juntar duas pessoas completamente diferentes?