Contos que fazem pontos

Tempo, tempo, t e m p o

Tic tac, já é de manhã
Tic tac, posso ver o amanhã
Chegando e se espreitando
Tem dias que o tempo passa tão rápido
Momentos bons chegam igual um tornado
Passam numa velocidade absurda
E me deixam mal acostumada

Pois, passo a desejar a droga da felicidade constantemente
Sua composição química é viciante
Envolvente e reconfortante
Faz eu me esquecer de todas as dores nesses instantes
De felicidade, de amabilidade

Há dores que não cessam com remédios
E não há outros intermédios
A não ser esperar
A escuridão clarear
E no final das contas, o único medicamento
É o tempo e seu processo lento

É fácil deixar o tempo passar quando se vive extasiado
No entanto, é difícil esperar o tempo passar estando preocupado
Magoado, depois de ser açoitado

La-ra-di la-ri-ro, cantarei enquanto choro
Esperando o medicamento atemporal
Que o tempo venha como uma maré, leve tudo o que fez mal
Me deixarei temporariamente, conformada
Como posso lutar contra isso, estando toda machucada?
Vou dar um tempo no próprio tempo
E em todo seu processo, por um fiapo
De tempo

Tempo, tempo, tempo
Falamos tanto disso que nem sei mais
Vou correr até um campo
Fazer carinho em animais
Fugir de todo esse escândalo, desse escarcéu
Nessa barraca eu puxei logo o véu
Onde eu cobria tudo o que tentava esconder
Por não saber ver
E encarar, tanto problema
Acabar, com esse dilema

Chutei o pau da barraca
Quero me livrar de toda essa carcaça
Bagulhos que eu disse ser minha proteção
Só tem me dado peso, desde então
O tempo é um remédio imprevisível
E eu com a minha mania de ser sensível
Tornei meus sentimentos impacientes
Eles fazem birras inconsequentes
Enquanto o medicamento do tempo, exige tempo
Vou ter que amadurecer com esse trampo
De ser paciente, aprender indo em frente

Vou parar de falar tanto deste medicamento
De tanto repetir as coisas perdem o sentido
De tudo um pouco, da vida faz parte
Seguiremos sentindo essa arte
Instável, intolerável e amável
Porém, pouquíssimo afável