Capitolo Cinque

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O caminho de volta para casa de Harry, foi silencioso o suficiente para fazer Edward cochilar no ombro de Louis. Mesmo não estando se falando, seus corpos se comunicam, atraídos pela lei da física, ficando cada vez mais perto.

Louis por não aguentar, colocou sua mão no cabelo cheio de cachos e começou a fazer um leve carinho. O suficiente para fazer Harry suspirar e se agarrar mais ao corpo que estava usando como travesseiro.

Quando chegaram à casinha de turismo, William esperou todo mundo descer do ônibus, para acordar Harry. Ele pode jurar que foi a cena mais linda ver Edward com os olhinhos inchados e a boca toda avermelhada por causa dos seus dentinhos de coelhos.

-Nós já chegamos. Vem, vou te levar para casa, já está escurecendo e não quero que você fique andando sozinho.

Após descerem do ônibus e pagarem pelo passeio, eles seguem caminho para a residência de Harry, onde, há dois gatinhos usando sua cama como parquinho e apenas um saco de ração espalhado pela cozinha.

Pelas ruas de Cagliari, era perceptível observar várias famílias, casais, e crianças andando pelas calçadas. Não era uma cidade muito movimentada, principalmente por não ser temporada de férias, mas mesmo assim, era possível ver alguns turistas aproveitando. 

Louis puxava um elástico preto -que ficava em seu pulso caso Harry precisasse prender o cabelo- para conter a ansiedade. Era a maneira que aprendeu a distanciar tal sentimento e fazer com que foque em outra coisa, no caso, o elástico.

Quando chegaram em frente ao apartamento de Harry, eles não sabiam como agir. Não sabiam se deviam dar um beijo de despedida, um abraço ou apenas um 'até logo'. Harry subiu os três degraus que haviam ali e tirou a chave do bolso.

-Louis, por que mais um encontro?

-Porque no final, eu sei que vou sair de coração partido se você não sentir, pelo menos um pouco do que sinto.

Mas ele já estava apaixonado. Louis já havia percebido o jeito que olhava para Harry, ou quando pensava nele. Ele estava apaixonado por alguém que não sentia o mesmo. E infelizmente o ciclo se repete.

Alguns ciclos podem nos fazer pensar demais, fazer lembrar de pequenos detalhes que mudaram tanto. Às vezes podemos estar num loop, vivendo coisas que já vivemos, dizendo coisas que eu já dissemos, mas talvez sentindo coisas que nunca sentimos antes, e que ainda podem nos levar ao passado, no momento exato em que plantamos tudo o que estamos colhendo hoje. Nossos caminhos seguem um roteiro, parece até um daqueles filmes bem clichês que vira e mexe gente consegue adivinhar o que vai ou não acontecer. Por vivermos vários altos e baixos, hoje podemos dizer que a cada queda ficamos mais fortes e mais resistentes.

Entenda que a cada meio ciclo ruim ou não tão bom assim, tudo voltará a ficar bem de novo, a vida costuma ser tipo uma roda gigante e temos que aproveitar não só a vista do mais alto e bonito ponto em que estamos.

Por mais que Louis tente explicar sobre o amor, acha que nunca vai conseguir. Amor é imensidão demais. É como revirar o mundo ponta a ponta e ainda querer mais, pois a cada sensação em direção ao amor é diferente, é como se estivéssemos buscando algo que é inalcançável e só conseguimos fragmentos para isso.

O amor tá em cada olhar, seja para alguém ou pra lua. O amor tá no movimento de duas mãos que se entrelaçam, mas também na gargalhada ao conversar. Louis definitivamente não sabe explicar sobre o amor em formas estáticas, mas ele está por aí, pelo ar, na noite mais fria, na cidade menos habitada e em cada coração que se permite sentir.

Depois de tanto procurar amor onde nunca existiu, ele entende que amar é tirar fôlego sem sufocar, ou seja, você não precisa extraí-lo de algum local ou de alguém, ele simplesmente é sentido e se não for recíproco, por favor, não se demore, volte a caminhar.

Pessoas entram e saem constantemente das nossas vidas. Pessoas entram e nos fazem sofrer deixando nosso coração em ferida aberta. Pessoas saem contra a nossa vontade, ou saem porque as fazemos sair. E às vezes surge alguém cheio de amor pra dar, cheio de vontade de cuidar das suas feridas, cheio de vontade de te mostrar um novo mundo, te levar pra uma nova vida diferente de tudo o que você já viu.

E de repente você se sente despreparado, se sente um peixe fora d'água, não consegue retribuir e abre mão porque simplesmente não é a hora certa. Você está em outra fase, resolve deixar pra trás e seguir a vida. E quantas vezes a pessoa certa não surgiu na hora errada? Quantas pessoas certas não nos fazem falta agora? Parece que quando você se sente preparado, consegue perceber o tanto de coisa que deixou de viver e sente vontade de trazer certas coisas de volta, ou voltar e fazer tudo diferente.

Pois é, não dá pra voltar ao passado e resgatar pessoas, nem viver os mesmos momentos mais de uma vez, porque o que passou, passou. Porém acredito muito na frase "embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim" e é por isso que quando a vida te dá uma segunda chance e resolve colocar um novo amor em seu caminho, é hora de transformar os erros do passado em acertos do presente.

E por esse motivo, Harry resolve puxar Louis e colar seus lábios no dele.

Não importava se ele iria embora depois, ou se não quer mais olhar em seus olhos, ele não iria perder a oportunidade de beijá-lo. A segunda chance de Harry pode começar agora e terminar minutos, horas ou dias mais tarde. Mas ele iria aproveitar como se fosse a última vez, e talvez fosse.

Louis levou suas mãos à cintura de Harry, enquanto o mesmo levava seus braços ao redor de seu pescoço, de maneira que, os dois grudassem seus corpos, ignorando a terceira lei de Newton, aquela que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço.

Por mais que os dois corações parecessem escolas de samba, o beijo era tão calmo quanto uma biblioteca vazia, tão lindo quanto uma aurora boreal ou tão significante, quanto um abraço da pessoa que mais amamos.

Beijo significa ato ou efeito de tocar, pressionando, os lábios sobre pessoa, mas naquele momento, ele significava união, paz e calmaria para os dois corações que sofreram por muito tempo. Tendo então, finalmente a calma para poderem ser felizes.

Louis havia beijado Harry semana passada, mas fazia um longo tempo que não sentia um beijo assim. Um beijo calmo e delicado, como quem não quer nada além de sentir o momento. Um beijo de certa forma apaixonado, apimentado apenas pela vontade de não terminar; um beijo simples, não muito rápido, onde as mão acariciam apenas a cintura e a nuca.

Um beijo bom, pausado por sorrisos e olhares bobos de quem meio que não sabe o que está rolando, mas gosta do sentimento que isso traz. Fazia tempo que não sentia um beijo assim. Fazia tempo que ele não sentia um beijo. Fazia tempo que eles não se sentiam.

Harry sabia pouco sobre almas destinadas. Ele não acreditava que pudesse existir alguém que fizesse suas mãos suarem, suas pernas tremerem, e seu coração pulsar, mas a conexão que teve com Louis foi tão única e instantânea que ele estava começando a pensar que, talvez, Louis fosse a pessoa pela qual devesse se apaixonar.

Tudo o que ele estava sentindo com Louis, ele nunca havia sentido com ninguém. A conexão surreal, os arrepios que antecedem qualquer ação e os pensamentos que voavam para o futuro em que o homem de olhos azuis, o levasse para conhecer as praias da Itália em seu cadillac preto e sua banda favorita no rádio.

Eles separam o ósculo com três selinhos no final e foi possível ver um fio de saliva unido seus lábios, como se pedisse por mais um beijo, como se dissesse para eles unirem seus beiços novamente, apenas para não perder o gostinho de morango e menta que Harry exalava e o gosto de laranja e limão de Louis.

-Você pode me beijar de novo? Acho que esqueci como se faz isso.

E Louis o beijou de novo. Várias e várias vezes.

II sole si riflette su di te. {l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora