O caminho foi silencioso até a loja de Donut. Não sei se era apenas para mim a sensação perturbante daquele silêncio. Willian ligou o rádio que tocava uma música dos Queens - Bohemian Rapshody e começou a cantar. Sua feição era terna.
-É sua banda favorita, não é? - perguntou, encarando a estrada a frente.
-Sim, eu gosto das músicas deles.
-Então pelo visto ainda lembro. Seu gosto não mudou. - Diz olhando para mim com expressão de simpatia.
-Não sou apegado a mudanças. - Digo de forma breve.
- Eu imagino. - Respondeu.
Nunca foi tão difícil para mim fingir tranquilidade e não transparecer meus sentimentos. Era como uma luta por contradição, ele sempre foi como um pai para mim, como poderia estar envolvido em algo assim?
Eu e Jorge somos amigos há muito tempo. Willian me conhece desde que era criança e sempre me aconselhava ou nos levava para passear. O inimigo mora ao lado há tanto tempo e nunca percebi isso. Agora que Richard se recordou de tudo só ele será capaz de dizer se Willian Clark esteve envolvido naquele dia. O desgosto de imaginar que ele possa ter feito isso com meu próprio irmão me corrói. É duro demais para digerir.
-Tá tudo bem, Finn?
-Sim, só estou pensativo mesmo. - Respondo brevemente.
Em poucos minutos chegamos na loja. Não era tão longe. Eu saí do carro e o acompanhei para dentro dela.
-Boa tarde! Gostaríamos de pedir os donuts especiais do dia, por favor. - Diz Willian próximo ao caixa.
-Claro senhor, quantas irão querer? - A mulher perguntou.
- Humn... pode ser oito agora e mais oito para viajem. E dois Milkshake, por favor.
-Mais algum sabor além dos especiais? - Pergunta a moça, anotando em um bloco. William encarou-me esperando eu responder.
-Pode ser de chocolate também. - Digo.
-Dois de chocolate, por favor. - Respondeu para a moça. - Finn, enquanto isso procura um lugar para sentármos. - continuou.
-Tudo bem. Ah! Espera senhor Clark. Eu não trouxe dinheiro.
-Não se preocupe, fica por minha conta! - Respondeu dando um tapinha no meu ombro.
-Ok, obrigado. - Agredeci.
Fui em direção à mesa dos fundos próxima à janela. Era o mesmo lugar onde costumávamos ficar antigamente. A jukebox de anos atrás jazia ali, abandonada. A última vez que a vi funcionar, a mãe de Jorge ainda estava viva. Embora todo estabelecimento tenha sido levemente retocado com uma nova aparência, parece que uma parte permaneceu, e as lembranças brilham levemente, com um ar bem mais gelado.
Encarei a janela, pensativo e inquieto. Estar nesse lugar nostalgico não me ajuda muito. Ainda é irreal demais para se acreditar. Como alguém como Willian Clark se envolveria em uma gangue? As lembranças queimavam minha razão.
O senhor Clark se aproximou com uma bandeja, o atendimento foi bem rápido por sinal. Quando colocou sobre à mesa pude sentir o cheiro formidável daqueles donuts, causava-me ainda mais nostalgia.
-Fique à vontade. Confesso que mesmo tendo tomado sorvete, estava com saudades de comer os donuts desse lugar. Pena que Jorge não quis vir. - Alegou, pegando um donut para comer.
-É...eu também estava. - Respondo pegando um também. Assim que degustei fiquei admirado com o sabor. Era uma mistura de doce de leite com coco e uma pitada de banana. A combinação era estranhamente boa. Sem perceber, começei a comer rápido, abismado pelo gosto.
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A garota dos meus sonhos
Mistério / SuspenseTodos os dias Richard visitava a praça que tinha perto de sua casa, ele usava para ter um pouco de calmaria, porém mal sabia o garoto que havia um segredo que escondiam de si. De repente ele começou a sonhar com uma garota sentada sobre o balanço da...