All I Want - Kodaline

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Decidi que a primeira coisa que deveria fazer era procurar a tia Mariana. Nunca fui muito fã dela, uma manicure, irmã da minha avó, que vive no outro lado da cidade.
Eu acho que só a visitei umas duas vezes na vida. Procurei o nome dela no grupo da família e mandei uma mensagem perguntando sobre o endereço.
Tinha saído correndo de casa, com uma das mochilas que tinha arrumado, a carta da minha mãe e meu celular. Parara em um ponto de ônibus para decidir o que fazer então. Enquanto minha tia nso respondia, mandei uma mensagem para o Leo. A noite já estava caindo e eu realmente não sabia andar pela cidade com o transporte público.
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- Ei, meu amor - Leo disse, puxando-me para um abraço quente.
- Nada de piadas irônicas como saudação? - disse a ele depois de um beijo.
- Agora não preciso mais impressionar você. Vamos, me mostra esse endereço aí.
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Chegamos em uma casa no subúrbio. Pequena com um jeito velho e até um pouco assustador.
Mas minha tia era diferente de como eu lembrava. Nos recebeu com um enorme sorriso como se estivesse nos esperando, mas pensando bem ela deveria estar. Logo vi meu avô sentado no sofá, parecia cansado e triste. Se levantou e me deu um abraço apertado, nem me lembro da última vez que o vira.
-Querida!- disse Mariana abraçando à mim e o Leo.
-Oi tia! - respondi.
- Legal, agora ela é tia- olhei para ver quem era a dona da irônia e uma garota negra de olhos bem verdes surgiu de uma das portas.
- Desculpa, mas quem é você?
- Emilly, sua prima... Se é que a madame se importa- ela revirou os olhos e saiu.
- Desculpe sua prima- disse tia - Ela é assim às vezes.
- Tudo bem - disse - Ela tem razão.
Ficamos conversando e tomando café por um bom tempo, a tia Mari era uma pessoa bem simpática. Mas eu precisava resolver meus problemas. Então, logo que meu avô foi dormir, joguei a bomba:
- Tia?
- Sim- ela respondeu sorrindo.
- E a minha mãe?
O sorriso dela sumiu pela primeira vez desde que chegara lá.
- Querida, eu não posso falar nada com você sobre a sua mãe. Minhas ordens são manter você é seu avô como hóspedes até a viagem para a Espanha.
- Espanha? - Leo engoliou em seco.
- Eu não te disse que meu avô mora lá, não é? - respondi à ele, triste. Ele negou com a cabeça.
- E quando... Quando você vai? - ele disse, com a voz embargada.
Olhei para a tia Mari para perguntar. Mas outra voz me respondeu:
- Em três dias - disse me avô do batente da porta - E eu não quero ouvir falar mais nisso.
Engoli em seco. Sabia que, dali para frente, precisaria engolir meu orgulho para que ver brotar certa esperança. Senti os dedos gelados da mão do Leo, envolverem os meus. Esperança.
- Giu, eu preciso ir, antes que fique muito tarde.
- Eu te acompanho até a porta.
Fomos juntos até a saída.
- Eu prometo que volto amanhã. E todos os dias até que você vá. Vou falar com o Lucas e a Clarisse. Você não vai passar por tudo isso sozinha e...
- Ei, shh! - coloquei o dedo sob seus lábios - Você já está deixando tudo bem.
Ele me beijou devagar. Eu podia sentir todo o Universo emanando das nossas energias juntas. Era eletrizante. Eu sabia disso e o Leo também.
- Você quer namorar comigo? - ele disse derrepente.
- Você sabe que eu vou passar só três dias aqui, não sabe? - falei, assustada. Mas logo sorri, e eu lá tinha motivos para ter medo? - Quer saber, quem se importa? Eu quero, mais que tudo.
- Fechado então, minha Nova Namorada de Três Dias.
Eu ri. Só mesmo aquele palhaço para me fazer feliz.
- Eu vou te amar pra sempre. Aqui ou na Espanha.
- Não faça promessas assim. Fiquei sabendo que os garotos espanhóis são uma graça...
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Depois que o Leo saiu, liguei para a Clarisse. Ela passava o feriado com os pais no litoral. Não sabia se voltaria para me ver, mas não queria perder as esperanças.
- Eu não sei, Giu, não pode ficar mais? - ela disse, chorando como eu nunca antes tinha ouvido - Você é importante demais para mim. Você sabe, não sabe?
Três dias. Eu já não sabia o que pensar. Apenas três dias e eu estaria em um lugar completamente diferente. Cheio de pessoas estupidas que aposto que não dariam a minima para quem eu sou. O que seria de mim? Esquecida? Colocada de lado?
Eu não queria mais saber, meu problema era outro. A saudade.
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- Ei, madame! Acorda!- uma voz tirou meu sono. Era a Emilly- seus amigos estão aí.
- Obrigada. - Ela não me respondeu, só virou os olhos e saiu.
Coloquei qualquer coisa que prestasse e fui para a sala. Clarisse tinha voltado de ônibus só para me ver. Lucas, com olhos de ressaca, me comprimentou com:
- Giulia Mendes, como você tira minha farra com uma besteira dessas?
Ri com pesar e abracei meu namorado.
Meu namorado. Eu não me cansaria dessa.

Eu Apenas EsqueciOnde histórias criam vida. Descubra agora