Capítulo 17

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Théo Sullen

Encaro minha esposa que está em total silêncio depois de ouvir as palavras da Mila. Minha avó coloca uma mão no ombro dela e ela olha para Tammy que está no colo da minha avó.

— Mila,eu já ouvi falar sim que tem mulheres que fazem isso,mas... — minha esposa me interrompeu colocando sua mão encima da minha.

— Você tem certeza que não afetará o estoque da maternidade? — Ima pergunta e Mila lhe lança um sorriso.

— Esse ano temos recebido muitas doações para o banco de leite e com certeza que teremos até para o início do ano que quem, vamos tentar dar o leite materno pra ela e ver como ela irá reagir a essa mudança. — ela diz e pega sua bolsa que estava do seu lado e abre tirando um recipiente meio esquisito.

— foi só falar da comidinha dela,que a malandrinha já abriu os olhos. — vovó Mari diz pegando na mãozinha da bisneta e dando um beijo.

— deve ser fome, tadinha da minha bebê. — minha esposa fala passando uma das mãos na cabeça da nossa filha.

Mila levanta e segue em direção a cozinha com vovó Mari,levando o recipiente esquisito com ela.

— Sabe o que sinto?. — minha mulher pergunta e eu a olho confuso. — que estamos nos afastando do Senhor,já não oramos com a mesma frequência, não vamos muito a igreja, e nós devemos nosso casamento a ele,nossa família,nossos bens,nossa saúde, devemos tudo a ele que em troca só quer que a gente o sirva e passe a palavra de que seu filho está voltando.

— você tem razão,parece que não temos dado a devida atenção que ele merece, não tiramos o nosso tempo para lhe agradecer da maneira correta. — concordo com ela,e acho que estávamos usando a desculpa que muita gente usa: não tenho tempo,tenho muita coisa pra fazer...

E acabamos nos esquecendo de louvar e orar por tudo que somos e que temos.

— mas não podemos de forma alguma o diabo se apossar daqui que Deus nos ofereceu de borla,a nossa fé. — ela diz e vejo um brilho em seu olhar,eu admiro demais essa mulher,como alguém pode passar por tanta coisa e ainda assim não ter um pingo de maldade?

— então vamos começando pela missa de hoje a noite. — falo a puxando para um abraço e ela deita a cabeça em meu peitoral.

— você tem que perdoar,tirar toda essa mágoa que tem dos seus pais, porque só assim vai sentir paz.— ela diz e deixa um beijo em minha bochecha antes de se levantar e seguir pelo mesmo caminho que as outras,a cozinha.

Respiro fundo olhando para o teto branco. Ouço vozes no quintal e me aproximo da varanda vendo meus filhos brincando.

Olho para o céu que começa a escurecer e suspiro fechando os olhos.

Senhor... perdoe-me pelas vezes que senti raiva e não o procurei,pelas vezes que sorri e não o agradeci,pelas vezes que conquistei vitórias e não cheguei à orar para o agradecer.

Peço forças Senhor,para lidar com o maior inimigo da humanidade,eu repreendo qualquer dúvida, qualquer fraqueza, qualquer maldade que queira se apossar de mim e da família que o Senhor me deu. Amém.

Agora sinto que devo procurar meus pais,pedir perdão por qualquer coisa que tenha feito e os perdoar.

— Nalah, Pietro,está na hora do banho. — grito avisado e eles deixam o que estão fazendo para vir correndo.

— papai,será que hoje o senhor pode ler a história de José e Maria de novo na hora de dormir?. — Pietro pergunta,e eu sorrio.

— claro que sim campeão, agora vão tomar banho que eu estou sentindo o cheiro de dois porquinhos e não é nada agradável. — faço careta e eles saem correndo em direção aos seus quartos na mesma hora.

Pietro as vezes nos chama de pai e mãe,as vezes tio e tia, entendemos que vai levar tempo até ele nos aceitar verdadeiramente na sua vida e não o pressionamos para nos chamar de pais. 

A VencedoraOnde histórias criam vida. Descubra agora