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Acordei desnorteada, ainda estou no escritório de Vinnie, especificamente no sofá. As lembranças da noite passada invadem minha mente e sinto minhas bochechas esquentaram, só o álcool pra me fazer criar coragem e falar coisas como aquelas.

Levanto do sofá percebendo que estou usando uma blusa que com certeza não é minha. Vinnie me deixou dormindo sozinha de novo? isso me faz se sentir idiota demais, a raiva já estava começando a se instalar no meu corpo.

Suspiro e ando ao redor do escritório procurando minhas roupas, cada uma espalhada em um lugar diferente. A porta se abre, me assusto achando que alguém me veria sem roupa, mas é só Vinnie.

- Você acordou, bom dia. - Ele diz com aquela cara de sonso. Pego uma almofada do sofá e jogo nele. - Qual foi? - Diz ele sem entender nada.

- Pensei que tivesse me deixado sozinha. - Murmuro enquanto visto a roupa da noite passada.

- Não deixei, só fui procurar algo pra você comer. - Levanta uma sacola que eu não tinha percebido antes.

- Desculpa. - Falo desviando o olhar, me sinto um pouco deslocada depois do que aconteceu.

- Você tá horrorosa, deveria tomar um banho. - Ele me insulta e com isso recebe mais uma almofada na cara.

- Porra! acordou agressiva. - Vinnie reclama me fazendo rir, sei que estou sendo um pouco dura, mas talvez seja só uma forma de me proteger. Não sei se algo vai mudar entre nós.

- Vou tomar banho lá em cima. - Me refiro ao seu apartamento e saio de lá antes que ele fale algo.

Tomo um banho um pouco demorado, acabo usando uma escova lacrada que tinha no armário, visto as mesmas roupas e tento secar meu cabelo com a toalha. Como ele tem um cabelo tão lindo sem um secador? o cheiro dos seus produtos estavam em mim, é como se eu fosse ele.

- Morreu aí dentro? - Escuto a voz de Vinnie, ele parece não conseguir ficar um minuto sem pegar no meu pé. Saio do banheiro indo até ele, a mesa cheia de comida faz meu estômago roncar.

- Quanta comida, quantas pessoas vão comer aqui? - Pergunto curiosa, a mesa tem de tudo.

- Só você. - Ele responde sorrindo e eu olho pra ele assustada.

- É muita coisa! você por acaso acha que eu passo fome em casa? - Arqueio uma sobrancelha.

- Confesso que já cheguei a considerar essa hipótese, pelo o pouco que vi você é péssima na cozinha. - Diz ele coçando a nuca.

- Foi só um acidente bobo! Pelo menos eu não saio batendo nos outros. - Argumento e me sento na cadeira pegando minhas comidas favoritas e colocando-as no prato.

- Você bate em mim. - Ele se senta ao meu lado roubando um pedaço do meu croissant, lanço um olhar mortal em sua direção.

- Você é uma exceção. - Dou uma mordida satisfatória no sanduíche, meu estômago pedia por misericórdia. - Seus machucados estão se curando bem.

- Tive uma ótima médica. - Diz e lança uma piscadela pra mim. - Parece mesmo que você passava fome, coitada... - Fala passando a mão nos meus cabelos. Não consigo mais me irritar com ele, gosto do seu jeito idiota, mas vou continuar fingindo que me irrita.

Me aproximo com rapidez e mordo seu braço com certa força, ele me puxa pelos cabelos me afastando. - Sim, sou morta de fome. - Digo e ele me olha abismado tentando entender o que fiz, isso me faz dar uma gargalhada genuína.

- Você é louca! - Não consigo parar de rir, consequentemente acabo me engasgando, o ar parece ter sido impedido de sair. Dou várias tossidas tentando me recuperar. - Caralho! - Vinnie diz assustado e bate nas minhas costas, por Deus, ao invés de me ajudar ele vai acabar me matando.

Finalmente consigo voltar ao normal, o loiro me olhava como se eu tivesse tido um derrame na frente dele. - Devolveu a mordida que te dei com o tapa nas costas, é? - Pergunto e me levanto, perdi a fome depois desse desastre.

- Não. Só tava tentando ajudar, ingrata.

- Eu sei. - Dou um selinho demorado nele, ultimamente tenho agido muito por impulso. Fico olhando pra ele esperando qualquer esboço de reação.

- Vai faltar a aula hoje? - É o que sai da sua boca, mas em compensação sua mão vai até meu cabelo e coloca ele atrás da orelha.

- Não, eu já fiz isso ontem. - Olho para o relógio de parede, se eu não for pra casa agora provavelmente chegarei atrasada. - Merda... preciso ir. - Começo a andar, mas ele me puxa pelo braço.

- Calma. - Ele diz me olhando, então segura meu rosto e acaba com a distância entre nossos lábios. Pensei que ele não faria isso, que tudo ficaria estranho, mas talvez isso não aconteça.  Sua língua quente encontra a minha aprofundando o beijo, isso me faz ir ao céu e voltar.

Me afasto dele pois sei que se continuar com isso não vou conseguir parar. - Tchau, Vinnie. - Digo por fim e vou embora com o coração à mil.

[...]

Números, números e mais números, o que se passava na minha cabeça quando decidi fazer essa faculdade? me sinto a garota mais  burra do mundo mesmo sabendo que não sou, obrigada universidade!

Saio revirando os olhos da aula de estatística, vou precisar revisar a maior parte dos assuntos ou eu vou me dar muito mal.

Enquanto eu passava no corredor alguém chegou por trás e me puxou pra dentro de uma sala escura, meu coração quase pula pra fora do peito. A luz da salinha se acende e finalmente posso ver o rosto de quem me trouxe pra cá.

- Cacete! - Exclamo ao ver a situação que Eliot se encontra, o nariz dele com certeza foi quebrado. Seu rosto parece ter sido amassado por 4 elefantes, mas não elefantes quaisquer, 4 elefantes grávidas. - Você tá bem?! - Faço a pergunta mais idiota do dia.

- Eu vou matar ele! - Ele diz irritado e dá um soco na parede do meu lado.

- Matar quem? - Me faço de idiota, sei que ele se refere à Vinnie.

- Você sabe muito bem. - Diz com os olhos cheio de ódio, isso tava me assustando. - Cassie, acho melhor você ficar longe daquele filho da puta. Não quero te meter nisso, eu sei o que ele quer com você.

- E o que ele quer? - Pergunto irritada, quem ele pensa que é pra dizer com quem eu devo andar?

- Comer você! ele só quer isso e você sabe, eu não vou deixar isso acontecer. - Responde apontando o dedo na minha cara, mal sabe ele que isso já aconteceu. - Mas não se preocupe, vou fazer aquele desgraçado engasgar com a própria língua.

- Para de ser idiota, Eliot. - Empurro sua mão pra longe de mim. - Ele vai te quebrar mais ainda, você tá cavando a própria cova.

- É isso o que a gente vai ver. - O moreno diz e beija minha bochecha antes de ir. Nunca vi esse lado dele, parece alguém que eu nunca conheci. Não sei se ele realmente vai cumprir suas palavras e também não sei se devo falar pra Vinnie, tenho medo que isso só piore as coisas.

OBSESSIVE - VINNIE HACKEROnde histórias criam vida. Descubra agora