Beautiful People Beautiful Problems - Lana Del Rey

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- Giu- a Clarrise veio me abraçando, no segundo dia e último dia que passaríamos juntos - Que saudade!
- Você a viu ontem!- o Lucas disse, ele parecia triste, mas irritado.
- Você também disse que estava com saudade.
- Mas eu estou!
- Calma - eu disse abraçando-o - eu também estou com saudades.
Sem querer, comecei a chorar, eu realmente sentiria falta deles.
- Oi Léo. - disse meio sem graça.
- Oi Giu - ele disse, limpando meu rosto.
- Giu?- disse a Clarisse - viemos por um motivo.
- Pode falar.
- Vamos fazer compras de tudo que for preciso para a viagem.
Eu não estava entendendo nada, mas fui.
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A primeira vez que encarei os verdes olhos de Lucas na escola senti minha espinha se arrepiando. Tudo o que envolvia era beleza e graciosidade. Lucas era extremamente honesto sobre qualquer assunto. Sabia como tratar de suas falhas tanto quanto suas várias virtudes. E é por isso que ele gostava tanto da Clarisse, porque entendia a alma dela e, mais do que todas as garotas que ele só pegava, mais do que até mesmo eu, Clarisse era íntegra e não deixava ninguém corromper seus ideais, por mais diversos que fossem.
- É garota, você mudou mesmo o ar daquele colégio - comentou ele entre uma bebida e outra em uma social de alguém que eu mal conhecia.
A música que tocava era Dusk Till Down do ZAYN. Não que eu seja melodramática, mas música importa muito para mim e, por vezes, a música está mais na minha mente do que a conversa em questão. Mas aquela combinava com o momento.
Eu sorri:
— E você ainda nem viu a melhor parte.
Nós ficamos aquela noite. Para nós dois, não tinha significado nenhum, só aproveitávamos muito da eletricidade do contato humano e, aos poucos, todo aquele contato nos transformou em grandes amigos.
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Paramos para almoçar e eu me sentei ao lado do Lucas, ele parecia bem mais triste (e sóbrio) que no dia anterior. Comecei a lembrar de tudo que tinha acontecido nestes poucos meses na nova escola.
Amores, grandes amizades, mudanças. Eu me sentia mudada e não era nada mal.
- Sabia que eu gosto muito de vocês? - disse.
- Sim - todos disseram juntos.
- Nossa- eu ri - Nem posso mais surpreendê -los.
- Pode acreditar - disse o Lucas me abraçando - Você sempre surpreende.
- Ei! - chamou a Clarisse- o Léo vai mostrar o lado ciumento dele.
- Haha - fingiu o Léo - Até parece. Eu? Ciumes? Do Lucas?
- Até porque o Léo já viu coisa pior... - disse o Lucas, provocando como de lei.
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— Giulia Mendes apaixonada? — Clarisse riu, depois de eu contá-la que via algo diferente no Leo.
— Eu não estou apaixonada, boba — joguei um travesseiro na cara dela. Era a primeira vez que dormia na casa dela, mas, mais importante que isso, foi quando eu realmente percebi que éramos mesmo amigas, não conhecidas por comodidade.
— É só um... Não sei, carinho? — falei, fechando os olhos e sorrindo.
— Está aí, nem consegue falar, a-pai-xo-na-da. Caidinha por ele! Giu e Leo pra sempre — e fez uma carinha apaixonada que combinava com seu rosto angelical e olhos azúis. — Aproveita que eu acho que ele também gosta de você!
— Amiga, ele me odeia. Eu te falei que eu... — e tive um ataque de riso. Só de lembrar me enchia de nervosismo.
— Mendes, fala logo! — respondeu Clarisse, também rindo contagiosamente.
— Eu desmaiei! E ele me levou pra casa...
E A noite seguiu acordada, entre conversas e confissões. Séries de comédia e muitas calorias. E, claro, mousse de madrugada.
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Deixamos as sacolas em casa e fomos até o parque só para assistir o pôr do Sol. Lado a lado no gramado do parque parecíamos saídos de um filme adolescente. Daqueles cheios de pequenos e previsíveis dramas, mas que enchem nosso coração de esperança por sempre acabar tudo bem.
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— Quero que venha comigo — sussurrei no ouvido de Leo assim que deixamos Clarisse e Lucas em um carro.
— Pedindo assim com tanto carinho... — ele me puxou pela cintura e beijou meu pescoço.
— É sério — eu sorri — Vamos antes que fique muito tarde.
Entramos em um táxi e eu falei um endereço.
— A rota será maior porque a Paulista está fechada. — o motorista informou.
Deixei a cabeça cair nos ombros do Leo e sorri:
— Leve o tempo que precisar.
Olhava atentamente pela janela a beleza de São Paulo ao cair da noite. De todas as cidades em que eu morara, São Paulo era a única que me tinha como refém de um sincero sentimento de lar. Eu amava a cultura que envolvia cada esquina, amava q diferença das pessoas e todos os programas que se podia fazer. Amava saber que eu nunca conheceria a cidade toda e que sempre teria a oportunidade de me surpreender.
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— Obrigada por abrir por mim — comentei com Joyce, uma tatuadora e artista nata, extremamente próxima da minha mãe.
— Imagina, gata. Carnaval não é muito minha praia mesmo — comentou. Ela era baixinha e tinha um belo sotaque carioca. Os braços pequenos eram recheados do coloridas flores e animaizinhos. Encontraria um jardim no seu corpo — Seu namorado?
— Sim! Leo, Joyce. Joyce, Leo.
Olhei para ele, que estava extremamente confuso, porém, educadamente segurou a mão de Joy em um cumprimento.
— Vou tatuar uma coisa. Queria que estivesse junto. — expliquei para Leo, que logo abriu um sorriso.
— E o que é?
— Você vai ver. — retirei todas as pulseiras do meu braço direito. Grande parte das feridas superficiais já tinham cicatrizado e Joyce escolhera essas para cobrir — Eu vou deixar as feridas abertas fecharem e talvez eu tatue também.
Ele sorriu com uma felicidade tremenda. E acomoanhou todo o processo. Rimos bastante de histórias da juventude de Joyce (que era uma verdadeira hippie) e os dois eram cúmplices ao tirar sarro de minha dor exagerada.
Ao fim do processo tinham cinco linhas perfeitas e uma clave de sol desenhados no punho.
— Daqui um mês e pouquinho, você volta aqui que a gente joga uma aquarela por cima.
Troquei um triste olhar com Leo e só conseguir dizer:
— Claro!
Peguei pelo trabalho à Joyce e fomos embora. Eu não voltaria para a aquarela, mas estava muito feliz pelo passo que tinha dado à minha recuperação.

Eu Apenas EsqueciOnde histórias criam vida. Descubra agora