Limite

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O corpo de Prestoriano Paradoxo havia chegado ao seu limite. E não era à toa: ele usara a Melodia Espiritual para incorporar um poderoso Espírito Guardião, o qual tinha feito uso de seu corpo para lutar com dentes e garras contra um oponente de poder formidável.

''O seu corpo é forte, rapaz, mas ainda não aguenta se mover em tamanha velocidade nem receber o choque dos impactos desta luta'', dissera-lhe o Espírito Fatefliysttonne, antes que a  transformação fosse desfeita diante do enorme adversário.

Prestoriano pousou, arquejando, o cabelo dourado se arrepiando para os lados. Era duro admitir, mas se encontrava em frangalhos e mal conseguia se manter em pé. Assim como a sua longa vestimenta verde, a faixa prateada em volta do peito via-se toda chamuscada. 

Enquanto observavam a máscara de coruja do Herói Arcano, a única coisa que continuava intacta, o adversário se reaproximou, as mãos cerradas em punhos de chamas escuras, chamas que carregavam a essência das trevas.

— O que aconteceu? Para onde foi aquela transformação cheia de energia? Neste ritmo, você morrerá aqui — zombou Larvano, um brutamontes cujo corpo bombado fervia vigorosamente com a lava dos vulcões — sem sequer conseguir salvar a princesinha.

Escondido atrás de uma rocha, o Duende Cinza ria maliciosamente.

— Finalmente, depois de todos esses anos, eu vou vê-lo morrer — disse o Duende Cinzento. — Que ele tenha uma morte lenta e agoniada.

Atrás do anão, os homens de terno mantinham a menina de 10 anos como refém. Ela usava um vestido branco como o leite com cardigã prateado por cima.

— Dá pra acreditar nisso? Aquele sujeito já agiu diante de vários figurões do submundo como se fosse o rei da cocada preta — contou o anão aos homens. — Mas hoje vai ter o que merece.

— Do que aquilo é feito? — perguntou um assaltante sombrio.

Um bandido observou com curiosidade a máscara da coruja, antes de responder:

— Agora que você perguntou... As roupas dele estão acabadas, mas a máscara parece intacta.

— Relaxa, homem — disse um companheiro de terno. — Daqui à pouquinho vamos ver a cara dele.

— Você me deu tanto trabalho. Mas parece que aquela transformação foi demais para o seu corpo — falou o brutamontes, diminuindo a distância que o separava de Prestoriano. Onde quer que ele pisasse com as suas botas metálicas, o chão amassava e tornava-se chamuscado. — Imagino o cansaço, e a dor e fadiga que você está sentindo agora.

Kyle continuava assistindo à tudo com os Olhos da Consciência.

''Prestoriano...'', pensou Kyle. ''Vejo que está com problemas.''

Os passos do Vilão Arcano martelavam o piso conforme uma energia superaquecida transbordava de seu corpo.

— Eu estava pensando em esmagá-lo ou fazê-lo sofrer uma morte cheia de agonia. Mas acho que isso não importa mais para mim — Larvano deu de ombros, e então encaminhou uma mão para detrás de suas costas, de onde puxou uma adaga flamejante. — Você me deu uma luta bem interessante. O mínimo que posso fazer por você... é concedê-lo uma morte digna de guerreiro para guerreiro. Fique quietinho aí e me deixe poupá-lo de sua miséria.

Steve Holtters - A Patrulha do Alvorecer da Ordem dos FalcõesOnde histórias criam vida. Descubra agora