Capítulo 16

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De: Jade <Jade_jade@mail.com>

Para: Thomas <euthomas@mail.com>

Enviada: 06 de julho, 8:00

Assunto: Sem palavras

Querido Thomas,

Que semana difícil...

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Queria poder ter palavras para explicar como foi essa semana, depois do meu desmaio no escritório e do vídeo da câmera de segurança.

Eu não contara a Theo sobre o ocorrido e nem sobre o caso reaberto de Thomas, mas consequentemente ele soube por Leonardo no mesmo dia. O que o deixara furioso, causando nossa primeira DR.

- Por que não me contou que desmaiou? – Theo entrou em meu apartamento pisando firme no chão. – Você acha que eu não iria descobrir?

- Theo...

- E por que não me falou que o caso do Thomas foi reaberto? – Ele andava de um lado para o outro com as mãos na cintura – Jade eu quero te ajudar, mas você dificulta tudo.

- Eu sei, me desculpa – Meus olhos encheram de lágrimas, mas suspirei fundo para não chorar em sua frente.

- Porra, Jade. Você sabe que eu quero te ajudar mas você esconde as coisas de mim, como posso confiar em você assim?

- Você...não confia em mim? – Minha voz demonstrava a decepção que eu estava sentindo.

- Jade, confiança não é compartilhar senhas das redes sociais, mostrar conversas ou tentar manter a pessoa sob o seu controle. Confiança é poder deitar em paz sabendo que a pessoa que você ama sempre vai ser sincero com você.

Deixei que as palavras dele pairassem no ar por alguns segundos, enquanto eu digeria cada palavra dita por ele. "A pessoa que você ama" Foi o que ele falara.

Será que ele se referia a mim? Será que ele...me amava? Senti que não era o momento certo para perguntar. Talvez outra hora.

- Theo isso é uma questão que você não pode resolver. Deixa que eu resolvo sozinha.

- Não posso resolver, mas posso te ajudar. Você não precisa passar por isso sozinha. – Ele abaixara a voz, falando agora em tom sereno.

- Por favor Theo, não dificulta as coisas...

- Me deixa te ajudar. – Theo se aproximou de mim, puxando-me pelas mãos para próximo dele. Seus braços me envolveram em um abraço e nossa primeira DR fora finalizada com um beijo.

Depois disso, Theo tivera que voltar para sua casa para resolver algumas pendências do trabalho de seu pai. Aproveitei o momento sozinha para curtir a escuridão que me abraçara esta semana. Três dias sem comer, três dias sem tomar banho, três dias indo do estágio direto para debaixo dos lençóis da minha cama. Chamei esses dias de: Terça, Quarta e Quinta: a trindade da depressão.

Não sentira essa sensação desde o fatídico dia da morte de Thomas. Por um momento, achei que finalmente havia me livrado deste sentimento. Mas agora ali estava eu, parada diante do espelho com uma aparência deplorável. Meus olhos estavam fundos, meu cabelo implorava por uma lavagem profunda e nem vou comentar sobre meu cheiro. Não sabia como as pessoas do escritório não haviam percebido meu estado. De duas coisas, uma era certa: ou eles realmente não haviam percebido ou eles eram muito educados para não comentar sobre. Ou somente todos estavam me evitando no escritório para não acabar contando alguma novidade do caso do Thomas, já que Leonardo proibira a todos de comentar qualquer coisa para mim. Segundo ele, eu só participaria do caso como ex-namorada da vítima, ou seja, quando houvesse alguma reunião juntamente com tia Sônia. No começo fiquei frustrada, mas depois percebi que seria melhor assim.

Querido ThomasOnde histórias criam vida. Descubra agora