Lamento de um marinheiro

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Prende-me e afrouxa a corda que aperta, intrigante
O barco não consegue andar sem as velas, na verdade, até consegue, mecanicamente
Pobre marinheiro que sofre pela praticidade
Aquela que vem e invade, com a sua modernidade
Arrancou as velas que pulsavam com o vento
Ansiavam o movimento

Agora estão de lado, pois o coração do barco é mecânico
O motor movido à gasolina ou álcool agônico
O coração do barco agora é um mero instrumento controlável
Não tem mais a força da natureza indomável
Que o navegador não conseguia mudá-la
Mas conseguia prever quando buscava senti-la

O vento que vem do oeste, a frente fria que carrega consigo
O covarde corre do som do perigo
As chuvas barulhentas, fazem as ondas ficarem turbulentas
Atiça o coração do marinheiro, palpitando de emoção
Pois, o desejo de permanecer vivendo, traz a preocupação
Remexendo e agitando o vulnerável coração

Agora isso já não é mais tão intenso, tudo se foi quando a modernidade chegou
Trouxe seus benefícios e o esfriamento, de tudo que a gente já amou
Também nos entregou novos amores, mas ah! Aquela emoção perigosa
Aquece o sangue pela adrenalina, glamourosa
O marinheiro agoniza perante a tranquilidade
As coisas agora são mais previsíveis, seguras, sem o som sincero do alaúde 

Contos que fazem pontosOnde histórias criam vida. Descubra agora