Capítulo 3

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De: Jade <Jade_jade@mail.com>

Para: Thomas <euthomas@mail.com>

Enviada: 10 de junho, 11:05

Assunto: Almoço de domingo

Querido Thomas,

Hoje é domingo e combinei de ir almoçar na casa da sua mãe. A Luiza praticamente implorou a última vez que eu estive com elas para que eu voltasse. Sua mãe disse que vai fazer lasanha, sua comida favorita.

Queria tanto chegar hoje na sua casa e encontrar você jogando aquele seu maldito jogo que você tanto amava, ou encontrar você com a Luiza na sala fazendo alguma atividade. Sua casa é tão silenciosa sem você.

Ontem fui em uma festa a fantasia que a Isabeli organizou. Até que foi legal, mas fui embora mais cedo do que esperava porque a Olivia não estava se sentindo muito bem, acho que foi pela falta de álcool ou pelo excesso da outra noite no bar. Enfim, foi uma noite divertida.

Espero que hoje o dia seja agradável. Amanhã volto com mais informações.

Te amo para sempre.

Da sua Jade.

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Acordei na manhã de domingo com uma forte dor de cabeça. Como dissera Olivia: "Parecia que um trator passara por cima de mim". A sensação era de que mil facas atravessavam meu corpo simultaneamente. E nem precisei fazer muito esforço para estar assim. Ontem durante a festa tomei no máximo dois copos de gin tônica e um shot de tequila. No meu normal aguentaria muito mais que isso.

Logo hoje que a ressaca pairava pesadamente sobre mim, havia prometido a mãe do Thomas que iria almoçar com elas. Precisaria estar melhor para não chegar em sua casa com a aparência digna de um apocalipse zumbi.

Me apressei a tomar banho cedo para espantar a cara de sono e tirar todo o resquício de maquiagem da noite anterior. Tomei um analgésico para melhorar as dores no corpo, que me faziam querer retornar para o conforto de minha cama.

Por volta do meio-dia já estava pronta para ir. O domingo estava ensolarado, com somente algumas nuvens se formando no céu. Durante o caminho, só pensava em como ainda era doloroso ir para a casa de Thomas sabendo que não usufruiria de sua presença ao chegar lá. Ainda era doloroso passar na frente da sorveteria que ele amava frequentar, ou da loja de jogos que ele ia com frequência comprar algum jogo novo. Poderia se passar anos, mas tudo me fazia lembrar dele.

Quem me recepcionou abrindo a porta da casa, fora a irmãzinha do Thomas de seis anos. Luiza abriu um sorrisão quando me viu, passando seus pequenos bracinhos ao redor da minha cintura em um abraço apertado. Uma tiara de flor enfeitava seu cabelo ondulado que caiam em cachos perfeitos sobre seu vestido rosa.

- Mamãe é a Jade! – gritou ela.

Tia Sônia - como me referia a mãe de Thomas - virou o corredor com um pano de prato em uma das mãos e na outra uma colher de pau. Ela trazia consigo uma aparência muito maternal, que lembravam as mães de algum comercial de margarina. Seu cabelo castanho-escuro lembrava muito os cachos do cabelo do Thomas.

- Querida que bom que você chegou, a lasanha está saindo do forno agora, entre! – ela me deu um abraço apertado e fechou a porta atrás de mim.

A casa do Thomas tinha um agradável cheiro de lavanda e comida caseira, o que deixava o ambiente muito aconchegante.

A parede do corredor que dava acesso a cozinha, era enfeitada com alguns quadros de fotos. Uma delas causou um aperto em meu coração. Uma foto de uma viagem a praia, onde eu estava presente. Na foto eu, Thomas, Luiza e tia Sônia sorriamos descontraídos diante da imensidão azul do mar. A recordação me causara ânsia e uma leve tontura fizera com que eu cambaleasse.

Querido ThomasOnde histórias criam vida. Descubra agora