VI Tentação

85 4 6
                                    

TW: sangue.

Rebekah

Quando se dá conta de tudo o que está acontecendo, Rebekah se afoga no mar de sangue. E então acorda jogada, ensanguentada na beira de uma praia. Ela se levanta devagar.

Não caia na tentação é a única frase na qual consegue pensar. Ela sentiu a presença de Marcel ali, na gruta, por mais inacreditável que isso seja, mas, se era ele aconselhando-a a não cair em nenhuma tentação, era realmente Marcel que ela escutara através da parede do quarto onde estava anteriormente? Por acaso ele mudaria de opinião tão rápido?

Não.

Após observar o ambiente em volta de si, Rebekah vai até a beira do mar, a fim de lavar o rosto coberto por sangue. Ela está reflexiva.

O rabisco na parede soava muito mais como Marcel. Era muito mais inteligente, pelo menos. Rebekah recorda-se das palavras de Janina antes de aprisioná-la neste mundo: eu pretendo cobrar mais caro.

E então uma luz surge à sua mente.

A bruxa vem tentando, desde o início, torturá-la e atiçá-la a mostrar-se um monstro. Todas as pessoas ensanguentadas que ela viu, isso não é só um desafio. Janina quer alguma coisa da vampira, e acredita que a melhor maneira de consegui-lo é submetendo Rebekah ao sofrimento. Marcel deve ter chegado ao mesmo raciocínio. Por isso Rebekah não deve cair em nenhuma tentação.

E toda a análise da loira se prova real no momento em que ela vira-se de costas para o mar e percebe que, atrás da praia, por entre alguns coqueiros, surge um odor muito tentador. Sangue, novamente. Mais mortes. Mais da tentativa de Janina de mostrar para Rebekah que ela é um monstro de natureza cruel, que se alimenta de dor. Um ser desprezível à raça humana.

E a vampira está faminta. Mas ela não pode cair na tentação.

Então ela enche a mente com mais pensamentos enquanto caminha pela beira do mar.

Ela pensa em Janina; em seu ódio por Klaus, em seu parentesco com Alexandre, em sua imortalidade. E então num súbito piscar de olhos, no momento em que mais uma onda em meio a imensidão incessante do mar traz consigo mais uma leva de tatuzinhos prontos para aprofundarem-se na terra molhada, Rebekah lembra-se de algo.

Ela se lembra de Qetsiyah. A bruxa por trás da imortalidade. A bruxa que juntou a Irmandade dos Cinco em primeiro lugar. Poderosíssima. Sem falhas. Diferente de Janina, Rebekah recorda. O mundo que Janina criou já mostrou-se defeituoso.

Janina é... Fraca. Não deve ter sido sua magia que a manteve viva por tantos séculos. Ela mal consegue manter Marcel e Rebekah separados por muito tempo.

Marcel.

Se, por acaso, era mesmo ele se comunicando pela parede, então há alguma brecha entre os mundos onde os dois estão. Alguma fraqueza que torne possível a comunicação entre eles.

De repente, Rebekah para de andar, deixando sua linha de pensamento para trás. O cheiro de sangue é fortíssimo. Ela está morrendo se fome. Ela rasga um pedaço grande de seu vestido. Ela rasga esse pedaço em pedacinhos pequenos. Ela vai até os coqueiros atrás da praia.

Eu não sou um monstro.

Lutando contra a tentação, Rebekah vai em cada árvore que vê, amarrando pedaços de seu vestido em cada tronco, espalhando as peças. Talvez Marcel possa encontrar alguma delas.

Por Todos Os Mundos | marbekahOnde histórias criam vida. Descubra agora