Hurt | Parte 5

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No dia seguinte, acordei com uma dor de cabeça irritante e desbloqueei meu celular que magicamente estava há alguns centímetros da minha mão.

Eu sabia que o nome daquela mágica era Taehyung.

Tive a visão dolorosa da última mensagem enviada por Jungkook e logo em seguida reparei que eu estava atrasado para o trabalho, não tendo tempo de me lamentar pela minha realidade.

Me levantei correndo e senti uma tontura quando me pus de pé, caindo na cama em seguida, logo quando Taehyung entrou no quarto com uma bandeja.

- Ei ei, ta tudo bem? - ele se apressou, apesar de não conseguir me segurar a tempo, se inclinando em minha direção. - está sentindo alguma coisa?

- Tenho um coração partido e uma ressaca infernal, mas de resto estou ótimo - repliquei tirando uma risada do meu amigo.

- Nunca te vi melhor, Chim - ele estendeu uma torrada pra mim e um copo de suco.

- Você vai me deixar mal acostumado com essas coisas, café na cama? Pelo amor de deus! - exclamei.

- Você pode me pagar em roupas novas da Gucci - Taehyung piscou pra mim.

Quem ele pensa que eu era? Eu teria que deixar de pagar meu aluguel para dar a ele um presente da Gucci.

- Vai sonhando - respondi com uma risada sincera.

- Quer carona? - Taehyung perguntou, se levantando.

O que me trouxe a lembrança de que eu trabalhava com meu pesadelo. Um Jeon Jungkook de terno.

- Vou querer, sim! - falei, espantando os pensamentos da minha cabeça e me dirigindo ao chuveiro de Taehyung, que eu já conhecia como ninguém.

No carro senti um clima estranho, um silêncio desconfortável, algo que raramente acontecia entre nós. Meus pensamentos foram quebrados quando Taehyung pigarreou.

- Então... Gostou de ontem? Deu pra espairecer ou você não lembra de nada? - ele perguntou, uma pergunta seguida da outra, me deixando um pouco espantado, até que entendi.

Ele queria saber se eu lembrava do beijo.

Notando como aquela situação trazia desconforto a Taehyung, respondi sucinto.

- Foi bom, mas não lembro de muita coisa - concluí com um sorriso falso.

Taehyung instantâneamente suavizou sua expressão e pareceu maltratar menos o volante.

- Que bom que você gostou, Jimin - ele replicou - mas na próxima não vamos beber tanto.

- Fale por você - concluí, identificando que estávamos na porta do meu trabalho - até logo, Taetae.

Ele sorriu com o apelido mas sua pele tornou-se rubra quando depositei um beijo em sua bochecha.

O que estava acontecendo?

Me vi mais uma vez preso a um elevador que me levaria até um lugar onde Jungkook estava e a ansiedade, um pouco semelhante a do dia anterior mas menos intensa, começou a me tomar.

Ao chegar ao andar do meu trabalho, reparei que Jungkook não estava em sua sala privada como de habitual. Já que as paredes eram de vidro.

Senti vontade de questionar seu time sobre isso. Jungkook era a pessoa que morava mais perto dali e era absurdamente pontual, costumava ser o primeiro a chegar e agora, todos estavam ali, menos ele.

Me dirigi a seu assistente, passando por cima de todo meu orgulho, mas quando abri a boca, ouvi o elevador chegar novamente ao andar.

Era ele, mas não parecia ele.

Jeon Jungkook tinha um dos lados de seu blazer amassado, bolsas enormes abaixo dos olhos, e seu rabo de cavalo estava totalmente desalinhado.

Passou rapidamente pela porta, ouvindo um "Bom dia, chefe!" de seu assistente quando passou por mim.

Me encarou por dois segundos e depois murmurou um "bom dia pra quem, Jin?". Ao chegar em sua sala, bateu a porta mais forte do que deveria ser batida uma porta de vidro, fazendo mais pessoas repararem em seu comportamento atípico.

- Rapaz... Você quebrou ele. -  foi a voz de Jin, seu assistente, que me tirou do transe em que eu me encontrava.

- Eu quebrei ele? - exclamei, ainda que baixo para que o resto da empresa inteira não soubesse de nosso caso. Bom, ex-caso. - ele que não tem maturidade para assumir um relacionamento!

Jin me encarou por um bom tempo.

- Ele disse que não quer um relacionamento? - Jin perguntou, confuso.

- Bom, não com essas palavras. - eu gesticulei, aflito - mas ele sabe que é isso que nos impede de ficar juntos.

Jin abriu a boca mas se impediu de emitir sons e fitou o chão. Ele certamente estava me escondendo alguma coisa.

- Não sou eu a pessoa que deve te falar, só... Considere que as coisas podem não ser o que você está pensando, ok? - Jin falou, contido, como se estivesse cometendo um crime.

- O que quer dizer? - perguntei, curioso.

- Não posso falar mais que isso, Jimin, desculpe. Ele é meu chefe, mas também é meu amigo. - Jin desabafou.

- Uhm... tudo bem então. - respondi, ainda tomado pela curiosidade.

Então, não era isso? O que era?

Eu não entendia mais nada que estava acontecendo na minha vida.

Encarei um Jungkook cansado massagear suas têmporas por longos minutos até que Jin me indicou que as pessoas estavam "percebendo". O que me fez voltar pra minha sala.

Ao entrar me deparei com flores, sentindo o cheiro agradável e avaliando a composição, reparei na presença de um cartão entre elas.

"Eu realmente sinto sua falta.
JJ"

Tornei meu rosto na direção da sala de Jungkook, que me encarava com uma expressão dolorosa em seu rosto, enquanto eu a analisava as flores.

Céus, por que ele está fazendo isso comigo?

Hurt | pjm + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora