Perdida e quebrantada

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Quero gritar por socorro
Mas não quero precisar recorrer a consolos
Olho para trás enquanto corro
Fujo dos esporros
Da confusão inebriante
Do caos torturante

Eu me perdi enquanto corria de anseios
Agora não consigo me encontrar
E isso me causa muitos desejos
O desejo de sentir que a felicidade não vai me abandonar
Pulo em hobbies, tarefas e atividades
Tentando me encontrar
Em outras realidades

Quero estar bem comigo mesma
Mas sou a pessoa que mais me odeia nesse esquema
De tentar ser uma pessoa melhor
Como raios posso ser melhor, se não sei
Nem o que me tornei?

É frustrante e desgastante
Meu peito arde em chamas, clamando para que eu queime
É tão ridículo às vezes eu só querer estar distante?
De tudo, de todos e de mim
Já amei tanto tudo o que fui, mas não me encontro mais no meu próprio jardim

Agora eu só consigo me odiar e desaprovar
Minhas atitudes e o meu pensar
Tudo que faço parece ser um enlaço
Para uma nova queda no precipício que eu cavei
Eu me cansei
De mim, da vida, eu me cansei

Isso me faz acreditar que todos a minha volta
Também cansaram da minha presença
Afinal, quem realmente está aqui na minha porta?
Qual a diferença?
Quero ir embora, mas me sinto agarrada
Ao que um dia me fez bem
Coisa que eu já não consigo mais sentir com ninguém
Nem comigo
Quero me esconder em um abrigo

Se eu me dopar de remédios encontrarei alguma luz?
É óbvio que não, mas agora sou incapaz
Não consigo enxergar o que me conduz
Sou o meu próprio capataz
Me castigando e instigando a mesma dor
Não me orgulho disso, luto com ardor
Mas está difícil
As coisas têm me afetado como um míssil

Porém, finjo uma aparência amável
Converso de maneira sociável
Mas por dentro estou em farrapos
Tentando me remendar com alguns trapos
Mesmo cansada, acabada e esgotada
Eu luto, diariamente luto
E estou em luto, por quem eu sem querer matei
A mim mesma também magoei
Sinto muito por todo estrago que causei

Contos que fazem pontosOnde histórias criam vida. Descubra agora