A volta de Rebecca

11 5 0
                                    

→ Amélia ←

O calor estava me consumindo desde os pés a cabeça, mesmo estando deitada naquela rede fora de dentro da casa, de nada estava adiantando a constante busca de me resfriar por pelo menos cinco minutos. Era o movimento de Ano Novo na Ilha Amaraldis, que ficava dentro do estado da Bahia, onde minha família sempre vinha para cá nos finais de ano para comemorar as datas dos feriados de dezembro....

Só que daquela vez, minha família não tinha vindo comigo... Há cerca de três meses atrás, todos eles foram mortos em um incêndio na nossa casa, no interior de São Paulo. Pelo que a mídia dizia, foi um incêndio florestal ou algo assim que acabou atingindo a casa enquanto eu estava no trabalho. Lembro-me bem qual foi minha reação ao ver as cinzas deles, misturadas com os restos daquela chácara...

Lágrimas caíam em minhas bochechas como uma cachoeira, meu peito parecia me sufocar com tamanho aperto que sentia em meu coração. Gritava como uma pessoa sem completa sanidade mental enquanto agarrava os braços de Eduardo e Gabriello, meus dois melhores amigos que estavam me acompanhando naquele dia por acaso antes de termos descoberto o que houve.

Passei quase um mês indo em um terapeuta que começou a me receitar alguns medicamentos, para ver se eu ao menos conseguia dormir. Mas, sabia muito bem quem tinha sido o mandante da morte de toda a minha família dizimada.

Era fácil adivinhar quem estava por trás de tudo aquilo, encobrindo pistas e escondendo evidências. Apenas uma das famílias mais conhecidas em mais de dois continentes, que trabalham com negócios obscuros e até mesmo ilegais em todo o Brasil, América Latina e diria que até mesmo na Coréia do Sul: Os Choi.

No “mundo legal” eles eram conhecidos por terem uma espécie de empresa de cosméticos e até mesmo uma produtora de filmes espalhada pelos três países que citei, porém... Os mais espertos sabiam muito bem de onde eles conseguiam todo o dinheiro e conquista: a encomenda de assassinatos. Matavam todo o tipo de gente: inocentes, criminosos e até mesmo pessoas de coma em hospitais.
  
       Aquilo me causava extremos calafrios só de pensar no que eles poderiam ter feito com a minha família. Meu pai era o segurança particular do pai dos Choi, Jim, um dos mais temidos daquela organização. Minha irmã mais velha, foi namorada do filho mais velho deles, o Han, mais conhecido como “assassino silencioso”. Mas, nada se comparava com a mãe, Meghan Lee.

        Meghan tinha se casado com Jim, quando eles ainda eram jovens, acredito que com vinte anos de idade, já estavam esperando por Han nascer. A matriarca era conhecida por ser uma das melhores torturadoras do mundo todo, chegando até a deixar mafiosos com medo dela e nunca encostarem em  um dos seus.

              Han era um dos filhos biológicos do casal, eles tinham adotado mais quatro crianças anos depois: Kimora, Ziang, Dmitri e por último, Rebecca. Não irei falar dos outros três por agora, pois o foco principal hoje era a doce mas astuta e perigosa Rebecca.

      -Amélia, não vai adiantar nada você ficar aí fora! -Ouvi a voz estridente de Eduardo invadir meus ouvidos, ele estava usando um roupão cor-de-rosa levemente aveludado, com uma máscara facial em seu rosto e uma toalha enrolada em seus cabelos, também de cor rosa. Ele era mais alto que eu, chegando a ter 1,80  de altura, seus cabelos eram ondulados (apesar de estarem cobertos na toalha felpuda), sua pele era escura, seus olhos eram cor de mel, que transbordavam diversão e alegria e seus lábios eram bem finos, quase que como uma linha.  -Apenas tome um banho gelado!
           - Não quero ter o trabalho de tirar minhas roupas, para poder colocá-las novamente em meu corpo! Ficar se mexendo muito ajuda o mormaço a nos deixar com mais preguiça nesse calor. -Lhe expliquei, ao que ganhei uma revirada infinita de olhos da sua parte.  -Por que está se arrumando todo hoje? Temos algum evento especial na ilha?

Melhor verão de nossas vidas | Livros de contosOnde histórias criam vida. Descubra agora