018

18.5K 1.8K 954
                                    

BLASE LEBLANC

Tento segurar uma parte do berço enquanto pego outra, acabo me desequilibrando para trás, deixando as duas peças caírem no chão. Bufo, como é difícil montar um berço, meu pai falou que iria me ajudar, mas simplesmente sumiu após tirarmos a cama de bebê do sótão. O clima está péssimo aqui em casa, minha mãe parece que está a um passo de me estrangular, Chipre além de não trocar uma palavra comigo, ignora minha presença, Emma sempre faz cara feia ao me ver. Pelo menos papai não se juntou no time "todas contra Blase", lembro vagamente de ter assistido um filme com esse nome, mas invés de Blase, era John, com Kate, quando éramos adolescentes espinhentos.

Observo o que tenho até agora montado: nada. Conseguir montar um berço é bem mais difícil do que administrar um resort, por Deus como gostaria de estar agora dentro da minha sala, com minhas inúmeras papeladas. Quando Chipre se mudou para cá, decidimos que o quarto em frente ao meu, seria o do bebê, não mudei os planos, mesmo que estejamos brigados. Por mais que ela tenha aceitado voltar a morar aqui, não fui perdoado e nem esperava isso, porque conheço Woods e sei que a magoei muito. Se pudesse voltar no tempo, com certeza faria tudo diferente, como não posso, arco agora com as consequências dos meus atos.

- Acho que o berço está dando uma surra em você - meu pai comenta na porta, reviro meus olhos e encaro Marc, que está com uma caixinha de cerveja na mão.

- Como você montou isso? - indago chocado.

- Eu contratei uma equipe - ele admite, entrando no quarto - estou ansioso para ver esse quarto pronto.

Mamãe e Chipre foram em um arquiteto para planejar o quarto, claro que podia deixar o berço para a equipe dele montar, mas quero participar em alguma coisa. A verdade que desde que tudo aconteceu, minha cabeça parece um coquetel molotov prestes a explodir, não consigo pensar em nada com clareza e vivo distraído no escritório. Queria resolver as coisas rapidamente, queria que tudo voltasse a ser como era antes, até antes mesmo do banho com Chipre.

- Descansa um pouco filho e depois assiste alguns vídeo no YouTube sobre como montar um berço - papai fala se sentando no chão, abrindo a caixinha de cerveja e esticando uma para mim - como você está?

- Péssimo - admito franco, pego a garrafa e levo até meus lábios - eu faço tudo errado.

- Tenho que concordar com isso - arqueio minhas sobrancelhas, sem acreditar no que meu pai falou - não vou passar a mão em sua cabeça, você cometeu um erro inadmissível.

- Valeu pela força - ironizo e Marc sorri, dando um gole em sua cerveja - e foi apenas um beijo.

- Mas mesmo assim foi um beijo - ele afirma o que eu sei, não interessa o que tenha sido, cometi uma traição da mesma forma.

Ficamos lado a lado, o quarto que antes era de visitas foi desmontado por completo, tendo apenas as partes do berço, eu, papai e uma caixa de cerveja. Um silêncio se instala pelo local, meu pai é um homem muito sábio, sempre tive ele como minha referência de pessoa, tanto nos negócios como em caráter. Espero que meu filho também me tenha como exemplo.

- Como você resolve as coisas com a mamãe quando brigam? - peço, tenho muito o que aprender sobre a vida em um relacionamento.

- Eu nunca trai sua mãe para estarmos brigados igual você e Chipre - ele joga na minha cara e levanto as mãos para cima - sinceramente, a única vez que brigamos sério foi no dia seguinte ao contrato do casamento seu com a Willow.

Uma troca de favores Onde histórias criam vida. Descubra agora