.Welcome To the Under city
O céu escuro de Zaun encarava de volta quem ousasse olhar para cima. A poluição engolia qualquer memória de uma noite estrelada, deixando apenas um negrume opaco e melancólico que parecia pesar sobre os ombros de quem vagava por suas ruas estreitas e irregulares.
As vielas, sujas e malcheirosas, eram cenário de uma peça que nunca terminava. Seus personagens, cada um em um figurino único e com histórias distintas, desempenhavam papéis que oscilavam entre o banal e o trágico: vendedores e compradores, sobreviventes e sonhadores, todos presos em uma luta constante contra seus próprios demônios e contra a dureza de um mundo que pouco lhes oferecia. Era apenas mais um dia em Zaun.
Ao longe, uma luz cálida e reconfortante cortava o cinza opressivo, oferecendo esperança a olhos cansados. Um brilho que destacava a fachada de uma taverna cuja presença dominava aquele canto sombrio da cidade: A Última Gota. A placa lustrosa oscilava suavemente ao vento, projetando sombras e promessas. O contraste entre a escuridão da cidade e a luz do estabelecimento fazia com que qualquer um, mesmo um passante desavisado, se sentisse atraído como um inseto para a chama.
Assim, quatro figuras esguias se esgueiraram pelas portas do bar, movendo-se com a furtividade de crianças que ainda acreditavam na ilusão de serem invisíveis. Elas tentavam passar despercebidas entre os frequentadores, mas não eram páreas para a experiência de Vander, o dono do local, que, com um único olhar, captou suas intenções.
De seu posto atrás do balcão, enquanto servia uma caneca a um cliente, Vander acompanhou os movimentos do grupo com a habitual mistura de preocupação e resignação que reservava a eles. Não era preciso interferir; ele sabia para onde estavam indo. Logo, as crianças desapareceram por uma porta lateral que quase se escondia na penumbra do ambiente.
Atrás daquela porta havia um espaço peculiar. Um porão modificado para servir de lar, ou algo próximo disso, para os cinco órfãos que Vander acolhera. O ar lá embaixo era abafado e carregado, como se a falta de ventilação quisesse relembrá-los de que estavam literalmente enterrados sob a realidade cruel de Zaun. No centro do aposento, uma lamparina de óleo lutava contra a escuridão, projetando sombras distorcidas nas paredes. Uma mesa velha e desgastada ocupava o espaço principal, cercada por poltronas que já viram dias melhores. Apesar de sua condição precária, aquelas cadeiras eram tudo o que tinham de conforto.
As crianças entraram e se espalharam pelo cômodo, deixando-se afundar nas poltronas como se o peso do mundo inteiro estivesse sobre seus ombros. O silêncio se instalou entre elas, tão denso que era quase palpável. Ninguém queria ser o primeiro a falar, cada um lidando à sua maneira com a culpa, a frustração e o cansaço de um dia que não fora fácil.
Foi então que um som baixo quebrou a quietude. De um canto do porão, onde a luz da lamparina mal alcançava, uma pequena silhueta franzina se moveu, recolhendo algo que caíra ao chão. Aos poucos, a figura emergiu da penumbra. Era uma garota de cabelos negros e desarrumados, como ondas agitadas de um mar sombrio, caindo em cascata sobre seus ombros magros. Seu corpo franzino parecia ainda menor dentro da camisa de flanela muito maior que ela, com mangas dobradas de forma desajeitada.
Os olhos amarelos da menina, cobertos por óculos grandes e sem lentes, eram a única coisa que brilhava em sua expressão melancólica. Com passos hesitantes, ela caminhou até o centro do cômodo e, com uma voz surpreendentemente profunda para sua idade, perguntou:
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𝑫𝑶𝑷𝑨𝑴𝑰𝑵𝑨 | 𝑬𝒌𝒌𝒐
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