Capítulo 3

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"Apaixonar-se pode acontecer com uma única palavra ... com um único olhar."
Ian McEwan

Jimin

- Quer comer algo?

- Não, pode ir, vou esperar aqui. Corre que falta pouco pra embarcarmos.

Cerca de 10 minutos depois olho na direção que JK tinha ido e o avisto de longe, mais não é ele quem me chamou atenção e sim a mulher que ia na direção do portão de embarque para Coreia.

Desviei o olhar e voltei a observar meu celular, esquecendo totalmente o que eu estava fazendo antes de vê-la, tento me concentrar em responder a mensagem mais é em vão, voltei a olhar para o local onde a tinha visto mais não a vejo até que ouço um barulho que chama minha atenção, olho na direção do barulho e vejo quem estava procurando no chão, por puro instinto vou em sua direção, me agachando ao seu lado e tocando seu braço.

Por algum motivo essa estranha recuou abruptamente com meu toque, levando as mãos em direção a sua cabeça como se quisesse se defender de algo, observo seu corpo caído no chão, com o movimento que fez sua blusa levantou, mostrando parte de sua barriga, mas o que me chamou a atenção foi um roxo quase imperceptível na lateral do corpo que estava parcialmente coberto pelo seu jeans escuro.

- Você está bem? - disse em um inglês enrolado, sem saber se o que eu disse estava correto.

Assim que ela tirou as mãos da cabeça se sentou afastada de mim, me olhou nos olhos, seus olhos assim como os meus eram puxados o que me surpreendeu.

- Você está bem? - tentei novamente em coreano devido sua falta de resposta.

Ouvi a voz de nosso segurança e o barulho dos passos pesados correndo em nossa direção mais não os olhei, imagino que ela também percebeu pois levantou apressada confirmando com a cabeça e saindo evitando fazer contato visual novamente.

Oficialmente esse foi o momento mais esquisito que vivi recentemente.

- Ela era uma fã? - JK perguntou parando ao meu lado.

- Acredito que não, ela não pareceu me conhecer e inclusive fugiu de mim como quem foge da morte - comentei rindo mais parei ao me lembrar do roxo que vi em seu corpo e da forma estranha como agiu.

Assim que decolamos fiquei acordado por quase 1 hora pensando onde será que aquela mulher havia se sentado, se ela estava bem e se estava com alguma dor na cabeça devido a batida, JK já havia adormecido então não podia compartilhar com ele meus pensamentos e mesmo que pudesse acho que ele diria para que eu não me envolvesse, pouco depois acabei adormecendo também.

Cerca de 10 horas depois acordei com JK me chamando para comer, estávamos jogando conversa fora quando as cortinas que fazem a separação da nossa área para a outra foram abertas para que o carrinho de lanches passasse, me fazendo ter visão direta da mulher que ocupou boa parte dos meus pensamentos, agora com mais calma pude reparar um pouco nela, seu rosto ainda estava coberto com uma máscara, ela estava sentada em um assento único, sua cabeça estava encostada no sofá mais pendida para o canto, suas roupas assim como as minhas eram pretas e seu cabelo também, ela era baixa mais não tanto assim, e seu corpo parecia magro demais.

Em um momento de loucura questionei a aeromoça se tinham algum remédio para dor de cabeça, colocando em prática um plano totalmente impensado, peguei em minha bagagem de mão um post it e caneta.

- O que vai fazer? - JK se aprumou em sua cadeira me olhando com curiosidade.

- Preciso de sua ajuda. - disse o olhando fazendo um beicinho.

- Pra que? - Olhei em direção a ela fazendo ele acompanhar meu olhar. - Você quer mesmo se arriscar ? E se ela vir até aqui? Se ela nos reconhecer ?

- Eu assumo o risco, mais só se tiver tudo bem por você. - eu estava mentindo, eu daria um jeito de convencê-lo nas próximas 3 horas de viagem se ele não concordasse agora, e tenho certeza que ele sabia disso.

- Se eu disser que não, você vai dar um jeito de me convencer então tudo bem, o que você precisa ?

- É bem simples, só quero escrever algo no post it para que a comissária entregue junto com um remédio e água.

- E por que precisa de mim pra isso? - me olhou confuso.

- Acho que ela não fala coreano, quando ela caiu perguntei se estava bem e ela não respondeu, só respondeu depois que tentei falar em inglês.

- Mais ela está indo para a Coreia, o que ela vem fazer aqui se não sabe coreano ? Entendo que não seja um pré requisito e tudo mais só que é estranho, mais vamos lá

Passamos a próxima hora apenas escrevendo e revisando o pequeno texto que escrevemos com ajuda de um tradutor, não era pra ser difícil, mais por algum motivo isso me deixou nervoso e inquieto.

- Esse é o último post it Hyung, é isso ou não escreve nada.

- Acho que não me senti pressionado assim nem quando tinha prazo para escrever uma musica e não tinha nem ideia por onde começar.

- Por que isso é tão importante? Nunca te vi se esforçar dessa forma.

- Eu não sei, só tenho a sensação de que alguém devia se preocupar com ela. - não estava mentindo mais também estava omitindo toda a parte que envolvia sua queda, a forma como ela reagiu e a marca em seu corpo, talvez seja exatamente isso que está me deixando inquieto. Escrevi no post it a mensagem com minha melhor letra rezando pra que estivesse usando a gramática correta e respirei fundo.

Peguei a sacola de papel pardo da companhia aérea com o que havia pedido, colei o post it na garrafa de água me levantando e caminhando devagar até as cortinas, puxei ela apenas um pouco pra espiar o local que ela estava.

Pra minha sorte ou azar ela estava dormindo ainda, então não tinha como correr dali e pedir que alguém entregasse a ela, contei até 3 mentalmente e fui, cheguei próximo o mais sorrateiro que podia, abaixei sua bancada de alimentação e coloquei a sacola, antes de me virar e voltar ao meu lugar resolvi a olhar uma última vez tentando gravar o máximo de suas feições que podia por conta do seu rosto coberto pela mascara, provavelmente não a veria nunca mais.

Heartbeat | Park-Jimin (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora