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Acordo em um susto. Olho ao meu lado e Johnny ainda está adormecido, numa posição que parece tão desconfortável quanto a minha. Acabamos por passar a noite conversando e já que era tarde e estávamos sonolentos demais para voltarmos, dormimos ali mesmo, com os colchões de acampar (que ele não explicou o motivo de estarem lá).

Olho no pequeno relógio de pulso que eu usava e fico aliviada ao saber que ainda são seis da manhã e a aula só começará as oito.

Cutuco o ombro de Johnny até que ele acorda. – Eu vou indo, tá? Antes que minha mãe acorde.

Ele parece confuso por um segundo, porque acabou de acordar, mas raciocina rápido. – Meu Deus, o sol já nasceu!

– São seis horas ainda.

Ele parece um pouco aliviado. – Ontem/hoje, foi legal, devíamos fazer de novo.

– Foi interessante, quem sabe dá próxima vez a gente não traz travesseiros, porque a torcicolo que eu estou agora não é tão legal.

Ele ri. – Boa ideia.

Johnny me ajuda a entrar pela janela, e nos despedimos com um aceno.

Aproveito as horas que tenho, antes de precisar ir para escola, para tomar banho, me vestir, fazer uma maquiagem simples, organizar minhas coisas e ir tomar café da manhã.

Minha mãe estava me esperando na mesa cozinha com o café pronto.

– Bom dia querida! Acordou cedo hoje. – Ela disse, mais risonha do que normalmente, percebendo que eu havia feito algo diferente, pois sempre acabava dormindo mais do que devo.

– Pulei da cama! – Brinco, me sentando à mesa.

Minha mãe me serve uma xícara de café com leite. – Ah, filha, eu sei que saiu ontem. Me diz, voltou a falar com o Johnnyzinho?

– Johnnyzinho, mãe?! Ele já tem 18.

– Força do hábito, as vezes esqueço que vocês não são mais crianças. Mas era com ele que você estava?

Ela parecia tão contente com a ideia de que eu teria me reconsiliado com ele, que não quis desapontá-la com uma mentira furada. – Sim, mas, por favor, não conte pro papai.

Ela riu, animada. – Pode deixar!

Termino meu café e antes que eu me despeça para ir a escola, ela me diz: – S/n, vocês são jovens, mas por favor filha, tenham cuidado!

– Mãe! – A repreendo. – Tchau, dona s/m!

Ela ri alto. – Só porquê são jovens não estão imunes a coisas desagradáveis, se é que me entende! – Ela grita quando já estou na porta.

Ignoro-a, mas saio de casa sorrindo.

Normalmente vou caminhando ou de bicicleta para escola, pois ainda não tirei a carta de habilitação, como moro perto da escola, não costumo chegar muito atrasada e hoje especialmente estou adiantada no meu horário.

Meu sorriso some quando vejo Johnny com sua moto, aparentemente esperando alguém.

– Vamos? – Ele me diz.

– O quê?

– Vou te levar.

– Não vai não!

Ele sorriu, mas parecia confuso. – Por que não?

– Pergunta idiota, Lawrence. Quer acabar com a minha reputação? Imagine só, eu - uma menina tão respeitosa - chegando com você, um arruaceiro! – Brinquei.

– Que engraçadinha, haha! Então tá, princesa, vai caminhando.

– Meu exercício do dia!

– Você que sabe. – Ele colocou o capacete e acelerou.

Quando cheguei na escola, é claro, Lawrence já estava lá, com seus amigos e suas motos. No momento que me pegou observando, deu uma piscadinha quase imperceptível, pelo menos eu esperava que tivesse sido.

Daphne não demorou a aparecer e sentar-se ao meu lado no pátio.

– Bom dia.

– Dia. – Ela respondeu

– Mau humor?

– Sono. Fiquei até tarde lendo o livro de verão que a sra. Cabeçuda passou. – Cabeçuda era como a turma tinha apelidado a professora chata de literatura, felizmente, era apenas um apelido bobo usado para reclamar, que a professora nem sonhava que existia.

– Nossa nem lembrava mais desse livro, acho que li na primeira semana das férias, espero que eu ainda lembre do que se trata.

– É uma chatice! Por favor, me diz que tem algo interessante para me contar ou algo para fazermos hoje.

Sorrio, divertida pelo estresse da minha amiga. – Bom... Eu meio que segui o seu conselho e falei com o Lawrence.

Ela me olhou surpresa. – O quê?! Que ótimo!

– Acho que resolvemos o que tínhamos mal esclarecido.

– E agora?

– E agora nada. Ué.

Daphne suspirou como se eu fosse uma tonta, coisa que ela provavelmente achava que eu era.

– Ai, s/n, você me decepciona, sabia? – Ela balança a cabeça. – Tudo bem, pelos olhares que o loirinho tá dando, não vai demorar muito pra ele tomar uma atitude.

– Como disse? – Perguntei, mas ela já havia se levantado e começado a se afastar, indo para a sala de aula.

Passei todas as aulas distraída, pensando no que Daphne falou. Ao contrário do que, talvez, ela pense, eu não sou nada tola, sei quando alguém flerta comigo e sei aproveitar a oportunidade caso me agrade. Mas era verdade que depois do que aconteceu entre mim e Johnny, nunca mais consegui confiar em alguém sem me sentir desconfortável.

Afinal, eu era uma garota perdendo várias de suas primeiras vezes juntas. Primeira transa, primeiro amor, primeira decepção do coração. Sem contar o primeiro beijo, que havia sido com ele também, três anos antes, quando tínhamos doze.

Tudo parecia tão precoce para mim. Mas não havia nada que não fosse formidável entre nós naquela época. Nós dividiamos tudo, ficávamos juntos o tempo todo e poderíamos ter sido como aqueles casais, de livros e filmes, que são amigos de infância e passam a vida se magoando com os amores uns dos outros, para no fim se declararem e terminarem a história juntos.

Mas não fomos. Porque, sinceramente, nenhum de nós sabia esconder qualquer coisa um do outro, dizíamos o que pensávamos e fazíamos o que dava vontade. Eu o amava e ele me amava, só que éramos crianças e não sabíamos amar. Simples.

Na hora do almoço Johnny veio falar comigo, na fila da cantina.

– Quer ir ao Golf N' Stuf hoje? – Ele perguntou, colocando a sua bandeija do lado da minha, enquanto eu me servia.

– Tá me chamando pra um encontro?

Ele pensou. – Como amigos?

– Hm. Posso levar minha amiga?

– Claro, mas aí vai ter que aturar meus amigos.

– Beleza.

– Então tá. Às sete?

– Pode ser.

– Vai querer carona dessa vez? – Ele pergunta, zombando.

Rio. – Vou aceitar.

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Oii, como vcs estão?? O que estão achando da história?

Espero que estejam gostando 🥰

𝐎𝐋𝐃 𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃𝐒  ϟ  𝐉𝐨𝐡𝐧𝐧𝐲 𝐋𝐚𝐰𝐫𝐞𝐧𝐜𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora