Ring

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Sabina

Acordei naquela manhã com Heyoon batendo na minha porta no mínimo umas mil vezes. Acredito que essa era uma das únicas coisas que eu detestava em morar na casa da Delta. Você não está totalmente livre. Sinto como se ainda estivesse morando com meus pais no México, a diferença é que agora os meus pais são uma baixinha coreana.

Não é como se eu detestasse tudo ou nada do tipo, mas é que às vezes a Heyoon passa um pouco dos limites, deve ser sei lá, 7 horas da manhã e ela tá quase destruindo a minha porta.

Heyoon Jeong vive literalmente a vida que quero viver em alguns anos. Ela é 3 anos mais velha que eu, mas entrou apenas 1 ano antes de mim. Ela veio da Coreia do Sul para UCLA realizar Artes Plásticas, entrou para as Líderes de Torcida no primeiro semestre do seu primeiro ano e era tão boa no que fazia que no seu segundo semestre ela já foi promovida a Capitã. Heyoon também entrou para a Delta Gamma naquele ano, ela nos disse que foi um ano difícil para ela na sonoridade, pois ela era literalmente a única menina asiática. Ela disse que teve sorte que a Presidente da Delta tinha realmente ido com a cara dela e meio que a adotou como braço direito, mas as outras meninas não gostavam muito dela. Depois do seu primeiro ano, a maioria dessas meninas se formou e com a Presidente deixando claro que queria Heyoon tomando seu lugar, as outras saíram e ela teve que reerguer a Delta do zero.

As coisas ficaram mais calmas quando Hina e Sofya entraram para as Líderes e vieram fazer parte da sonoridade. Elas são o braço direito de Heyoon. Logo mais líderes começaram a entrar, mas não eram meninas o suficiente e a Universidade estava ameaçando acabar com a Delta. Como Heyoon também estagiava no Centro de Saúde e Nutrição, pois ela fez curso de enfermagem na Coreia antes de vir para LA. Lá ela conheceu Diarra, que tinha acabado de entrar para o time de vôlei junto comigo. Diarra falou para Heyoon que iria ajudá-la e conseguiu convencer grande parte das calouras do vôlei, inclusive eu, para entrar para sonoridade. Heyoon conseguiu os números, mas ainda faltava dinheiro. Tentamos de tudo, mas a Universidade disse que se não conseguíssemos o mínimo para nos manter eles ainda fechariam a Delta e é aí que Any entra. Any Gabrielly era uma rica brasileira que veio para UCLA fazer jornalismo e conseguiu convencer sua tia a financiar a sonoridade em troca de fazer parte da sonoridade e conseguir exclusivas com o time de vôlei e as Líderes. Heyoon obviamente concordou e hoje, depois de 1 ano e meio, nós conseguimos elevar o status da Delta para uma das melhores sonoridades da Universidade.

Claro que com isso vem algumas coisas chatas como a Heyoon batendo na minha porta às 7 horas da manhã de um sábado.

— Você sabe que horas são? — Eu disse abrindo a porta e dando de cara com Heyoon pronta para bater na minha porta mais uma vez.

— Você sabe que horas são? — Ela me perguntou de volta e cruzou os braços. Ok, eu não sabia se eram 7 horas da manhã, pois eu só levantei da cama no automático para pedir para ela parar de bater e nem olhei o relógio.

— Sete horas? — Respondi e vi ela respirar fundo na minha frente.

— São 11 horas, Sabina. — Ela me disse e eu arregalei os olhos, eu tinha várias coisas para organizar naquela manhã. Iriamos dar uma festa hoje. — Não se preocupe, eu as meninas já organizamos quase tudo.

— Por que você não me acordou antes? — Perguntei.

— Bom, você fica ranzinza quando é acordada, fica resmungando com tudo e eu não queria me irritar com você de manhã por que provavelmente já vou me irritar com você e a Sina de noite. — Ela disse e em partes fazia sentido. — Porém, você e a Any vão ficar responsáveis por entregar os panfletos da festa.

— Você sabe que eu odeio. — Eu disse e ela sorriu.

— Sei, mas esse é o preço por não acordar no horário programado. — Heyoon confessou e olhou fixamente para mim. — Esse sutiã é meu?

Match Point (Joalina)Onde histórias criam vida. Descubra agora