O desaparecimento de Rayo

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MULHER DESAPARECE NO DIA DO SEU ANIVERSÁRIO

"Em 1 de janeiro de 2018, a enfermeira Rayonara de Castro foi vista pela última vez. Após a festa de Réveillon, ela e seus amigos foram para um bar perto do hotel em que estavam hospedados para a comemoração, tanto do Ano Novo, quanto para o aniversário de 32 anos de Rayonara . Letícia, uma amiga próxima que preferiu voltar para a Praia do Farol antes dos outros, conta que viu Rayonara passar na garupa de um homem. Infelizmente, a amiga não conseguiu ver o rosto do homem, mesmo ele estando sem capacete. A única característica que assimilou foi que ele é loiro, embora não tenha certeza.

Desesperados, a família oferece uma recompensa em dinheiro para quem souber o paradeiro de Rayonara, que está desaparecida há cinco dias."

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31 de dezembro de 2017

Aquilo era muito estranho. Muito mesmo. Em seus 31 anos, Rayonara nunca pensou que estaria naquela situação. Devia ser por isso que seu corpo paralisou.

Só quando a língua de Caio gentilmente deslizou pelos seus lábios fechados, pedindo passagem, foi que ela entendeu o que estava acontecendo.

Seu melhor amigo, desde a faculdade, estava beijando-a no meio do seu quarto de um hotel cinco estrelas logo após cuspir apressadamente uma confissão.

"Eu sou apaixonado por você desde que te conheço. Me desculpa, Ray" e a beijou. Sem esperá-la absorver o significado do que disse, sem nem ligar para o fato dela estar de olhos bem abertos, sem se mexer.

Raynara se afastou dele, nem o empurrou para longe, não querendo tocá-lo no momento. Mas pareceu o oposto quando ele abriu os olhos e a olhou com dor da rejeição.

— Desculpa, mas eu não... — Limpou a garganta, tentando encontrar palavras gentis. Abaixou a cabeça, preferindo ver o piso polido do que a expressão desolada do amigo. — Desculpa.

Ouviu a respiração dele falhar e então, um suspirar trêmulo.

— Desculpa por te beijar.

Ela apenas assentiu com a cabeça.

— Não quero que o clima fique estranho entre a gente.

Só então ela ergueu a cabeça para encará-lo. Ela não era mais uma adolescente, nem ele, eram adultos.

— Não vai — garantiu, não acreditando que ficaria, pelo menos não naquela noite.

Ele abriu um sorriso forçado. Os olhos estavam começando a marejar. Aquilo quebrou o coração dela.

— Vou encontrar os outros para ver se eles estão prontos para irmos — disse, as lágrimas se formando. Ela só conseguiu olhar para ele, a garganta fechada demais para conseguir falar alguma coisa. Antes de sair do quarto, disse: — Está tudo bem, Ray.

Mas não estava.

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1 de janeiro de 2018

Ela oficialmente tinha 32 anos. E oficialmente queria desesperadamente ir embora da praia lotada.

Pedro e Valéria tinham sumido no meio das pessoas, Caio estava mantendo-se afastado dela o máximo que conseguia — naquele momento foi atrás de bebida — e Letícia queria dançar.

— Você está estranha, Ray — reclamou ela, fazendo beicinho. — É seu aniversário e Ano Novo! Temos que nos divertir, não é todo dia que ganhamos uma viagem totalmente de graça!

Rayonara sabia que não era a melhor companhia no momento, porém, não podia fazer muita coisa. Era uma adulta cansada.

— Desculpa, Le, mas eu estou com sono — disse, embora não fosse totalmente verdade. — Vou voltar para o hotel, você pode continuar se divertindo com os outros, quando eles voltarem.

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