5 de abril, 2018
Amy não tinha a menor dúvida de quanto ela amava aquele ambiente e sua função.
Cantar por si só era a sua paixão, mas fazer parte do ministério da música e ser responsável por cantar em várias missas, grupo de oração e momentos da sua caminhada vocacional levava este amor para um outro nível.Apesar de tudo que aconteceu nos últimos dias, aquele momento na companhia dos seus amigos do grupo e companheiros de ideal, tornava tudo mais fácil. Ela pensava enquanto a voz dela e de sua amiga enchiam a sala onde ensaiavam.
Assim que terminam de cantar juntas, ela comenta.— "To love you more" é mesmo linda, Rafa. — É uma das minhas favoritas para o momento após a comunhão de ação de graças, mas por ora, me deixa meio triste... são tantas lembranças que você sabe tão bem.
Amy deixou o violão de lado enquanto comentava com sua amiga, num meio sorriso triste.
— Eu sei amiga, marcou mesmo o começo do nosso vocacional, né? — O dia que a gente converteu ela do português para o inglês e fez os vídeos, ficou tudo tão lindo. — O pessoal amou, diga-se de passagem, saudades viu! — Mas ainda bem que temos boas recordações de quando nossa turminha se junta.
— E você? — Como tem se sentido? — E seus pais?
— Tá bem tenso para assimilar Amy, do fundo do meu coração. — Mas a gente tem que acreditar mais do que nunca que o céu é logo ali, nossa estadia é só passageira. — Ninguém quer receber este tipo de notícia…
Rafaela respira profundamente.
— Eu havia viajado para Belo Horizonte no sábado, dia 17, aproveitando as nossas férias de primavera daqui. — Passei a Páscoa com meus avós e matei a saudade dos meus amigos e familiares.
Ela faz uma pausa e logo volta a falar.
— Doze horas de viagem não é fácil, mas o domingo estava tranquilo. — Eu fui à missa, saí com meus tios, vi o pessoal da missão, eles perguntaram por vocês.
Ela sorri com a lembrança.
— Eles são doidos para conhecer a galerinha daqui e não perdem os nossos vídeos. — Estava indo tudo bem, até que eu vi algumas postagens no perfil oficial, tanto da missão do Brasil, quanto a daqui de Londres, mas eu não li na íntegra, às quatro da tarde de lá, obviamente aqui já eram oito da noite, eu recebi o telefonema da minha mãe contando o que tinha acontecido.
Sua voz detona toda sua dor, como se aquele momento tivesse acabado de acontecer.
— Não foi fácil viu! — No momento eu chorei muito, eu não queria acreditar que não teria mais suas zoeiras... quando ele começava a me chamar de "Norinha da tia Anne", " Mrs. Styles".
Ela sorri com a lembrança dos apelidos.
— Ele ficava falando que ia arrumar o Harry pra mim e claro, o Lou faltava bater na gente quando isso acontecia.
Amy sorri e tenta segurar as lágrimas que teimam em querer cair com a mera lembrança da alegria do amigo.
— Ou que não vou ver mais as bagunças dele com você Amy. — As palhaçadas na sacristia com a Avril quando iam servir como coroinhas, quando era com o Niall, dizia que era o melhor ceroferário, por segurar tanta vela.
Ela sente o peso em seu peito e Amy fica atenta a tudo que a amiga diz.
— Eu via nossos vídeos, principalmente os que fizemos justamente cantando "Oferta", lembra?
Amy assentiu.
— Meu Deus do céu, eu dei trabalho para minha avó esses dias. — Aí o Pedro, Luísa e Carol foram lá, nós conversamos muito e com isso eu deixei de lado essa postura um pouco egoísta da minha parte.
— O tenso é isso, né? — Por pior que seja o sofrimento, as dificuldades visíveis, a gente sempre toma essa atitude. — Te digo porque me senti bem assim nos dias que antecederam.
Ela balança a cabeça em negativa.
— Minha mãe e a Avril tiveram que aguentar meu pior lado. — Miserihelp!
— Imagino, mas, sabe? — Não é o que o Zayn ia querer, você lembra as palhaçadas, as piadinhas que ele fazia mesmo nos piores dias, quando estava com dor, lidando com os efeitos colaterais dos remédios, com a mudança na rotina, o que quer que fosse, ele lidava com leveza e maturidade ao falar da sua condição. — O jeito que ele trazia a questão nos vídeos? — Então...
Amy assente.
— Eu estava conversando com a Chloe, ela me ajudou a ver por outro ângulo, de uma forma que não percebi nesses dois anos. — No fundo era como se tivesse aceitado o que viria e já tratasse de nos preparar para essa ausência um pouco longa. — Construindo boas lembranças e momentos, como ele mesmo dizia "tô igual àquela música do Oasis, “Live Forever”... “Talvez eu queira e vá apenas voar, vou ficar ausente durante um tempinho, mas a gente vai viver para sempre... em cada recordação."
— O que devemos fazer é acreditar firmemente num reencontro e na medida do possível seguir em frente, um dia de cada vez.
Amy completou.
— Isso aí. — Mas esta parte é meio complicada, né?
— Bota complicado nisso, eu que o diga.
Ela lembra de mais cedo e respira resignada.
— Infelizmente antes de vir ensaiar eu tive uma briga feia com a Avril. — Eu disse umas coisas bem desnecessárias, eu usei umas palavras bem pesadas e nós nos acusamos de uma forma sem sentido.
Amy está realmente chateada por ter brigado com a irmã.
— Ela falou que não aguenta mais fazer tudo que fazia, que não está sabendo lidar com essa mudança, que por isso quer morar com nosso pai lá em Cambridge, eu perdi a cabeça, chamei ela de egoísta, joguei umas "verdades" na cara dela, mas não deveria ter feito isso. — Eu tô bem arrependida, sabe?
— Sei sim, não é fácil... mas de tempo ao tempo, depois vocês conversam.
— Lá na escola está
bem complicado para ela. — Na volta às aulas os professores conversaram muito, foram bem empáticos, mas sim, há alguns colegas que já viu! — Bando de aborrescentes.
Amy se sentiu cansada.
— Na verdade, a gente não se fala muito, a não ser quando temos aulas juntas.
Rafaela tentou ser o mais discreta possível.
— Como falei, eu não quero ser mais uma que a enche de perguntas e não respeita seu momento e espaço. — Mas eu vi o vídeo que vocês fizeram com o Matt... foi bem tocante, ainda mais enquanto cantavam "The Messenger".
— Menina do céu, aquilo acabou comigo, foi muito pesado. — Você poderia ir lá em casa, minha mãe falou que você sumiu, o que me diz? — Tá ocupada depois do ensaio? — Qualquer coisa a gente faz algo no sábado.
— Hoje eu estou Amy, mas no sábado seria top. — Aqui, falando em visitar, você tem notícias da tia Trisha, tio Yasser e da Doniya?
— Ontem a minha mãe estava falando sobre a Safaa, disse que ela é uma gracinha no grupo de oração infantil, super alegre com o grupo de coroinhas, além de estar bem tranquila com tudo.
— Bem que Jesus sempre nos disse da pureza e da força das crianças. — Ela conseguiu captar de primeira o grande apelo do céu... de que a vida não termina por aqui. — Tava lá, contando que ela afirma que o Zayn tá com a Mamãe do Céu e por causa disso, não tem motivo para ninguém ficar triste.
Elas sorriram.
— Minha afilhada é danadinha mesmo. — Quem dá conta?
— Pois é. — Aqui, eu estava pensando em a gente fazer uma visita, já que são seus padrinhos, seria mais fácil conversar antes.
— Rafaella, para te falar a verdade eu ainda não tive coragem de ir lá. — Não sei o que dizer, ou o que esperar.
Amy deixa claro a sua preocupação.
— Não tem que se preocupar... a gente faz isso juntas.
Enquanto conversavam ouviram os passos e as vozes de Sarah e Kevin, que se aproximavam da sala onde ensaiavam.
— Boa taaaarde, quase noite meninas. Os dois enchem a sala de forma animada, dando fim àquela conversa e iniciando oficialmente o ensaio.
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Em cada cicatriz,uma história.Em cada história,uma canção
Dla nastolatkówA vida nem sempre é legal nas suas brincadeiras. Às vezes,ela gosta de pregar umas peças bem sombrias,por assim dizer. É o que as irmãs Amy e Avril Stewart irão descobrir,junto do seu grupinho. O melhor amigo de Avril,Zayn Malik,é diagnosticado com...