BLASE LEBLANC
Tiro o uísque de dentro da última gaveta da minha escrivaninha, o coloco em cima da mesa e volto para pegar dois copos baixos. Isaac está sentado na minha frente, ainda assimilando que Willow Ludwig está novamente respirando o mesmo ar que nós. Conhecendo a ruiva como conheço, sei que ela irá aprontar algo no baile e temo que isso possa fazer mal para Chipre, ela não pode de jeito nenhum passar por estresse ou medo nesse penúltimo mês de gravidez. O baile de outono em minha visão fecharia a gestação da minha mulher perfeitamente, pois estou organizando uma surpresa que ela irá amar.
- Ela não podia ficar a vida inteira na França? - indago derramando o líquido no copo - ninguém quer Willow aqui.
- Bale, nem sei como te ajudar - o moreno murmura pegando seu copo - só proteja bem a Chipre.
- Coloquei um guarda costa atrás dela - informo, pode ser que seja muito exagero, mas qualquer descuido pode custar a vida do nosso filho - papai sugeriu irmos para Miami até o Biez nascer.
- É uma boa ideia - meu amigo concorda, suspirando - Chipre concordou?
- Não, ela falou que quer ter nosso filho aqui - e no fundo eu também quero - era lógico que algo iria acontecer para estragar minha felicidade.
Jogo todo o líquido de uma vez só, sentindo minha garganta arder com a queimação do álcool. Isaac voltou no início da semana, mas só hoje conseguimos conversar, ele precisava resolver suas coisas e eu tinha que garantir que minha mulher e nosso filho estariam bem. Ainda não tive o desprazer de reencontrar minha antiga noiva e espero não vê-la nunca mais.
- Mas enfim, como foi sua lua de mel? - pergunto mudando de assunto, para algo bem mais feliz.
- Espetacular, queria passar minha vida inteira lá - ele confessa, mordendo de leve seu lábio - não foi só por conta dos sexos maravilhosos, mas porque lá não existia câncer nem data de morte, só era nós dois, um casal apaixonado.
- Isaac ... - minha voz vai morrendo conforme digo seu nome.
- É uma merda, Bale - o moreno lamenta, colocando mais um pouco da bebida no copo - eu posso perdê-la a qualquer momento.
Como amigo, já estou em pedaços por Kate, então não consigo nem imaginar como Isaac está se sentindo, porque é a esposa dele, o amor da vida dele. Saio do meu lugar e vou até meu amigo, dando um abraço apertado nele. Isaac sempre me ajudou em tudo, agora é minha vez de ajudá-lo.
- Eu só queria ter mais tempo com ela - meu amigo confessa, deixando lágrimas escaparem por seus olhos - queria ter filhos com Kate, nós sempre sonhamos com isso.
- É injusto que eu tenha um filho com quem amo e vocês dois, que passaram a vida inteira se amando, não tenham - comento dando uma leve batida em seu ombro - queria poder conseguir mudar as coisas.
- Eu também gostaria - ele murmura limpando suas lágrimas - se pudesse, dava minha vida para ela, para que Kate pudesse viver mais tempo.
- Eu sei, irmão - sento ao seu lado, pegando sua mão - mas pode ser que as coisas mudem e ela fique saudável.
Ele não fala nada, pois nós dois sabemos que é mentira e que só por um milagre divino Kate se recuperaria. Não conversamos por um longo tempo, ficamos apenas bebendo, apenas compartilhando a presença um do outro. Penso como é estranho estar aqui, noivo e pai, ao lado do meu melhor amigo, agora casado, pois era ontem que estávamos saindo da adolescência e indo para a universidade. Tudo mudou, alguns aspectos para melhor e outros para piores, mas toda nossa realidade perfeito desmoronou.
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Uma troca de favores
RomanceBlase LeBlanc não tem mais tempo, seu casamento arranjado já está com uma data marcada e a cada dia que passa, ele sabe que sua liberdade está perto do fim. Já Chipre Woods tem sete meses de espera, grávida de dois meses, ela está sozinha no mundo d...