I'll Be There For You - The Rembrandts

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A Anne chegou com um copo de suco e alguns biscoitos. Ela entregou e saiu.
Eu estava no tédio, então resolvi dormir outra vez. Me arrumei e Fechei os olhos, mas u.a conversa me chamou a atenção :
— Por que esta demora toda? Você sabe que eles não terão mais tanta paciência, Carlos. Me colocar aqui foi a última carta, depois disso... — uma mulher sussurrava, um tanto alto demais.
— Silêncio! Quer que a menina escute? — era a vez de meu pai.
— Não vai ter por que se preocupar com sua família feliz quando tacarem uma bala no seu coração.
Meu pai deu uma risada:
— Isso é ciúmes, querida?
Querida?
Não pude ouvir mais, caí no sono como se tivesse tomado algum remédio. Ou talvez estivesse sonhando o tempo todo.
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- Então é... Qual seu nome? — perguntei.
Eu sabia o nome dela, mas eu precisava checar aquela voz.
— Anne. — ela respondeu e algo estalou na minha cabeça. Era essa a mulher do meu sonho, porém era muito estranho, nunca a tinha ouvido falar.
Então, fiz o mesmo processo de sempre: terminei de me arrumar e fui para a escola. Semana de provas!
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— Não pode ser D porque a produção de manufaturas não faz parte da Revolução Industrial, ela muda esse cenário.
— Mas ela falava de espaços de manufatura,isso é comi uma idústria, não é? — retruquei Clarisse. Não que eu soubesse, afinal, História não era lá meu forte.
— Não, a A estava menos obscura. — ela me disse,dando o assunto como concluído.
— Mas não era óbvio demais? — Lucas retrucou, enfurecendo a menina. Ela não gostava muito de ser contrariada sobre algo que realmente era boa.
Leo estava sentado em uma mesa afastada, conversando com a tal Sabrina. Ele parecia chateada e ela jogava um turbilhão de palavras sobre ele. Fiquei chateada, isso poderia atrapalhar as notas dele, a saúde mental e tudo mais. Ele me pegou observando-o e sorriu, embora isso tenha irritado a ex-namorada dele que saiu à passos duros. Aproveitei a deixa para me aproximar.
— Você estava certa, mandar vídeo sem camisa para outras garotas realmente é um problemão.
— Me desculpe por isso — me sentei ao lado dele — E obrigada pelo dia do parque. Teria me perdido se estivesse sozinha.
Ele apenas sorriu. Nada de comentário sarcástico, nada de gesto teatral. O cabelo dele estava grande demais, os ombros caídos e olheiras tristes. Passei meus dedos pela cabeça dele e ele a deixou cair na mesa.
Quando o sinal bateu para voltarmos para a sala, ele finalmente disse:
— Cafunés realmente são os melhores agradecimentos.
Era esse o Leonardo que eu gostava de ver.
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Ao fim da última aula, juntamos o grupo para almoçarmos. De alguma maneira, entendemos que o Leo precisava da nossa ajuda.
— Sabe o que é melhor que chorar pela ex? — disse Lucas, recebendo o olhar curioso do restante — Tinder!
Leo deu o sorriso típico de ironia:
— E eu nem sabia que chorar pela ex era algo bom.
— Claro que é, mano! — retrucou Lucas — Quantos caras te a oportunidade de escutar sertanejo universitário e realmente entender a letra?
Segurei meu copo vazio e cantei:
“ Vou beijando esse copo, abraçando as garrafas / Solidão é companheira nesse risca faca...”
Lucas e Clarisse me acompanharam:
— “Enquanto cê não volta, eu tô largado às traças / Maldito sentimento que nunca se acaba”.
Todos da parte externa do restaurante, sorriram. Cantar o maior sucesso de 2018 tinha lá suas vantagens, ninguém reclamava, porque todo mundo conhecia e queria cantar junto.
— Amigos, está todo mundo encarando. — Sussurrou Leo.
— Acho que eles estão esperando você realmente beijar esse copo — eu disse, ainda meio empregada de tanto rir da situação.
— É, Leo, beija logo o copo — completou Clarisse, puxando um: — Beija! Beija!
Acredito que o restaurante achou que era para o Leonardo beijar alguém, porque logo acompanharam o coro e ele, como bom ator que era, tascou a língua na lateral do copo. E eu não me lembro de uma única vez que tenha rido tanto na minha vida.
Na verdade, lembro sim, foi no momento seguinte, quando a tal da Sabrina passou do nosso lado, em direção à uma mesa vazia. Leonardo Bastos segurava um copo babado na frente da boca enquanto sua mais recente namorada o encarava com desprezo. Seguramos a respiração por um momento. Até que Leo engoliou a sáliva da boca e disse:
— Não encare o copo com tanto ciúmes, você já me beijou, cada um na sua vez.
Ela rolou os olhos e saiu do restaurante com duas amigas. E foi esse o momento que eu mais ri na vida, porque o Leo também ria,envolvemos o grupo todo. Esse sim era um término de respeito e, claro, que nos ensinou uma lição ótima: cada um na sua vez.

Eu Apenas EsqueciOnde histórias criam vida. Descubra agora