Minha mão molhada tateou grosseiramente o registro de pressão do chuveiro, deixando que a água morna percorresse por todo meu corpo quente e eriçado. Segundos atrás havia sofrido uma ereção ao recordar do amargor erótico do seu corpo em meus lábios.
As memórias da nossa última noite de amor invadiram sorrateiramente meus pensamentos: Ela estava parcialmente nua, esperando-me em seus lençóis rubros e no momento de minha partida, encontrava-se totalmente despida e coberta por sêmen, conforme seu próprio desejo.
Me masturbei como um ninfomaníaco para saciar o impulso lascivo incontrolável. Após o esperma se esvair pelo ralo, meu pênis continuou ereto e meu corpo implorando por mais prazer, mas fiz questão de reserva-lo somente para saciá-la.
Ao sair do banho, borrifei por todo corpo generosamente o perfume que designo somente para nossos encontros. Espero realmente que goste das notas de hortelã e laranja sanguínea.
Ajeitei o cabelo e vesti o terno de corte inglês ornando perfeitamente com o sapato Monkstrap preto e a gravata azul-marinho. A escolha do traje elegante se deve ao fato da data ser de suma importância para nossa relação. Prometi que a levaria para casa e nunca mais teria que vê-la tão sozinha e descontente.
Estamos entregues ás dores de um amor proibido, incompreendido e discriminado. Meu coração é partido ao meio em todos os finais de nossas noites clandestinas, onde a deixo na penumbra, com os olhos inundados de lágrimas e em silêncio profundo, talvez pela tristeza ou pela ausência de palavras que expressem tamanha angústia.
Apesar de minha amada estar tão apaixonada quanto estou por ela, nem sempre foi assim:
Na primeira vez que a vi, ela estava rodeada pelos imbecis do colégio, rindo das piadas sobre mim e assim como todas as outras garotas olhava-me com total desprezo e aversão.
Mesmo que ela declarasse com todos os sinais possíveis que jamais teríamos alguma chance, eu a observava obcecadamente durante todo o período letivo: seus seios fartos repousavam em um sutiã apertado por baixo da camiseta branca (quase transparente) do uniforme escolar, seus lábios carnudos estavam sempre cobertos por um batom vermelho e seus cabelos loiros compridos sempre soltos e disciplinados. Ao final de cada aula, eu corria para o banheiro e a homenageava da maneira mais libidinosa que você possa imaginar.
Liguei o carro sorridente e parti, segurando delicadamente as rosas brancas em minha mão direita e aferindo novamente o horário no relógio de pulso: meia noite em ponto.
Percorri em direção ao logradouro de seu endereço, conferindo hora ou outra se não havia algum seguidor e quando cheguei em frente à sua residência, observei milimetricamente aos arredores, me certificando que não estava acompanhado. Saltei pelo muro e corri em direção ao seu encontro:
QUADRA 08, TÚMULO 23.
À primeira vista, somente uma cruz em um acervo de terra.
Comecei a cavar desesperadamente, como em todas as outras vezes.
Assim que avistei o caixão, meu coração quase explodiu em meu peito, minhas mãos tremiam e o suor escorria por minha face venturosa.
Ela estava exatamente como eu a havia deixado: Nua, cabelos desintegrados do seu crânio, enrijecida e um tanto decomposta, é assombroso o fato dela estar cada vez mais bela e lascívia. Estou novamente excitado.
Penetrei meu pênis em sua vagina descarnada com carinho, algumas larvas me fizeram cócegas. Quando notei, estava fodendo com toda minha força até ouvir um estalo...seu fêmur se partiu ao meio. Ela não reclamou, o que me autorizou a continuar até ser tomado pelo ápice do profundo prazer, gozando dentro dela em um jato longo e indiscreto. Após alguns minutos abraçados na cova, contemplando o resplandecer das estrelas, me levantei e beijei o pedaço de carne que ainda restava do seu rosto:
- Eu prometi que iria te tirar daqui!
Retirei o corpo delicadamente do caixão, a segurando em meus braços e retirando algumas aranhas de seus cabelos.
Marchei em direção ao portão com certa debilidade, a carregando pelos ombros, espiei a rua e notei um casal de dependentes químicos caminhando na escuridão lúgubre e esperei até que se tornassem apenas vultos distantes.
Tive uma certa dificuldade em lança-la por cima do muro e ouvi mais alguns estalos, receio ter quebrado mais alguns de seus ossos frágeis. Por fim, após eu próprio pular pelo muro, abri o porta-malas agilmente e depositei a dama com ternura.
Agora já são três horas da manhã e ela repousa sob meus lençóis de algodão enquanto eu a admiro e me sirvo outra dose de whisky, planejando fodê-la até o último dos meus dias, no qual morrerei lentamente, contaminado por sua infecção cadavérica.
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Infecção Cadavérica
HororUma viagem sem volta às profundezas mais obscuras da mente humana, buscando em seu âmago, o extremo da maldade e insensatez. Os temas abordados são torpes e não são indicados para pessoas sensíveis. Você tem coragem?