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Isabelly

Hoje o dia não tá a favor de mim, e olha que já teve piores. Tampo meus ouvidos e fecho os olhos pra não entrar em desespero, ela nunca tinha feito isso desde que eu comecei a trabalhar aqui, pelo menos não comigo.

Corro até a cozinha, cutuco o ombro de tia Mery, e volto a tampar meus ouvindo quando ela se virou.

— O que aconteceu, pequena? - ela batia o chantily do bolo.

— A Becca nom para de chorar, já tentei de tudo mas ela não fica queita. - aperto meus olhos sentindo as lágrimas descendo, eu fico nervosa com gritos e barulhos altos.

— A tia vai ver o que ela tem. - limpou a mão no avental e beijou minha testa indo até a sala.

Continuei na cozinha até que o choro parasse, quando finalmente isso aconteceu, retirei as mãos dos ouvidos e fui correndo até a sala.

— Ela só queria colo, meu bem. - sorriu. - Pega.

Peguei a bebê em meu colo, beijei sua buchecha sentindo o gostinho de suas lágrimas e sorri balançando a mesma.

— Vou voltar pra cozinha, qualquer coisa me chama. - assenti.

Trabalho desde muito nova aqui na casa de Tia Mery, antes eu a ajudava a fazer seus bolos e biscoitos pra vender, arrumava a casa e ela me pagava por isso. É com esse dinheirinho que eu consigo ajudar dentro de casa e compro minhas coisinhas.

Mas aí a Becca nasceu e eu fiquei encarregada de olhar a bebê. É muito complicado olhar uma criança, mas a Becca é um amor, tirando quando ela chora muito.

Ela tem ficado cada vez mais chorona, e isso me deixa muito nervosa.

Eu odeio gritos!

Único barulho alto que eu gosto é música, porque eu amo dançar.

Quando o papai era vivo, ele me levava pra fazer as aulas, a mamãe falava que era perca de tempo e de dinheiro, mas o papai não achava isso e investia em mim.

Ele era o único que acreditava no meu potencial...mas ele morreu vai fazer dois anos. Sinto muita falta do meu papai, a mamãe não é muito boa comigo e o namorado dela é estranho.

Eu passo o dia todo no trabalho, mesmo que eu saia as cinco, fico lá até tardão só chego em casa pra tomar banho e ir dormir. Minha mamãe trabalha e eu não gosto de ficar sozinha com o novo namorado dela.

— Belly querida, você quer raspar o chantily do pote? - tia Mary pergunta da cozinha e eu vou correndo. - Cuidado, bebê. - assenti e ela me entregou o pote. - Tem esses também.

Meus olhos brilharam quando eu vi os potinhos com alguns recheios sobrando, eu amo doce.

— Sentem ali que eu deixo vocês comerem, só não podem atrapalhar a tia. - Assenti. Coloquei a Becca na cadeirinha dela e me sentei na outra.

Tia Mery deu todos os potes pra gente, eu comia tudo e dava a Becca também, ela é muito olho grande pro lado das coisas, teve uma vez que ela me bateu por causa de marshmallow.

Meus olhos encheram de lágrimas e eu chorei, ela tem a mão muito pesada pra quem ainda vai fazer um ano.

— Dando doce a ela de novo, Isabelly? - a voz grossa do marido de tia Mery ecoou no meu ouvido, ele é muito rígido as vezes e muito sério.

— Deixa ela, amor. É só um docinho, não vai machucar. - Ela diz e seu marido apenas passou pela gente.

Ele diz que tia Mery precisa encontrar uma babá melhor, que eu sou estranha e posso deixar acontecer alguma coisa com a Becca, mas a Belly nunca seria capaz de deixar acontecer alguma coisa com ela.

My Little Cherry 🍒Onde histórias criam vida. Descubra agora