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Eliot era um idiota, mas nem sempre foi assim. Ele costumava ser um "bom" garoto, pelo menos era assim que as pessoas se referiam à ele. Sempre tive minhas próprias convicções e se tem algo que tenho certeza é de que ninguém é capaz de ser tão bom assim. É apenas teatro, existem consequências para cada ação e isso impede que as pessoas mostrem a sua face real, só que a verdade sempre vem à tona.

e hoje Eliot foi um babaca, assim como ontem, assim como ele têm sido nos últimos anos. O problema é que ele finge bem e infelizmente eu caí nessa. A beleza pode ser um ponto forte, mas quem moraria em uma casa lotada de sapos só por ter uma boa aparência ao lado de fora?

Hoje é sexta-feira, uma da manhã e eu estou derramando feito um rio por alguém que eu sei que não me merece, a pior parte é que eu sempre soube. Não quero colocar Eliot como o vilão da história, mas para um relacionamento dar certo é preciso esforço dos dois lados. Cá entre nós eu estava sozinha na gangorra.

Senti meu corpo colidir com alguém e acabei por cair com as mãos no chão. A irritação que eu sentia só cresceu mais e algo me dizia que eu não deveria ter saído de casa hoje. - Me desculpa, eu estava distraída. - Falei sem ver em quem bati e levei as mãos ao rosto, secando os resquícios de lágrimas que restaram ali.

- Tudo bem, eu estava olhando para o celular. - Ergui meu rosto finalmente vendo a pessoa à minha frente. Um homem, aparentemente tinha a minha idade, mas suas roupas me fizeram pensar diferente disso. - Vamos, deixe-me ajudar você. - Ele estende a mão e não demoro muito para segura-lá.

- Você está bem? espero que não tenha se machucado. - Perguntei com uma falsa preocupação que era tão óbvia pra mim quanto pra ele. Ao menos era o que eu esperava.

- Sim, a única que não parece bem aqui é você... alguém te fez chorar? - O homem misterioso me perguntou e presumi que estava estampado no meu rosto que eu havia chorado há poucos minutos.

- Sabemos que isso não importa de verdade.  - Falei com certa grosseira. Não que ele merecesse, mas eu não estava com energia o suficiente para fingir ser amigável.

- Tem razão, não me importo mesmo. - Respondeu colocando as mãos no bolso da calça. Virei a esquerda em uma tentava de cair fora, mas ele me impediu entrando na minha frente. - Você não respondeu minha pergunta.

Enguli em seco e encarei o homem à minha frente. - Por que eu contaria os meus problemas pra você? eu nem te conheço.

- Não acha mais simples assim? não te conheço, nem ao menos sei o seu nome. Você não vai precisar se importar com o que eu vou pensar. É pegar ou largar. - Ele diz olhando fixamente para mim. Intimidante, eu diria.

a ideia não parece tão ruim no primeiro segundo que sai da sua boca. Ele estava certo, não nos conhecíamos, não existia uma opinião formada sobre mim. Isso parecia fácil.

- Provavelmente nunca mais vou te ver, me parece conveniente. Mas e se você me matar? ainda não me decidi se quero morrer agora.

- Eu te garanto que se eu quisesse te matar, você já estaria morta. - Ele diz deixando um sorriso de escanteio escapar e vira de costas pra mim, insinuando sua partida.

Droga! essa provavelmente seria a decisão mais idiota do meu dia, se não fosse a minha ideia de sair de casa.

- Espera! - Falei um pouco alto e me aproximei dele. - Pra onde você vai?

- Sei um lugar perfeito pra desabar, você vem?

[...]

- Um bar com fliperamas? a sua ideia de lugar perfeito para desabar é bem diferente da minha. - Comentei rindo. O lugar era reconfortante, acredito que essas máquinas de jogos estavam ali desde a idade da pedra, fazia um bom tempo que não via uma dessas.

OBSESSIVE - VINNIE HACKEROnde histórias criam vida. Descubra agora