Capítulo 12

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De: Jade <Jade_jade@mail.com>

Para: Thomas <euthomas@mail.com>

Enviada: 18 de junho, 08:00

Assunto: Tentando ficar bem

Querido Thomas,

Se eu soubesse que seria tão difícil seguir com minha vida, não teria deixado você partir.

Espero ficar bem.

Da sua Jade.

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Após o mal-estar da noite passada, Olivia se prontificou a preparar um café da manhã a base de frutas para mim.

Minha pele pálida e a boca branca como papel, entregavam que algo não estava certo comigo. E realmente não estava. O mal-estar se prolongou por toda a madrugada, e na manhã daquela segunda-feira me sentia fraca e tonta.

- Come logo isso Jade, você precisa se alimentar – Olivia me oferecia pedaços de melancia – que eu nem lembrava que havia comprado na semana passada - e um copo de água de coco, mas a única coisa que eu conseguira até então era uma golada da água.

- Não consigo – resmunguei.

Ainda estava deitada em minha cama e não pretendia levantar-me tão cedo. Todas as vezes que tentei a tontura me desequilibrava, obrigando-me a voltar para a cama.

- Vamos ter que ir ao médico. Você não pode ficar assim – Olivia sentou-se ao meu lado com a tigela de melancia em uma de suas mãos. Sua voz soara séria e preocupada. – Vou chamar meus pais para te levar ao hospital.

Antes que Olivia pudesse pegar seu telefone, impedi seus movimentos segurando levemente seu braço.

- Não... não precisa – falei quase implorando, mas minha voz fraca invalidava minhas tentativas.

- Claro que precisa, não vou deixar você assim. – Sua voz era decisiva.

Decidi não debater, até porque estava fraca demais para isso.

                                            X

A semana se arrastou devagar igual uma tartaruga idosa. Depois do mal-estar no domingo, passei os últimos dias trancafiada em casa. Como era a última semana de aula antes das férias do meio do ano, não me preocupei em comparecer a faculdade.

O médico havia recomendado uma dieta rigorosa e alguns antibióticos, já que segundo ele o meu problema teria sido uma infecção alimentar. Olivia dormiu por dois dias em minha casa, para me fazer companhia e garantir que eu ficaria melhor.

Na terça-feira, Theo me ligara pela manhã perguntando se eu estava bem. A preocupação em sua voz era evidente e fiz questão de tranquilizá-lo. Ele prometera me visitar durante a semana, o que fiquei esperando ansiosamente, mas não aconteceu. 

Era domingo de manhã e uma leve brisa entrava pela janela semiaberta de meu quarto. Raios de sol atravessam a fresta da janela, obrigando-me a levar as mãos ao rosto na tentativa de me esconder do sol. Era a primeira vez que resquícios de calor começara a aparecer desde os últimos dias de junho, em que o frio e chuva era persistente.

Apalpei o espaço da cama vazia ao meu lado, a procura de meu celular. Assim como todas as manhãs, entrava diretamente no e-mail para escrever ao Thomas, mas percebi que desde segunda-feira não o fazia. Era estranho pensar que aquele hábito que eu criara desde a morte de Thomas, havia sido violado por quase uma semana.

Querido ThomasOnde histórias criam vida. Descubra agora