Capítulo 37 - Então... acabou

42 6 53
                                    

Rick

Estávamos nos aproximando do local e ao longe conseguia distinguir quem estava lá e quem pude ver me chocou. Eram três  figuras: a do Finn, o Jorge caído ao chão e a outra que me deixou perplexo. Joseph!

Eu não sabia como me sentir naquele momento. Ansiedade? aflição? Angústia? Eu não sei ao certo.  Uma parte de mim queria fechar os olhos - temendo o pior -, e a outra queria correr até  Finn antes que fosse tarde demais.

-Se segurem firme! - Disse David. O policial aumentou a velocidade, talvez também temendo o pior. Eu não entendia o que estava acontecendo já que perdi a chamada com ele, contudo,  sabia que boa coisa não era. A chuva ainda castigava-nos. Outra cena que ocorreu rapidamente me deixou ainda mais surpreso. Assim que nos aproximamos, meu irmão apontou a arma para o Joseph e disparou nele.

A chuva diminuiu. O policial estacionou e saiu do carro fazendo sinal para  aguardarmos ali enquanto ele ia na frente. Minha vontade naquele instante era sair correndo até o meu irmão, entretanto, meu pai me conteve. Só pude observar David Jones se aproximar dele e atender o seu rádio.

Mais uma viatura - como sempre, no amém. - chegou ao local. Olhei para David apontando para o carro em que estávamos e vi meu irmão notar-me de dentro. Eu não pude me conter. Se podia sair ou não pouco importava. Abri a porta com toda força que tinha e corri até o meu irmão, abraçando-o.

-R-richard. - Respondeu com a voz embargada. Continuei abraçado a ele, sem impedir as lágrimas que rolavam do meu rosto.

-Finn, estou tão feliz de te ver! Eu pensei que... pensei... - Falho em concluir a frase. Desvencilhando do abraço.

-Eu também estou feliz em te ver, irmão. - Respondeu com um sorriso. Depois da adrenalina do momento voltei-me à realidade, analisando o cenário. Joseph caído ao chão, assim como Jorge. Ambos jaziam sem vida. Eu iria perguntar o que aconteceu após a ligação ser desligada, porém, vi ele encarar com tristeza o corpo de seu amigo.

-Eu... Eu sinto muito Finn. - Consolei.

-Ele me salvou. - Disse com brilho nos olhos, deixando as lágrimas escaparem do seu rosto.

Eu tenho que confessar que me senti mal por isso. Mesmo que eu não gostasse do Jorge, ele não merecia nada disso. Eu tinha muito o que agradecê-lo, infelizmente, não mais em vida.

David se aproximou de nós, encarando.

-Você deu sorte, garoto. Aquele rapaz estava segurando um explosivo. Se ele tivesse acionado acabaria para nós... Você ter o impedido nos salvou de uma explosão. - Diz David. Observei uma equipe retirando o objeto com cautela.

-O Joseph .... eu nunca imaginei que ele fosse capaz... Então era ele que estava por trás de tudo? - Pergunto, ainda desacreditado.  Levaria um tempo para processar tudo que aconteceu.

Finn apenas afirmou com a cabeça.

-Vocês o conhecem? - Perguntou.

-É o nosso irmão. - Respondi com desapontamento.

Eu sabia que Joseph era um babaca, mas a esse ponto? Como ele pôde? Eu tinha tantas perguntas a fazer, entretanto, pela feição do meu irmão, eu sabia que não era uma boa hora. Sabia bem como ele se sentia. Perder o melhor amigo bem diante dos olhos, eu conhecia bem aquela dor. E, para piorar, ter que puxar o gatilho da arma e matar o próprio irmão. Mesmo sabendo que o Joseph é quem estava por trás de tudo, ainda sim, é doloroso.

Finn colocou a mão sobre o ombro fazendo uma careta leve de dor. Agora que  notei, havia uma ferida em seu ombro.

-eles conseguiram te atingir?! - Perguntei, surpreso.

-Não se preocupa maninho, não foi nada demais. - Ele disse em um tom simpático e zoeiro, dando um leve toque em meu ombro.

-Tá bom, Homem de Ferro, vou fingir que acredito. - Zoei, retribuindo o toque no automático, mas já esquecendo da ferida.

-Aíi! Richard! - Advertiu, rindo da própria desgraça.

-Desculpa! desculpa!! Eu esqueci. - Coloco a mão na boca, rindo de nervoso. - Mas o senhorito não disse que não foi nada demais? - Retruco.

-É, mas doí mesmo assim. - Respondeu. Ele disfarçou olhando para o outro lado enquanto ria.

Os breves segundos de descontração passaram, voltando novamente à raiz de tudo.

Uma equipe médica retirava os corpos da cena: Willian, Jorge e Joseph. Apesar de saber que foi Willian - o pai de Jorge - que atirou em mim, o que Finn tinha dito em ligação até que fazia sentido. Embora eu jamais venha descobrir o motivo que o levou a entrar nessa "gangue," ainda assim, eu sentia pena. Jorge... Eu não tinha mais motivos para simplesmente não gostar dele, ele esteve com meu irmão e o ajudou. E Joseph... não consigo entender ainda. Nem sei o que aconteceu aqui entre eles, mas talvez o motivo seja o mesmo pelo qual eles nunca se deram bem.

Na verdade, a essa altura eu me sinto aliviado. Olhei ao céu, respirei fundo. Não conseguia explicar aquela sensação. Se era boa ou ruim. Apenas... bem, era uma sensação agridoce. O sol se fez presente de novo e um arco-íris surgiu do céu. Eu sorri, perguntando-me se Eliza estaria me vendo daqui, em algum cantinho no céu. Mas entendi, ela está aqui. Presente na brisa do vento, nos últimos gotejos da chuva e no vibrante arco-íris. É isso, acabou... realmente acabou.

A garota dos meus sonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora