Tudo pode mudar em uma noite de verão

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Quando saímos de casa determinados a conquistar um sonho, é esperado que façamos tudo que podemos e que não podemos, para alcançar. É esperado que mergulhamos com toda a paixão e determinação ao ponto de passar anos sem voltar para casa.

Comigo aconteceu exatamente assim, sempre quis ser bióloga marinha. É, consegui.

Mas isso custou minha vida social, ganhei bolsa na USP(Universidade de São Paulo) dediquei todos os meus dias em estudos e trabalho — tinha que me manter.

Você deve está pensando se eu vivia literalmente só, bem, não! Heloísa era minha única e fiel amiga, assim como eu ela foi passar o verão com a família. Falando em família, minha mãe quase surtou quando me viu parada na porta de casa, foram mais de três anos sem vê-los, meu pai que nunca o vi chorar, chorou com minha chegada. Aquilo me fez sentir mal por todos esse tempo longe, São Paulo é bem longe de Fortim(CE). A última vez que os vi foi quando decidiram ir até mim, mas depois não tivemos oportunidades, as coisas complicaram, principalmente financeira.

Minha cidade tem muitas opções de trabalho, e vários dos meus amigos e colegas ainda estão aqui. Mantive o contato com alguns, nas poucas horas que me restavam eu sempre procurava saber como eles estavam e o que andavam fazendo.

Minha escolha de ir para longe não foi nada pessoal, eu amo Pontal de Maceió, na verdade estava com muita saudade daqui, mas ganhei uma bolsa para poder viver meu sonho, não pude deixar essa oportunidade passar.

Depois de matar a saudade de meus pais com muita conversa, resolvi sair um pouco. Já era noite quando saí. A brisa fria da praia atingia meu rosto, o cheiro da maresia era tão…familiar.

Tinha muitas lojas, hamburguerias, pizzarias e bares novos, está tudo bem atual e diferente. Gostei.

Quando estava chegando perto dos bancos que se encontravam na praça, fui atingida por alguém que vinha em um skate, por pouco não fui ao chão.

— Desculpa, pensei que fosse uma miragem — falou o rapaz que não conheço.

Levanto meu rosto e me deparo com um belo corpo bronzeado e musculoso, olhos castanhas claros quase brilhantes me encarava, seu cabelo era loiro.

— Desculpa, quem é…

— Como assim, Alice? — O cara me olha tão confuso quanto eu o olho.

Esses olhos, só conheci uma pessoa com esses olhos, mas ele era um magrelo infantil que não levava nada a sério, sem falar que era o menino mais irritante que eu já tinha conhecido em minha vida.

— Não é porque você passou uns anos sem andar aqui que você perdeu a memória.

É, é o mesmo cara.

— Gael!

Minha voz saiu totalmente surpresa por ser mesmo o Gael que infernizava a minha vida no passado. Ele está tão diferente, tão…bonito.

— Ao seu dispor — ele sorriu, puta merda, seus dentes quase refletiram a luz do poste de tão brancos. — Sério que você não me reconheceu, Alice?

Fecho minha boca que agora estava seca só de encarar Gael.

— Não, você mudou — digo por fim.

— Você também, e mesmo assim ainda te reconheci — confessa.

Eu só mudei o cabelo, que eram pretos e agora estavam em um tom mais castanho, algumas mechas na verdade, como se fosse um moreno iluminado.

— E como você está? Os outros, estão por aqui? — Perguntei.

— Sophia não sabe que está aqui? — se refere a minha melhor amiga de infância.

— Não, ninguém sabe.

Melhor verão de nossas vidas | Livros de contosOnde histórias criam vida. Descubra agora