I Reencontro

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Rebekah

Um vazio. Um vazio cruel e assustador, ao mesmo tempo que familiar. É isso o que Rebekah sente quando, com a cabeça latejando em dor física e emocional, acorda num lugar escuro.

Além de escuro, é um lugar apertado. Com a audição amplificada, Rebekah consegue ouvir o som das gotas de água que entram ali por alguma falha qualquer na construção e continuam pingando no chão sem parar. Aquilo é muito sombrio. O corpo da loira, ensanguentado nas regiões da barriga e da testa, dói incessantemente - é com muita cautela e preparo que a mulher consegue abrir os olhos e encontrar, sem se surpreender, o que não esperava: nada. Um lugar vazio, cruel, apertado e escuro. Um lugar que a traz uma energia negativa e a assusta, um lugar cuja origem Rebekah compreende: ela acabou ali por conta de magia.

- Filha da puta.

- Filha da puta

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2 dias antes

- Está tudo bem, tia Bekah. Eu prometo. - a voz de Hope ecoa, desanimada, do aparelho celular. - Quer dizer... Vai ficar tudo bem.

- Só tente não pensar muito nisso, ok? Foque nas lembranças boas. É o que eles iriam querer, minha pequena loba.

- Pequena loba. Foi meu pai quem me deu esse apelido... - Hope solta um riso fraco.

- Ele vai estar sempre presente, mesmo que não fisicamente. - após um longo suspiro, Rebekah resolve mudar de assunto - Como vão os estudos?

- Eu... Bem. A escola tá normal. Agora eu tô estudando alguns feitiços e rituais... Enfim, magia, à parte do currículo. Eu acho que quero me conectar mais a essa parte de mim, ainda há muitas coisas que eu não sei.

- Você sabe que Freya pode te ajudar com isso, né?

- Sim, sim... Mas não quero incomodar. Ela e a tia Keelin estão numa fase muito... Épica. Do relacionamento e tal.

- Uma fase épica? - Rebekah solta uma risada.

- Muito. Elas se amam muito. Enfim, tia... Eu tenho que ir agora. Sabe. Continuar estudando. Posso te ligar mais tarde?

- Ah, já? Tudo bem. Mas Hope, eu tenho algo importante para te entregar quando nos... - seu discurso foi interrompido pelo toque de chamada encerrada. - vermos. Ok...

Ainda surpresa e com o orgulho um tanto ferido pela audácia de sua sobrinha de encerrar a ligação do nada, Rebekah guarda o celular na bolsa que está numa das cadeiras da mesa em que ela está sentada e suspira. É uma bela tarde em Paris, de brisa leve e céu azul. Claro, essa beleza também é reforçada pela localização da mesa que reservou no lado externo do Chez Francis, que tem uma vista privilegiada da Torre Eiffel. É um lugar bonito o suficiente para perder horas admirando e calmo o bastante para relaxar enquanto se reflete sobre tudo o que viveu há poucas semanas. Um bom lugar para lidar com o luto. E, claro, deveria ser um bom lugar para conversar com sua única sobrinha, caso esta quisesse. Mas Rebekah não quer focar em sentimentos negativos; basta deles.

Por Todos Os Mundos | marbekahOnde histórias criam vida. Descubra agora