Capítulo 23 - Indecisão

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Finn

Eu consegui chegar em casa a tempo. Arrumei minhas coisas e me aprontei, depois desci pro café da manhã. Todos estavam quietos e, por mais milagroso que seja, até o Joseph permanecia em silêncio, sem suas implicações.

Saboreei os pedaços de panqueca mesmo sem fome alguma. Precisava estar bem para poder descobrir os responsáveis pelo que aconteceu com meu irmão. Custe o que custar.

-Vocês tem notícias do seu irmão? - Perguntou Amanda, preocupada.

-Não se preocupe, mãe. Ele deve estar na casa de um amigo. Rick só precisa ser um tempo agora. - Respondo.

Na verdade, eu sabia que ele não estaria na casa de um amigo. Pelo que conheço do meu irmão sei que ele tentará dar um jeito de achar o lugar onde Liz foi enterrada e não vejo o porquê de não o deixar ir.

-Na casa de um amigo? - questionou Joseph. - A única amiga que eu conheço dele nem amiga era de verdade. - Disse, começando a rir.

-Você estava bem melhor calado, sabia? - Retruquei. Meu irmão me olhou com uma expressão feroz, no entanto voltou a saborear seu cereal. - Melhor eu ir, não quero me atrasar para a escola. - Continuo, levantando-me da cadeira.

-Claro, depois de dias sem ir... - Disse Joseph. Era incrível como ele gostava de se intrometer em tudo, ainda mais em como ele me tirava do sério.

-Para a sua informação eu não faltei porque quis. Estava de atestado. - Reclamei.

- Não. Eu tenho certeza que você quis isso. Você tomou mais remédios do que devia porque quis. Então, sim, se faltou à  escola foi por sua própria culpa. - Ele dizia de forma ríspida. Sempre esboçando um grosseiro sorriso em seu rosto.

-E quem pensa que é para falar alguma coisa?! Porque sinceramente, você com vinte anos na cara não faz nada além de reclamar! E quer saber? Seria mil vezes melhor para todos nós se no lugar do Richard fosse você! - Extravasei. O silêncio atordoante permaneceu, o calor esbofante de raiva me invadia. Era como se eu carregasse ela a anos.

Minha mãe me olhava com um misto de choque e surpresa, e Joseph me encarava com espanto, quase imóvel.

Senti o peso de minhas próprias palavras, mas não podia ignorar a repulsa que sentia pela futilidade do meu irmão. Não entendo e talvez nunca estenderei o porquê dele ser assim. O que sei é que por muito tempo deixei que suas palavras se tornassem um veneno para mim.

Saí dali farto daquele situação. Andei até a sala e peguei minha mochila que já estava em cima do sofá.

-Me desculpa por isso, mãe. - Digo. Olhei em sua direção, ela apenas deu um sorriso sem jeito, apesar de sua expressão triste. Eu sai de casa e esperei o ônibus escolar.

Toda aquela situação realmente me incomodava. Quem sabe se tudo teria sido bem melhor se tivéssemos dito a verdade desde o início? Tudo que desejo agora é que meu irmão esteja bem.

Entrei assim que avistei o ônibus parar. Lá estava Jorge, sentado no banco dos fundos. Nossa última conversa não foi lá das melhores. Na real, me senti mal pela forma que o tratei. Por mais chateado que tenha ficado com a situação era fato que uma hora ou outro Richard lembraria de tudo.

Aproximei-me dele. Não sabia ao certo o que dizer, mas sabia por onde começar. Parei ainda em pé no ônibus encarando-o antes de dizer:

-Me desculpa. - Dissemos em uníssono.

-Ah.... Eu que deveria te pedir desculpas, Finn. Você tem razão, não deveria me intrometer nisso. - Respondeu.

-Não, eu que te devo desculpas... fiquei irritado e acabei jogando a culpa em você. Sei que a sua intenção era de ajudar. - Respondo, sentando-me no banco vago ao seu lado.

A garota dos meus sonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora