12 - INTERNATO - PARTE 2

1.6K 59 13
                                    

JJ

Já estava quase anoitecendo quando percebemos que Kiara não iria chegar. Frustado, peguei meu capacete e o arremessei o mais longe que pude. Precisava saber o que estava acontecendo. Por que Kiara não atendia o celular? Por que ela nos deixaria esperando sem avisar nada? Eu não conseguia entender...
De repente, lembrei da nossa breve despedida mais cedo. Kiara estava muito emotiva para quem ia começar uma nova vida com os amigos em outros país. Minha cabeça começou a explodir e, então, decidir ir até a casa dela para tirar minhas conclusões.

— Não vai, JJ. Talvez os pais dela tenham a pegado e agora devam estar dando a maior bronca nela. Você só vai piorar as coisas se aparecer por lá. - Disse Sarah, tentando me acalmar.

— É verdade, JJ. Você tá com a cabeça quente agora. Podemos deixar o México pra amanhã. - John B. complementou.

— Vocês não estão entendendo, gente. Tem alguma coisa errada com a Kiara e eu preciso descobrir o que é. - Retruquei irritado.

— E você vai fazer o quê? Invadir a casa dela e a tirar de lá às forças? - Perguntou Cleo.

— Sim, Cleo. Se for preciso, é exatamente isso que eu vou fazer. Alguém vem comigo?

Sarah e Cleo olharam para os lados querendo se livrar da situação, pois elas tinham tanto medo dos pais da Kiara quanto eu. Compreensível. Até que John B. se ofereceu para me fazer companhia.

— Tá, cara, vamo nessa. Mas se ela estiver de castigo, a gente cai fora de lá pra não piorar as coisas pro lado dela. - Disse John B. indo em direção à minha moto.

Chegando lá, percebemos que a luz do quarto da Kiara estava apagada, então, resolvemos dar a volta pela frente, indo em direção aos degraus da varanda.
Abaixados como ninjas, vimos o Sr. e a Sra. Carrera jantando na sala principal, mas sem a Kie.
Então tentamos ligar para o celular dela, mas dessa vez, usando o número da Cleo, pois a mãe da Kiara ainda não conhecia a nova integrante do grupo.
Para nossa surpresa, vimos a Sra. Carrera atender o celular da Kiara que estava em cima da mesa de jantar.

— Telefone da Kiara, em que posso ajudar?

Imitando a voz mais ridícula e feminina que conseguia fazer, prossegui com a ligação.

— A Kiara está, senhora? Preciso tirar umas dúvidas de biologia.

— Não, meu bem, Kiara não se encontra. E desculpe por ela não ter avisado, mas minha filha trocou de escola hoje.

— E onde ela estuda agora, senhora? - Perguntei, tentando manter o disfarce diante daquela informação.

— Ela está em Charleston agora, querida. Boa noite. - Respondeu e, em seguida, desligou o telefone.

De repente, não consegui mais conter a minha raiva, então, sem avisar John B. atravessei a varando e fui direto ao encontro dos pais da Kiara.
Desesperado, John B. perguntou:

— O que você tá fazendo, cara? Sai daí!

— Vai ligando a moto. - Respondi friamente.

— O que vocês pensam que estão fazendo? - Gritei, invadindo a sala dos pais de Kiara.

— O que você tá fazendo aqui, garoto? Quem te deu permissão pra entrar? - A Sra. Carrera respondeu no mesmo volume.

— Eu sei o que fizeram com a Kiara. Como podem tê-la mandado para um internato? Ela não merecia isso!

— Você não sabe o que ela merece, menino. - Disse o Sr. Carrera enquanto se levantava da mesa.

— Eu não me importo, quero falar com ela agora! Ela jamais iria pra um lugar desses por vontade própria. Sei que vocês a forçaram! - Gritei quase chorando.

— Eu não teria tanta certeza disso, rapaz. - Disse a mãe de Kiara, vindo em minha direção com o celular na mão.

Ao me entregar seu celular, li as últimas mensagens que foram trocadas com a Kiara naquele dia. Era verdade. Kiara tinha se entregado para os pais e permitiu que eles a mandassem para longe.
Sem reação, joguei o celular de volta na mesa e saí em direção à varanda.

— É melhor você não voltar aqui, garoto, ou eu chamo a polícia. - Disse o Sr. Carrera em tom de ameaça, mas sem gritar.

— A Kiara ficará melhor sem vocês, ela tem um futuro pela frente. Deixem-na em paz! - Gritou a Sra. Carrera.

Desci as escadas e fui em direção ao John B., que já estava com a moto ligada.
Sem entender nada, ele me perguntou:

— O que deu em você, cara? Cadê a Kiara?!

Não consegui responder, então só balancei a cabeça negativamente, indicando que não queria falar nada.
Subi na moto e voltamos para casa.
O resto do grupo nos aguardava na sala do John B.

— Ela não tá mais aqui. - Falei olhando pra baixo.

— Do que você tá falando, cara? Como assim ela não tá mais aqui? - Perguntou Pope, histérico.

— Ela foi pra Charleston. Os pais a mandaram para o internato.

— Então a gente tem que fazer alguma coisa! Precisamos tirar ela de lá! - Disse Sarah, desesperada.

— Não, Sarah. Não vamos a lugar algum. - Respondi em um tom sério.

— Do que você tá falando, cara? É da nossa melhor amiga que a gente tá falando! - Retrucou John B.

— Acontece que a nossa melhor amiga escolheu ir pra lá, John B. Ela já tinha combinado tudo pelo telefone com a mãe dela. - Falei soando o mais bravo que o normal.

— Não pode ser verdade, JJ. Ela que apoiou a nossa viagem pro México, não faz sentido... - Disse Sarah percebendo que provavelmente ficaria sem a melhor amiga pelos próximos anos.

— É verdade, Sarah, eu vi tudo. A mãe dela me mostrou o celular. Pelo horário, ainda estávamos no barco quando a Kiara entrou em contato com os pais. Eu sou um idiota mesmo... - Num impulso, soquei um pequeno espelho que ficava pendurado na parede.

O espelho ficou em mil pedaços. Olhei pra minha mão ensanguentada, mas não me importei. Eu precisava de ar, estava sufocado com todas aquelas informações e com o resto do grupo me enchendo de perguntas.
Eu só queria entender o porquê de tudo aquilo. Os nossos últimos dias na ilha tinham sido um sonho, eu nunca tinha me sentido tão completo.
Mas era passado. Eu não tinha mais o ouro, a cruz, meu pai e, agora, a Kiara.

Depois de um tempo, John B. veio correndo em minha direção com um pano e alguns curativos para o meu corte estúpido.

— Você tá bem, cara? - Perguntou John B. que já poderia imaginar a resposta.

Não respondi.

— A mãe dela tava certa. - Disparei.

— Sobre o quê?

— A Kiara tem um futuro, cara. Se ficássemos juntos, eu só seria um obstáculo na vida dela. - Falei cabisbaixo.

— Qual é, JJ? Não fala isso. Os pais da Kiara não te conhecem como a gente, por isso disseram essas coisas. Mas eles estão errados, ok? - John B. tentou me colocar pra cima.

— Não importa, cara. Eu nunca vou poder dar a vida que ela merece. Eu não sou um kook...

— E que bom que não é! - Retrucou John B.

— O Pope também tinha razão. Eu não sou bom o suficiente pra ela.

— Ele disse isso?! JJ, você sabe que o Pope ainda tem sentimentos por ela, provavelmente disse isso porque sentiu ciúmes.

— Talvez.

— Só sei que você precisa levantar a cabeça, irmão, reagir. A gente vai tirar ela de lá. Kiara não toma decisões em vão.

John B. estava certo. A Kiara sempre tinha motivo para fazer as coisas que fazia e, mesmo que esse não fosse o caso dessa vez, eu merecia uma resposta. Precisava saber o que tinha acontecido. Eu precisava dela e não ia desistir assim.

__________

JJ tristinho é de partir o coração 💔

Mas me contem, o que vocês acham da decisão dos pais da Kiara? Sensatos ou insensíveis?

Até o próximo 🔥

NOSSO ÚLTIMO VERÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora